Ford assina contrato que faltava para BYD assumir fábrica na Bahia

A Ford anunciou nesta quarta-feira (4) ter assinado o “contrato de transação para reversão da fábrica de Camaçari para o Governo do Estado da Bahia”. Em outras palavras, o antigo complexo usado pela fabricante americana entre 2002 e 2021 está oficialmente devolvido ao governo baiano, que já pode repassá-lo à chinesa BYD.

Segundo o comunicado da Ford, a assinatura desse contrato “permite a utilização imediata do imóvel pelo Estado (...). Com isso, a Ford e o Governo do Estado da Bahia dão um passo definitivo para a utilização da planta de Camaçari para gerar crescimento econômico e social para a comunidade baiana”.

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Para obter a fábrica de volta, o governo da Bahia terá que desembolsar mais de R$ 100 milhões em indenização, nas palavras do próprio governador do Estado, Jerônimo Rodrigues. O valor oficial não vem sendo divulgado pelas partes envolvidas.

Embora o terreno de 4,7 milhões de metros quadrados pertença ao poder público baiano e tenha sido cedido à Ford, a compensação financeira se refere aos investimentos em estrutura no local feitos pela Ford, como os prédios construídos e maquinário instalado.

Espera-se que essa estrutura seja repassada à BYD sem cobrança, como forma de estímulo para criação de um novo complexo fabril no local por parte da empresa chinesa.

O que a BYD vai construir no lugar da antiga fábrica da Ford

Desde o ano passado a BYD vem namorando a fábrica desativada pela Ford em Camaçari. Em novembro, a companhia chinesa assinou junto do governo baiano um protocolo de intenções para se instalar no Estado, embora sem confirmar o local.

Na época, a corporação já previa um investimento de R$ 3 bilhões na região, com previsão de 5.000 empregos diretos e indiretos gerados. Nos últimos meses, tinha-se praticamente a confirmação de que o complexo da gigante chinesa seria mesmo construído no antigo terreno usado pela Ford.

Agora, com a confirmação, prevê-se que a BYD faça a cerimônia de pedra fundamental de seu mais novo complexo fabril ainda no mês de ouubro, com direito à presença do CEO global da companhia, Wang Chuanfu.

O local deve ser adaptado e preparado ao longo de 2024 para começar a operar efetivamente em 2025. A BYD deve dividi-la em pelo menos três centros de produção:

1. Fábrica de carros: a principal novidade é a produção de veículos de passeio elétricos e híbridos no local, já a partir de 2025. Com isso, a BYD se tornaria a primeira fabricante a produzir automóveis elétricos em larga escala no Brasil. O hatch elétrico Dolphin é forte candidato a virar nacional, acompanhado do SUV cupê híbrido Song Plus e de seu irmão Song Pro.
2. Fábrica de caminhões e ônibus: a BYD já produz chassis de veículos elétricos pesados no Brasil em Campinas (SP). Agora, vai expandir o negócio para um polo industrial ainda maior. Esta deve ser a primeira linha de montagem a rodar em Camaçari, segundo o acordo de intenções assinado ano passado. Deve começar em meados de 2024.
3. Fábrica química: será a responsável pelo processamento de lítio e ferro-fosfato, todos elementos químicos que compõem as baterias tipo “blade” (por lâminas) de seus modelos eletrificados. A extração de lítio será feita no Brasil, e a ideia é exportar a produção para a China. O prazo indicado previamente no protocolo é o mesmo da fábrica de elétricos pesados.