Avaliação: JAC T60 Plus, o SUV diferentão que cobra Tracker por Compass

SUV da marca chinesa atrai pelo porte médio a preço de compacto, mas visual peculiar e rede diminuta podem espantar compradores
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15.02.2021 às 19:04 • Atualizado em 24.02.2021
SUV da marca chinesa atrai pelo porte médio a preço de compacto, mas visual peculiar e rede diminuta podem espantar compradores

Em tempos de estoques escassos e preços de carro sendo reajustados em ritmo assustador, ao ponto de um seminovo custar mais caro do que um equivalente zero-quilômetro, muita gente está fazendo contas e mais contas antes de comprar um carro. Especialmente se for um SUV.

Boa parte desses consumidores acabará migrando para o mercado de usados em busca de um modelo que entregue o nível esperado de porte, conforto e equipamentos a um valor “menos inacessível”. Para quem ainda faz questão de ter um carro novinho na garagem, uma opção interessante em relação ao preço é o JAC T60 Plus.

O modelo, que representa uma reestilização radical do antigo T60, chegou ao Brasil no fim do ano passado junto dos também renovados T40 Plus e T50 Plus. Tem como principal atrativo as dimensões similares às de um Jeep Compass, porém custando menos que um Chevrolet Tracker Premier.

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São R$ 120.990 cobrados pela versão única de acabamento. Por mais R$ 4.000, é possível acrescentar um pacote opcional chamado “Pack 3”, com quadro de instrumentos 100% digital, luzes de boas-vindas projetadas ao chão na abertura das portas dianteiras e bancos revestidos com couro sintético.

Parece caro, mas o T60 Plus mede 4.410 mm de comprimento, 1.800 mm de largura, 1.660 m de altura e 2.620 mm de entre-eixos, dimensões muito similares às do Compass. E cobra menos que um Tracker Premier 1.2 Turbo, que já bate a porta dos R$ 130 mil. 

Mas será que vale a pena investir um valor na casa de seis dígitos em uma marca que chegou a ter planos de erguer uma fábrica no país, mas encolheu muito nos últimos anos e atualmente possui uma operação reduzida a 13 concessionárias em todo o país? É o que analisaremos juntos nesta avaliação.

Preço: R$ 120.990. Opcionais: R$ 4.000. Pintura metálica: R$ 2.000. Total: R$ 126.990

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Design

Dos três SUVs reestilizados da JAC que o grupo SHC, representante oficial da marca no Brasil, lançou no fim do ano passado, o T60 Plus é de longe o que recebeu as mudanças estéticas mais radicais. De frente, é quase impossível enxergar nele algum traço remanescente de seu antecessor, e olha que estamos falando de um facelift, não de uma troca de geração.

A dianteira ficou mais quadrada e com linhas horizontais amplas, a fim de aumentar a sensação de largura do SUV e dar a ele um certo ar futurista (que não deixa de ser extravagante, para não dizer estranho). O capô, mais alto, agora agrega o logotipo da marca, enquanto o conjunto óptico passa a ser dividido em dois segmentos.

As luzes diurnas de LED, em formato de bumerangue, ficam na parte de cima e são integradas por um filete em preto brilhante. Luz baixa, farol baixo e farol alto ficam concentrados em projetores com lâmpadas halógenas no miolo do para-choque. 

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A seu lado, mais centralizados e em LED, aparecem os faróis de neblina. Ambos ficam alojados em um grande nicho preto, que também engloba a tomada de ar.

Só é possível perceber que se trata do mesmo T60 de antes através da lateral: colunas A e B, para-lamas, portas, vidros e vigias laterais, caixas de roda e vincos são os mesmos de antes. Surpreendentemente, até as rodas aro 17 seguiram inalteradas. 

Na traseira, mais modificações abruptas. As lanternas traseiras passaram a ser integradas não mais por uma barra cromada, mas sim por um filete funcional de LED. Elas lembram as do atual Kia Sportage, ou, numa analogia mais distante, as dos Porsche mais recentes. Este é, sem dúvidas e com boa margem, o ângulo do T60 Plus que mais agrada aos olhos. 

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Desempenho

O SUV compacto-médio da JAC vem equipado com um motor 1.5 turbo a gasolina com injeção direta e 16 válvulas, dotadas de duplo comando e admissão variável. Sua potência é ótima para os padrões do segmento, 168 cv, mas o torque é até baixo para um propulsor turbinado com esta capacidade cúbica.

