Três jeitinhos brasileiros para pagar mais barato num carro novo

Comprar carro no CNPJ, mesmo sem ter uma empresa, e se afirmar PCD mesmo sem ter deficiência grave são algumas saídas dos brasileiros pagar menos
Camila Torres
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07.01.2022 às 19:40 • Atualizado em 29.05.2024
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Comprar carro no CNPJ, mesmo sem ter uma empresa, e se afirmar PCD mesmo sem ter deficiência grave são algumas saídas dos brasileiros pagar menos

O brasileiro tem o quinto pior poder aquisitivo no mundo para comprar carro, segundo pesquisa realizada pela consultoria britânica Scrap Car Comparison em 2021. 

Para piorar, estamos vivendo nos últimos tempos uma realidade de inflação alta, falta de componentes, paralisações constantes de produção, ausência de modelos em estoque, filas de espera, reajustes praticados antes mesmo de o cliente receber o carro e modelos seminovos vendidos a preços mais altos do que os equivalentes 0 km. 

Daí que entramos em 2022 com o Chevrolet Onix topo de linha custando mais de R$ 100.000; uma Fiat Strada CVT, mais de R$ 115.000; um VW Gol, acima de R$ 95.000; um Hyundai Creta ou VW T-Cross, mais de R$ 160.000.

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Mas o brasileiro não desiste fácil e já descobriu três jeitinhos, teoricamente dentro da lei, para driblar os preços e pagar um pouco mais barato - ou menos caro, que seja - na hora compra. Todas essas formas dispensam atalhos e têm algumas burocracias a serem cumpridas. Ainda assim, ajudam a reduzir o rombo no bolso.

E nós sabemos que, quando o brasileiro se vê sem saída, cria uma forma de fazer dar certo. Confira abaixo três caminhos que muitos vêm encontrando para pagar mais barato na hora de comprar carro.

Leia também: Com preços tão altos, vale mais comprar um carro novo ou seminovo?


1. Abrir MEI para comprar por CNPJ

Comprar carro no CNPJ, mesmo sem ter uma empresa, e se afirmar PCD mesmo sem ter deficiência grave são algumas saídas dos brasileiros pagar menos

Comprar carro usando um CNPJ é totalmente legal e pode ser até uma forma de regularizar o seu negócio. O MEI (Microempreendedor Individual) é um modelo simplificado de empresa, pensado justamente para trabalhadores autônomos que desejam formalizar seu negócio sem burocracias e sem pagas altos impostos. 

Vale citar que, para se enquadrar como MEI, o limite de faturamento anual da empresa não pode passar de R$ 81.000. Então, colocando de uma forma didática, um profissional autônomo de diversas áreas pode abrir uma MEI e usar esse CNPJ para comprar o carro com desconto, desde que faça uso desse veículo para fins profissionais. 

Você deve agora estar se perguntando se realmente vale a pena comprar carro como pessoa jurídica, ou seja, no seu CNPJ, ao invés de CPF. Bem, o desconto existe, agora quem decide se é interessante ou não é o consumidor.

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Nem todas as fabricantes aplicam descontos nos mesmos percentuais. Eles podem variar de marca para marca e até entre as versões de um mesmo modelo.

A Fiat, por exemplo, oferece 4% de desconto para venda direta da Toro e 5% para a Strada. Já a Volkswagen oferece 10% para a versão de entrada do T-Cross, e 5% para as outras versões. A Chevrolet oferece 17% na compra PJ do Onix Turbo LT AT. Vale muito, portanto, a pesquisa.

Preços dos carros para venda normal (PF) e venda direta (PJ) em SP:

Chevrolet Onix 1.0 Turbo LT AT: R$ 81.540 (PF) / R$ 76.205 (PJ)

Chevrolet Tracker 1.0 Turbo LT AT: R$ 113.840 (PF) / R$ 106.390 (PJ)
Fiat Strada Endurance CD 1.4 MT: R$ 95.990 (PF) / R$ 92.150 (PJ)
Fiat Toro Endurance CD 1.3 Turbo AT: R$ 133.990 (PF) / R$ 128.630 (PJ)
Jeep Renegade Sport 1.8 AT / R$ 109.990 (PF) / R$ 101.190 (PJ)
VW T-Cross 200 TSI AT: R$ 133.990 (PF) / R$ 120.384 (PJ)

Antes do mercado automotivo sofrer com filas de espera gigantescas por alguns modelos, o desconto nas vendas para pessoa jurídica era muito maior, chegando a 30%. Com a oferta mais escassa, está cada vez mais difícil aumentar esses percentuais.

