Para que servirão os 100 bilhões investidos no setor automotivo brasileiro?

Muitas montadoras anunciaram investimentos bilionários para o Brasil nos próximos anos, saiba como cada uma irá direcionar seu dinheiro
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08.02.2024 às 16:54
Muitas montadoras anunciaram investimentos bilionários para o Brasil nos próximos anos, saiba como cada uma irá direcionar seu dinheiro

O vice-presidente Geraldo Alckmin garantiu nesta quarta-feira (7) que serão investidos cerca de R$ 100 bilhões no setor automotivo durante os próximos anos. A expectativa é de que a quantia seja alocada na indústria até 2028 ou 2029

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A informação foi confirmada inicialmente por Márcio Lima, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, em reunião com o vice-presidente.

O aumento em relação aos R$ 41,2 bilhões de investimento que haviam sido anunciados na última semana podem ser um indicativo de novos investimentos no setor ainda por serem anunciados.

As montadoras que já têm injeções de capital consideráveis confirmadas para os próximos anos são: VW, GWM, BYD, Nissan, Chevrolet, Stellantis, Toyota, Renault e CAOA.

Segundo Alckmin, os objetivos gerais deste plano são de construir fábricas elétricas, favorecer a indústria e viabilizar a descarbonização da frota nacional. Mas o que cada montadora está preparando? Quais são seus planos individuais no Brasil? Esses investimentos resultarão em quais lançamentos?

Stellantis

É esperado que não demore muito para que a Stellantis anuncie seu ciclo de investimentos no Brasil. Ainda não se sabe qual será o valor do novo pacote, apenas que ele dará seguimento ao já em vigor de R$ 16,2 bilhões, em curso até o ano que vem.

Calor Kitawa, CFO da montadora na América Latina, já adiantou que o aporte será um dos maiores já vistos no setor automotivo brasileiro. O plano do conglomerado foi parcialmente divulgado com o projeto Bio-Hybrid, que inclui três tipos de hibridização: MHEV, HEV e PHEV.

A informação corrobora com os planos da Stellantis de ter ao menos 20% de seu portfólio eletrificado no Brasil até 2030. A Mobiauto já destrinchou parte dos planos, serão feitos em Goiana os novos Jeep Compass e Fiat Toro, enquanto em Betim haverá investimento para adaptar a fábrica à plataforma CMP e produzir a nova geração do Argo, bem como o Jeep Avenger.

Volkswagen

A Volkswagen anunciou no início do mês um novo pacote de R$ 9 bilhões que irá se somar aos R$ 7 bilhões já anunciados anteriormente pela montadora.  O ciclo que irá durar até 2028 será voltado para quatro de suas fábricas no Brasil.

Já foi confirmado o lançamento de 16 veículos durante esse período, entre produzidos nacionalmente e importados, e quatro deles já têm vinda garantida em 2024. As motorizações incluirão flex, híbrida e elétrica.

Quanto aos modelos que serão lançados, não há muitas informações. Sabe-se que um novo SUV que se posicionará abaixo do Nivus e T-Cross será produzido na fábrica de Taubaté e deve estrear o sistema híbrido leve.

A montadora já confirmou a fabricação no ABC paulista de dois veículos inéditos baseados em uma nova plataforma. Outro produto, que deverá ser batizado de Tarok, será lançado como uma picape intermediária derivada do T-Cross. Também há a expectativa de que a fábrica de São Carlos (SP) produza o novo motor 1.5 TSI Evo2.

GWM

Os planos da GWM são de investir R$ 10 bilhões de reais até 2032 com o objetivo de construção de fábricas no Brasil.

A montadora quer produzir híbridos localmente, e já está atualizando a fábrica de Iracemápolis (SP), construída pela Mercedes-Benz, para iniciar a fabricação de carros da marca em 2024.

Os bons números do Haval 06 em 2023 podem indicar uma produção nacionalizada do modelo. No entanto, também existe a possibilidade de a GWM trazer o Jollion, SUV compacto da marca, já flagrado aqui no Brasil.

BYD

A estratégia da BYD segue o mesmo caminho de sua irmã chinesa GWM, investir na produção nacional. A montadora anunciou que investirá R$ 3 bilhões de reais em um complexo industrial em Camaçari (BA), antigamente utilizado pela Ford.

É previsto que o complexo inicie a produção no segundo semestre deste ano, e espera-se que ela permita preços ainda mais competitivos no mercado nacional. Além disso, a BYD também tem projetos para construir monotrilhos, em São Paulo e Salvador.

Nissan

Com o objetivo de aumentar sua participação no mercado automotivo brasileiro, a Nissan anunciou no fim do ano passado um aporte de R$ 2,8 bilhões para a produção de dois novos SUVs nacionais na sua fábrica de Resende (RJ)

O CEO da montadora, Makoto Uchida, já revelou que um desses lançamentos será a nova geração do Kicks, único modelo da empresa produzido no Brasil. Já o outro será um inédito utilitário esportivo, sem muitos detalhes, apenas de que tem planos para ser exportado para outros 20 países.

Chevrolet

A Chevrolet anunciou em janeiro um investimento de R$ 7 bilhões no mercado brasileiro. Oficialmente a informação foi divulgada após reunião de executivos da GM com o presidente Lula.

Por enquanto não existem muitos detalhes dos objetivos desse aporte bilionário, mas já há confirmação de que toda gama da montadora será atualizada no Brasil.

Santiago Chamorro, presidente da Chevrolet na América do Sul, pode ter dado uma pista em relação ao caminho que a GM seguirá no Brasil. Em suas palavras: "O Brasil tem um potencial muito forte para veículos elétricos, com minérios para a fabricação de baterias. E a demanda e a curiosidade do consumidor estão por aí. Não falaria nem sim ou não, mas esse mercado tem potencial'.

A fala indica que a companhia seguirá com seu foco na produção de elétricos, assim como nos EUA.

CAOA

O aporte de R$ 3 bilhões da CAOA pelos próximos 5 anos será da mesma ordem de suas companheiras chinesas no Brasil, produção nacional. Nesse caso o investimento será direcionado para a fábrica de Anápolis (GO), onde já são produzidos os carros da montadora.

A chinesa pretende especialmente aumentar o volume de fabricação de seu modelo Tiggo 5X Sport em 150%.

Lá serão produzidas as linhas Tiggo 5X, Tiggo 7 e Tiggo 8. Os planos também incluem introdução de novas tecnologias e eletrificação.

Toyota

Já faz quase um ano que a Toyota anunciou um investimento de R$ 1,7 bilhões no Brasil para a produção nacional de um híbrido flex. O veículo será um SUV compacto exportado para mais de 20 países. 

Também foi divulgado que parte do aporte será investido na inclusão do etanol dentro do novo conjunto mecânico, o qual terá como base plataforma que a Toyota já possui no exterior.

Renault

No fim do ano passado a Renault anunciou seu terceiro ciclo de investimentos nos últimos quatro anos. No total, os pacotes resultarão em um aporte de R$ 5,1 bilhões ao mercado nacional.

Parte do valor, cerca de R$ 2 bilhões, será exclusivamente direcionado à sua fábrica no Paraná até 2025, para o desenvolvimento do Kardian e outros oito veículos. Além disso, a montadora irá fabricar o motor 1.0 turbo, que marcará presença em seus próximos lançamentos. A Renault também visa nacionalizar a produção de seu motor 1.3 turbo, presente em seus utilitários.

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