O câmbio é CVT, com simulação de seis marchas. Na prática, o modelo demonstra um singelo retraso para ganhar velocidade nas acelerações ou retomadas a velocidades mais baixas, abaixo de 2.000 rpm. É só quando o propulsor atinge seu pico de torque que o SUV embala, e aí é possível sentir mais de sua elasticidade.

Parte dessa característica se deve à calibração do câmbio CVT, muito longa, como costumam ser os carros chineses. Pelo menos a caixa proporciona respostas rápidas nas transições entre suas múltiplas relações de marcha. E, no geral, o SUV da JAC é mais ágil do que um Compass 2.0 flex, tanto que vai de 0 a 100 km/h 1 segundo mais rápido.

Motorização: 1.5 turbo a gasolina, 16V DOHC VVT, 168 cv (a 5.500 rpm) e 21,4 kgfm (entre 2.000 e 4.500 rpm). Câmbio CVT, simulação de 6 marchas. 0 a 100 km/h em 9,6 s.

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Consumo

Para um SUV de seu porte com motor turbo e nem tão pesado assim (são menos de 1.400 kg, enquanto o Compass passa de 1.500 kg), o nível de consumo do T60 Plus não empolga tanto, embora também não seja um desastre. 

Durante nosso uso, ele registrou média bem próxima a 9 km/l, similar ao que aponta o programa de etiquetagem veicular do Inmetro.

Consumo: 9,6 e 11,2 km/l, respectivamente nos ciclos urbano e rodoviário.

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Dirigibilidade e conforto

Um dos pontos mais positivamente surpreendentes do T60 Plus é o padrão de conforto dos bancos dianteiros. É fácil encontrar uma posição cômoda de dirigir. Por outro lado, o engate que destrava o ajuste de altura e profundidade do volante é demasiadamente duro e vai te fazer passar raiva em alguns momentos, principalmente na hora de reencaixá-lo.

Outra particularidade que não nos agradou foi a régua de funções do ar-condicionado no painel. Ela até passa a impressão de ser moderna, mas seus desenhos são físicos, não digitais, e o sistema demora para reagir aos comandos. 

Além disso, as informações sobre climatização interna aparecem todas, de fato, na central multimídia, o que deixa ainda mais sem sentido reservar um espaço tão grande assim do painel para um sistema que, na prática, só dispõe de quatro jogos de botões.

Em movimento, o que mais chama atenção é a moleza da direção elétrica e do conjunto de suspensões. Enquanto a primeira passa certa sensação de anestesia, a segunda faz o SUV balançar muito ao passar por irregularidades e pendular demasiadamente nas curvas. Tudo isso faz o veículo passar a sensação de “flutuar” a velocidades mais altas.

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SUV faz uma projeção de boas vindas em LED no chão (a partir dos retrovisores) quando se abre as portas dianteiras. Mas com o nome "Refine S4", como o modelo é vendido na China...

Por outro lado, o T60 Plus possui um excelente diâmetro de giro para o segmento e se mostra dócil para manobrar, apesar de ter balanços dianteiro e traseiro um bocado proeminentes. Só não se fie muito na câmera de ré: em nossa avaliação, ela travou duas vezes.

Dados técnicos: direção elétrica progressiva, suspensões McPherson (dianteira) e eixo de torção (traseira), freios dianteiros a disco (ventilados) e traseiros a disco (sólidos), pneus 215/50 R17, 11 m diâmetro de giro, Cx não divulgado, 204 mm vão livre do solo, carga útil não divulgada.

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Acabamento e espaço interno

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Se o que o comprador busca é uma cabine bem acabada e espaçosa, o T60 Plus será uma boa opção de compra. O revestimento em couro sintético dos bancos é opcional, mas o material tem aspecto bacana e contrasta bem com a costura pespontada alaranjada. 

Todas as guarnições apresentam peças bem encaixadas e tanto as portas dianteiras quanto o painel possuem áreas macias ao toque, além de faixas em cromo acetinado. O console central é levemente elevado e esconde, sob o nicho da manopla de câmbio, um bem-vindo porta-celular.

