Motor THP, amado por fãs de Peugeot e Citroën, dará adeus após 20 anos

Um dos primeiros motores turbo usados por marcas generalistas no Brasil, ele tem conexão com a BMW e será descontinuado
LF
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17.10.2023 às 18:00
Um dos primeiros motores turbo usados por marcas generalistas no Brasil, ele tem conexão com a BMW e será descontinuado

Amado pelos fãs das marcas Peugeot e Citroën, odiado pelos detratores das duas marcas francesas no Brasil. Mas, como já diz o adágio popular, “falem bem ou falem mal, falem de mim”. E muito se falou a respeito do motor THP, que por anos serviu a modelos Peugeot e Citroën no Brasil, e que deixará o mercado até o fim de 2024.

Segundo apuração da Mobiauto, a Stellantis não fará qualquer atualização para adequar o clássico propulsor 1.6 turbo flex de até 173 cv de potência às normas do Proconve L8, que entram em vigor em nosso mercado em janeiro de 2025. Com isso, o veterano THP gozará de merecida aposentadoria após quase 20 anos de bons serviços prestados.

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A história do motor THP

Anunciado no fim de 2004, o motor 1.6 THP nasceu de uma parceria entre a então PSA, sociedade formada entre Peugeot e Citroën, e a BMW. Na época, o projeto se chamava Prince e envolvia uma família de motores construídos com bloco e cabeçote de alumínio, sempre com quatro cilindros, 16 válvulas com comandos de lift e tempo variáveis, e injeção direta de combustível.

Embora o espaçamento e o diâmetro dos cilindros fossem sempre igual (84 mm e 77 mm, respectivamente), a família possuía variantes de 1,4 e 1,6 litro de deslocamento, sendo que a especificação 1.4 era sempre naturalmente aspirada, enquanto a 1.6 podia ser aspirada ou turbo. Não confunda o motor 1.6 Prince aspirado com o EC5, nascido de um projeto anterior e, portanto, ainda mais veterano que esse.

Chamado de EP3, o motor 1.4 Prince começou a vida rendendo 95 cv e 13,9 kgfm de torque, mas chegou a 98 cv e 15,5 kgfm. Já o 1.6 aspirado teve especificações de 120 cv e 122 cv de potência, sempre com 16,3 kgfm de torque.

Já o 1.6 turbo, que ficou conhecido no Brasil como THP, mas chegou a receber outros sobrenomes, como PureTech, JCW (no caso dos Mini) e e-THP, contava com turbocompressor de duplo fluxo e transitou pelas mais diversas faixas de potência e torque, a depender da aplicação.

Houve versões dessa usina com 125, 136, 140, 150, 156, 163, 165, 175, 180, 184 cv... Isso sem falar nas variantes com 200, 205, 210, 225, 250, 263 ou até 270 cv. O torque, por sua vez, oscilou entre 20,4 kgfm e 34,7 kgfm. Isso porque desde um compacto como o Peugeot 208 até esportivos como o Peugeot RCZ R, 308 GTi, Citroën DS 4 e Mini Cooper S chegaram a usá-lo. 

No caso da BMW, os motores Prince foram aplicados por um período relativamente curto de tempo, entre 2006 e 2013. Os carros da Mini o utilizaram durante todo esse intervalo, enquanto os BMW 116i e 118i da família Série 1 fizeram uso dele por um breve período a partir de 2011.

Motor THP no Brasil

No Brasil, o motor THP marcou sua estreia em 2010, sob o código EP6FDT, equipando a primeira geração do Peugeot 3008 – à época um crossover com cara de minivan. Movido apenas a gasolina, rendia 156 cv de potência e 24,5 kgfm de torque.

Em 2012, o esportivo conversível RCZ estreava a variante mais potente – e lembrada – do THP, conhecida como EP6CDTM. Também movida só a gasolina, entregava 165 cv de potência e mesmo torque. O ganho de 9 cv vinha de uma versão atualizada do software de injeção direta, desenvolvido pela Bosch.

Dois anos mais tarde, no fim de 2014, o extinto Citroën C4 Lounge se tornou o primeiro carro da então PSA a adotar o motor 1.6 THP flex. A potência subiu ainda mais, para ótimos 173 cv com etanol, continuando com os mesmos 165 cv com gasolina. O torque também era mantido em 24,5 kgfm com qualquer combustível.

Ao longo dos anos, a Peugeot-Citroën no Brasil formou casamentos do motor THP com dois diferentes tipos de câmbio: manual ou automático de seis marchas. Atualmente, é oferecido sempre em conjunto com a caixa automática da Aisin em apenas dois modelos: Peugeot 2008 e Citroën C4 Cactus.

Porém, ambos estão com os dias contados. O 2008 ganhará uma nova geração em meados de 2024, e passará a usar os motores 1.0 turbo e 1.3 turbo de origem FCA, da família GSE. Inclusive, a variante com menor deslocamento deve estrear o sistema Bio-Hybrid híbrido leve flex em nosso mercado.

Já o C4 Cactus está com os dias contados. Com a finalização de lançamentos da família C-Cubed, também no ano que vem, incluindo o “sedan SUV cupê” C3 X, a tendência é que ele perca espaço na gama e seja tirado de linha até 2025. Com sua saída, morrerá a plataforma PF1 no Brasil e, junto com ela, o motor THP.

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