No entanto, antes de achar que comprar carro com o CNPJ é só vantagem, precisamos te alertar de alguns pormenores. 

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O primeiro deles é que um automóvel adquirido por CNPJ só pode ser revendido após 12 meses, de acordo com o Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária). Afinal, teoricamente é um carro de trabalho e não pode haver margem de lucro nessa forma de compra. Dentro do prazo de um ano, o valor de revenda do veículo pode ser maior do que o pago na venda direta. 

Outro ponto é que, se a empresa possui alguma dívida, o carro pode ser retido como bem a ser usado na quitação dela.

Por fim, vá com calma no valor do automóvel escolhido, pois se a empresa está cadastrada como MEI, ou seja, com limite de faturamento de R$ 81.000 anuais, e o carro adquirido custar muito mais, atrairá fiscalizações. Até porque abrir um CNPJ só para comprar um carro de uso particular pode ser considerado um ato de fraude ou sonegação.

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2. Desconto de PCD sem doença grave

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Em 2021, as regras para comprar um carro com desconto para PCD (Pessoa com Deficiência Física), passaram por diversas mudanças, excluindo algumas doenças que não eram consideradas moderadas ou graves.

Muitas pessoas têm direito à isenção tributária, mas não sabem. É o caso de responsáveis por cuidar de uma pessoa com deficiência física, ou pessoas com deformidade congênita ou adquirida nos membros, mas que não seja de maneira severa. 

Se quiser saber mais sobre o assunto, confira nossa reportagem Carros para PCD: conheça regras, restrições e doenças incluídas e também o novo teto de R$ 200.000 para isenção de IPI na compra de carros por PCD e taxistas.


3. Comprar carro em outro Estado

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Com o aumento de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) de 12% para 14,5%, o Estado de São Paulo passou a ser um dos mais caros para se comprar carro zero-quilômetro no Brasil. 

Tanto que a maioria das montadoras passaram a ter uma Tabela de Preços Brasil e outra diferente para a Unidade Federativa mais populosa do país. As diferenças de preço podem variar de R$ 3.000 a R$ 15.000, quando falamos de marcas generalistas. Um valor significativo para o bolso da maioria dos consumidores.

Para driblar o aumento, muitos consumidores que residem na Terra da Garoa têm comprado seu veículo em outro Estado. O que, diferente do que muitos pensam, não tem nada de ilegal. De acordo com o CTB (Código de Trânsito Brasileiro), o consumidor pode comprar em carro qualquer Estado, mesmo que não resida nele.

No entanto, ao registrar o veículo, é necessário comprovar o endereço na Unidade Federativa escolhida. O que muitos consumidores têm feito é utilizar o endereço de um amigo próximo, parente ou da própria concessionária, o que, aí sim, pode ser classificado como fraude.

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Essa é uma forma de o consumidor não arcar com o ICMS de São Paulo, e pagar um pouco menos caro na hora da compra. Porém, quando o proprietário realizar a transferência para o seu Estado, terá que expedir um novo CRV (Certificado de Registro do Veículo). Ou seja, arcará com dois registros mais o transporte do carro para sua cidade.

Segundo com a advoga Vilma Fernandes, é necessário tomar cuidado com essa prática: “Não é ilegal comprar o carro em outro Estado. Mas o que a lei fala é que o proprietário deve registrar o veículo no seu município na sua cidade, porque tem a questão tributária”. Fernandes ainda completa a explicação:

“Hoje nós temos o registro de tudo que fazemos e compramos. Imagina uma pessoa que sempre morou em São Paulo, tem o endereço registrado em São Paulo, todas as contas e bens em São Paulo, e de repente aparece com um endereço no Rio onde registrou um veículo. Se o Estado cruzar as informações, o consumidor terá que pagar uma alíquota interestadual e aí ficará mais caro para ele”, afirma a advogada.


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