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Há ainda um porta-trecos fechado por um apoia-braço deslizante, que, somado aos dois porta-copos, um porta-cartões, o porta-celular mais os compartimentos de objetos nas laterais, formam um bom arranjo interno para depositar objetos.

O espaço no habitáculo é ótimo para quatro adultos e até uma criança na posição traseira central, seja para cabeças ou para pernas (o túnel central baixo proporciona isso). Agora, se o quinto ocupante for adulto, certamente haverá um “jogo de ombros” entre os ocupantes da ala de trás.

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O porta-malas também se mostra generoso, mas atenção: os 650 litros anunciados são por medição com água. Segundo algumas fichas técnicas consultadas em sites chineses, o volume pelo sistema VDA até a altura do banco traseiro, mais comumente utilizado em nosso mercado, fica em 520 l, o que não deixa de ser um ótimo número.

Dimensões: 4.410 mm comprimento, 2.620 mm entre-eixos, 1.800 mm largura, 1.660 mm altura, 650 litros de porta-malas, 50 litros do tanque de combustível, 1.365 kg de peso.

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Segurança e tecnologia

O T60 Plus traz um pacote de tecnologia e segurança que já pode ser considerado mínimo para um modelo de seu porte e preço. De série, traz seis airbags, controle de estabilidade e tração com assistente de subida em rampas e freio de estacionamento elétrico com função auto hold - esta precisa ser ativada toda vez que se liga o carro, por um botão ao lado da tecla do freio.

Não há nenhum item ativo de segurança semiautônoma, mas pelo preço o pacote é honesto. O quadro de instrumentos 100% digital, com três modos de tela, vem no supracitado Pack 3, de R$ 4.000. A transição entre suas funções e três modos de tela é fácil. Só não conseguimos de jeito algum descobrir como zerar a quilometragem do hodômetro parcial (Trip).

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A central multimídia de 10,25 polegadas é igualmente simples de mexer e escancara as funções Android Auto e Apple CarPlay logo na tela inicial. Mas, como já comentamos, a tela apresentou travamentos durante o uso, em especial o da câmera de ré. 

E não se empolgue com o acesso ao Wi-Fi via roteador de internet do celular. Ele só serve para espelhar o aparelho via MirrorLink, e este serviço em específico é muito ruim: lento, difícil de ativar e só permite que se configure algo pela própria tela do smartphone, o que não faz o menor sentido. Melhor partir direto para o Android Auto ou CarPlay. 

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Itens de série

  • Seis airbags (frontais, laterais e de cortina)
  • Alarme
  • Controles de estabilidade e tração com assistente de subida em rampas
  • Faróis halógenos com projetor, acendimento automático, luzes de conversão estática e regulagem de altura do facho
  • Faróis e lanternas de neblina
  • Luzes diurnas de LED
  • Lanternas traseiras com guia em LED
  • Chave com sensor presencial
  • Partida do motor por botão
  • Controle de velocidade de cruzeiro
  • Freio de estacionamento elétrico com auto hold
  • Monitoramento de pressão dos pneus
  • Central multimídia de 10,25” com projeção de Android Auto e Apple CarPlay via tomada USB e espelhamento de celulares via Wi-Fi
  • Ar-condicionado automático digital
  • Saída de ar e duas tomadas USB para a fileira traseira
  • Volante multifuncional revestido em couro sintético com ajuste de altura e profundidade
  • Console central elevado com porta-objetos na parte de baixo
  • Apoia-braço central com porta-trecos
  • Teto solar

Pack 3 (opcional)

  • Quadro de instrumentos 100% digital de 10,25”
  • Banco em couro sintético
  • Projetores de luz em LED na abertura das portas dianteiras

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As três opções de tela do quadro de instrumentos digital

Conclusão

O T60 Plus é muito interessante pelo custo-benefício: tem desempenho decente, lista de itens de série razoável e espaço de SUV médio a preço de compacto. Peca pelo aspecto molenga demais na direção e por trazer algumas tecnologias que, na prática, não parecem entregar o que prometem a contento.

Mas o seu principal calcanhar-de-Aquiles está na rede: com apenas 13 concessionárias em todo o país, o seu alcance já se limita muito. Isto, por si só, é o que mais tornará difícil convencer o possível comprador a fechar negócio e ver um SUV tão diferentão como este ao vivo na rua.

E já que comparamos o T60 Plus com Porsche...

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