Chevrolet Chevette DL tinha espaço de Fiat Mobi e marcou fim da linha do hatch
Em 1982 era apresentada a linha 1983 em uma grande reformulação da linha Chevette, presente no Brasil desde 1973. O modelo ganharia linhas mais modernas e equiparadas ao moderno GM Monza, modelo médio da marca no Brasil.
Com sua frente em cunha e faróis retangulares, o modelo estava alinhado com os demais produtos da marca, e ficava realmente moderno. Nesta época, o Chevette tinha, além do motor 1.4, o motor 1.6, com 78 cv SAE (66 cv ABNT) a 5.800 rpm, 12,4 kgfm de torque a 3.600 rpm, que fazia de 0 a 100 km/h em 17,64 segundos e com velocidade máxima de 149 km/h.
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Em meados de 1983 foi apresentado o pick-up Chevy 500, com capacidade de carga de 500kg e tração traseira. Fez muito sucesso para que o usava em terrenos difíceis, e ainda é visto rodando (e sempre a trabalho) pelo interior do país. A partir de 1984, o motor 1.4 saia de cena, permanecendo apenas a versão 1.6.
Reprodução/Chevrolet
Em março de 1985 era apresentada a linha 86 do Chevette, onde o sedan, hatch, pick-up e wagon ganhavam conforto de carro médio com a opção de transmissão Automática de 3 velocidades. Naquele tempo, câmbio automático era privilégio de carros grandes e médios, como Ford Del Rey, GM Monza, VW Santana ou o já descontinuado Chrysler Dodge Polara.
Em 1986, chegava também o ar-condicionado com opcional, que ao contrário do GM Monza, não era embutido no painel. Usava peças importadas dos Estados Unidos e Japão, o que justificava seu preço alto. A vantagem é que este opcional era oferecido pelos concessionários a automóveis novos e usados, possibilitando a quem tivesse um modelo da linha Chevette sua instalação com peças genuínas.
Em 1987, o modelo sofria um novo facelift e ganhava as feições que o acompanharam até o fim de sua produção, em 1993. Agora, seus para-choques eram envolventes, em plástico injetado, além de novos retrovisores, grade saliente, e lanternas traseiras maiores.
Divulgação/Chevrolet
O interior também era reformulado, com novos bancos, mais anatômicos e com encosto de cabeça individual (contrária a tendência de hoje, 2025), além de um novo painel para a versão SE, com iluminação indireta e instrumentos retangulares, com forte inspiração na instrumentação da linha Opala. Este painel tinha relógio digital, luzes de advertência para indicação de consumo, luzes espia, marcadores de temperatura do motor, nível de combustível, além de odômetro parcial e total até 99.999,9 km. A versão SL mantinha o painel de instrumentos antigo, o mesmo desde o lançamento.
Se o modelo não tivesse câmbio automático, apresentava um defeito para os fumantes: era quase impossível manusear o cinzeiro com a quinta marcha engatada. A ergonomia não era seu forte, sua direção era levemente deslocada à esquerda, além dos pedais também deslocados, e o espaço interno traseiro era ínfimo – caso o motorista medisse mais de 1,80, ninguém conseguia sentar-se atrás. Parecia o Fiat Mobi, e pudera, o entre eixos era muito parecido (2,39 m x 2,30 para o Fiat).
A versão hatch detinha o título de carro mais barato do Brasil, custando em abril de 1987 Cz$ 157.974,73 na versão básica, ou R$ 89.617,80 em conversão direta, resultado da Correção pelo IPCA (IBGE) de março de 2025, e agradava seu público pelo nível de acabamento, estabilidade, freios progressivos e direção leve. O que incomodava era o eixo rígido da suspensão traseira, desempenho tanto nas respostas quanto nas retomadas de velocidade e no nível de ruído. Pouco tempo depois a versão hatch saiu de linha, no mesmo ano.
Divulgação/Chevrolet
Em 1988, a linha Chevette ganhou um novo motor, o 1.6/S, agora com carburação de corpo-duplo, e a versão SE passava a se chamar SL/E. Mantinha o painel de instrumentos e opcionais da antiga versão, e ganhava novas rodas opcionais, similares às do Opala Comodoro em linha, apelidadas de rodas “ralinho”
Agora o motor 1.6 trazia Seus pistões e pintos reprojetados, além das bielas mais leves, o suficiente para deixar a aceleração mais rápida. A versão a etanol tinha 81 cv ABNT a 5.200 rpm, 12,8 kgfm de torque a 3.200 rpm, e fazia de 0 a 100 km/h em 13,09 segundos, com velocidade máxima de 157 km/h. A versão à gasolina tinha 78 cv a 5.200 rpm, 12,6 kgfm a 3.200 rpm e fazia de 0 a 100 km/h em 14,15 segundos, com velocidade máxima de 152,3 km/h. Parece pouco, e é, mas era ligeiramente mais potente que Ford Escort 1.6 e VW Passat LSE, que ainda usava o antigo motor VW MD-270.
Em 1989 chegava a nova geração, chamada de Kadett (seu nome original do exterior), mas a versão que tínhamos continuava em linha. Em 1990, com a chegada da GM Ipanema, a Marajó se despedia do mercado, e as vendas da linha Chevette entravam em queda-livre.
Divulgação/Chevrolet
Em 1991 as versões SL e SL/E foram unificadas, surgindo a versão DL. O modelo era mais completo que o SL, porém mais simples que o SL/E. Trazia novas cores, borrachões laterais mais largos, molduras nos vidros pretas, novas rodas de alumínio opcionais, além de itens de série como luzes de cortesia, ventilador, velocímetro da linha SLE com relógio digital, volante espumado com a inscrição DL no centro e nova forração interna, com veludo de ótima qualidade nos bancos, forros de porta e forro do teto. Quem tivesse em uma cidade quente, tinha a opção do Ar-condicionado. O câmbio automático não era mais oferecido.
Em 1992, em um ato desesperado para entrar no mercado de populares, a GM lançou a mancha na história da linha Chevette: a versão Junior, um fiasco em desempenho nas ruas e nas vendas. A versão DL continuava em produção, agora com catalisador.
Em 1993, graças a uma nova resolução do governo reduzindo a alíquota de veículos com motor 1.6 boxer e/ou de tração traseira (parece até que alguém foi privilegiado com isso né), os veículos com esses motores passaram a ter a chancela de popular. Com isso, a GM tratou logo de substituir o GM Chevette Junior pelo GM Chevette L, com motor 1.6 e muito mais disposição.
Assim o modelo saia de linha, vendido nas versões DL (descontinuada em meados de 1993) e a versão L, esta com a produção encerrada em 12/11/1993, data em que o Chevette se despedia de vez do mercado nacional.
"Leonardo França é formado em gestão de pessoas, tem pós-graduação em comunicação e MKT e vive o jornalismo desde a adolescência. Atua como Consultor Organizacional na FS-França Serviços, e há 21 anos, também como consultor automotivo, ajudando pessoas a comprar carros em ótimo estado e de maneira racional. Tem por missão levar a informação de forma simples e didática. É criador do canal Autos Originais e colaborador em outras mídias de comunicação."
Imagem abertura: Leonardo França
Por Leonardo França