Jeep Commander 4xe Bio-Hybrid: eis o primeiro híbrido flex da Stellantis?

SUV de sete lugares deve formar, com o irmão Compass, a primeira dupla de produtos híbridos flex da Stellantis no Brasil, com produção prevista já para 2024
LF
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24.11.2023 às 16:18
SUV de sete lugares deve formar, com o irmão Compass, a primeira dupla de produtos híbridos flex da Stellantis no Brasil, com produção prevista já para 2024

Após um anúncio formal de que produzirá em Goiana (PE) os primeiros produtos híbridos flex da família Bio-Hybrid, já a partir de 2024, e que também fabricará lá seu primeiro elétrico nacional – que, segundo o Autos Segredos, será a picape Rampage BEV –, a Stellantis reafirmou no fórum Auto Data, nesta semana, que anunciará no ano que vem o “maior investimento” da história da indústria automobilística brasileira.

Durante o evento, Carlos Kitagawa, atual CFO (chefe financeiro) da Stellantis na América Latina, defendeu a renovação dos incentivos fiscais destinados pelo governo brasileiro a fábricas no Nordeste, que será estendido até 2032, incluindo carros flex – e não apenas eletrificados, como inicialmente previsto. A medida gerou uma carta pública de retaliação assinada em conjunto pelas rivais GM, Toyota e Volkswagen.

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É justamente em uma entrelinha desta movimentação que pode estar a resposta à grande pergunta: qual será o primeiro produto híbrido flex da maior fabricante de automóveis instalada no Brasil? É claro que, por ter sua produção confirmada em Goiana, o leque de opções por si se fecha. Mas há bons indícios para estreitar ainda mais a lista.

Isso porque a emenda aplicada ao projeto da Reforma Tributária no Senado Federal, que estende os incentivos a fábricas instaladas fora do eixo Sul-Sudeste por mais sete anos após 2025, amplia a concessão dos benefícios a veículos flex. Porém, não prevê a continuidade no caso de veículos a diesel. E é aí que o cenário começa a clarear.

As plataformas Bio-Hybrid têm três variantes: híbrida leve (MHEV), a ser usada por modelos compactos em conjunto com o motor 1.0 Turbo 200; híbrida plena (HEV), aplicável a produtos compactos e compactos-médios de tração dianteira que usam o propulsor 1.3 Turbo 270; híbrida plug-in (PHEV), basicamente o mesmo conjunto do atual Jeep Compass 4xe, com tração nas quatro rodas e desta vez preparado para beber também etanol.

Sem a continuidade dos benefícios fiscais para veículos a diesel, ficará praticamente inviável para a Stellantis seguir produzindo modelos como Jeep Compass e Commander com esse tipo de motorização. No caso das picapes Fiat Toro e Ram Rampage, a história é um pouco diferente, pois são comerciais leves e dispõem de uma legislação tributária e de emissões à parte. Além disso, o mercado de picapes é mais sensível ao tema diesel.

Já Compass e Commander não têm mais o que esperar. Além da provável mudança nas regras de incentivos tributários para a fábrica de Goiana, as configurações a diesel dos dois SUVs andam encalhadas tanto nas concessionárias quanto nas lojas de seminovos. A recente inversão de pesos entre os preços da gasolina e do diesel contribuíram sobremaneira para isso.

Para completar, GWM e BYD fizeram o “trabalho sujo” de disseminar a tecnologia dos híbridos plug-in (com recarga externa) entre os consumidores brasileiros. Os volumes de emplacamento de Haval H6 e Song Plus demonstram que o brasileiro não só perdeu o medo de comprar SUVs do tipo, como até já o preferem, pois valorizam a economia proporcionada em consumo.

Do ponto de vista produtivo, a adaptação para o sistema Bio-Hybrid PHEV não é tão mais complexa assim do que as demais tecnologias. O conjunto de baterias, que pode chegar a 12 kWh de capacidade - no Compass 4xe, são 11,4 kWh –, fica posicionado no túnel central, em substituição ao eixo cardan. Logo, a adaptação não demanda mudanças estruturais no underbody.

Assim, todo o conjunto do cardan dá lugar a cabos de alta tensão que ligam essas baterias ao trem de força dianteiro e a um motor elétrico traseiro de 60 cv e 27,5 kgfm, responsável único pela tração daquelas rodas. O motor Turbo 270 rende os mesmos 180 cv de potência com gasolina e 185 cv com etanol, sendo 27,5 kgfm de torque com qualquer combustível.

Temos, aí, uma potência combinada estimada em 245 cv e um torque combinado que pode superar os 50 kgfm. É a combinação perfeita para substituir o veterano motor 2.0 Multijet de 170 cv e 35,7 kgfm (no caso do Compass) ou 38,7 kgfm (caso do Commander).

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