F1 é tão decepcionante quanto a polêmica maquiagem de blogueira famosa

Mesmo com inovações, competição tem decepcionado nos últimos anos. Tanto que é até comparada com desempenho de vendas de maquiagem
CD
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24.04.2023 às 14:30
Mesmo com inovações, competição tem decepcionado nos últimos anos. Tanto que é até comparada com desempenho de vendas de maquiagem

Se você acompanha essa coluna há tempo suficiente, já deve ter percebido, a vocação deste espaço em relacionar a Fórmula 1 com os temas mais variados da nossa vida mundana.

Filmes de Hollywood, grupos de pagode, apresentadores de TV… muita coisa já figurou por aqui lado a lado com Max Verstappen — o que é sempre um grande perigo pra quem se atreve. 

No final das contas, pode até parecer que isso tudo é apenas uma maneira de maquiar a minha inabilidade para falar sobre um tema específico sem fugir da raia. E se realmente for, talvez nem seja tão ruim assim.

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A maquiagem sobrevive na cultura humana há tanto tempo que já podemos cravar que provavelmente ela será um sucesso garantido até o fim da sociedade como conhecemos.

Alguns dizem que ela surgiu no Egito antigo, onde pinturas eram feitas ao redor dos olhos com a ideia de que aquilo era uma maneira de fazer a própria alma refletir para fora através desses embelezamentos.

Outros podem argumentar que tribos indígenas e outras civilizações também faziam rituais envolvendo o uso de pigmentos no rosto, então é difícil precisar quem é o verdadeiro pioneiro.

De todo modo, muito mais do que uma forma de disfarçar imperfeições, a maquiagem é, dentre outras coisas, uma maneira de se expressar. E é exatamente isso que conecta os faraós do Egito às blogueiras que fazem reviews de maquiagem no Instagram.

Essa relação nem é tão distante assim. A questão é que o mundo mudou e, por obra do capitalismo, quase tudo virou uma indústria milionária, inclusive esses pigmentos que um dia um egípcio de bobeira decidiu passar no rosto.

Assim como a própria Fórmula 1, a indústria da maquiagem também é movida a dinheiro e tem sua comunidade e suas próprias discussões.

Recentemente, por exemplo, a influenciadora digital Virgínia Fonseca lançou uma linha de bases para a pele que desagradou boa parte dos internautas por supostamente ser cara demais e não entregar a qualidade prometida. 

Longe de mim questionar a revolta alheia, mas uma coisa me fez refletir: só se decepcionou com a base da Virgínia quem nunca ligou a TV nos últimos 15 anos para acompanhar as aventuras da Ferrari, a instituição esportiva que mais promete e menos entrega na história.

Os fãs de maquiagem que porventura também são fãs de Fórmula 1 certamente estavam mais do que vacinados para esse tipo de decepção. E para os ferraristas não se sentirem perseguidos, cito mais exemplos para provar o meu ponto.

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Ano passado a Mercedes surgiu no grid com o seu peculiar conceito de carro “zero pods” e automaticamente assustou a todos que estavam aterrorizados com a recente dominância de anos da equipe.

Foi uma iniciativa de design tão disruptiva que provavelmente fez até os maiores publicitários da Faria Lima se questionarem acerca da originalidade de suas geniais ideias oriundas de muito café, brainstorms e horas mal remuneraras em agências com mesas de ping pong para descompressão dos funcionários.

O único problema é que ideias originais às vezes também dão errado e o carro da Mercedes se mostrou, além de lento, péssimo de ser pilotado, como o Sir Lewis Hamilton fez questão de deixar claro em diversas oportunidades nas quais foi questionado.

De um jeito ou de outro, isso garantiu aos torcedores mais preocupados que o novo regulamento técnico de 2022 não traria uma nova era mercedista ao grid.

Regulamento esse, por sinal, que prometia justamente uma maior competitividade à categoria — muito por estar vindo atrelado à implantação do teto de gastos para reduzir as distâncias entre equipes de maior e menor investimentos.

Dizer que fui enganado pela FIA nessa parece exagero, já que para ser enganado seria preciso que eu tivesse acreditado. Mas digamos que eu não precise discorrer muito sobre as 15 vitórias de Max Verstappen nas 22 corridas de 2022 para mostrar que o regulamento não saiu bem como planejado.

Mais uma decepção para a extensa lista de dissabores que a Fórmula 1, mas não só ela, é capaz de nos causar.

Leia também: Sergio Pérez está pronto para disputar um título de F1 com Max Verstappen?

Até aí tudo bem. Só se decepciona quem cria expectativas, e criar expectativas faz parte da vida. São as decepções do caminho que fazem o prêmio final valer a pena.

O que posso dizer, porém, é que sim, eu acabei de usar essa coluna aqui para mostrar pra vocês quanto em comum têm os fracassos da Ferrari, a equipe mais decepcionante do grid, de Toto Wolff, comandante do zero pods na Mercedes, de Stefano Domenicali, CEO da Fórmula 1 responsável parcial pelos regulamentos da categoria, e de Virgínia Fonseca, idealizadora da maquiagem mais criticada do Brasil em 2023.

Pois é, talvez eu realmente tenha alguma dificuldade em me ater a assuntos específicos. Mas vocês vão superar.

Eu posso garantir que os meus textos não são uma decepção maior pra vocês do que aquelas que maquiagens e carros de corrida podem causar.

Este texto contém análises e opiniões pessoais do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Mobiauto.

Caio Diniz é relações públicas e ama todo tipo de esporte. É host do podcast Cronômetro Zerado, espaço no qual aborda a Fórmula 1 sempre de maneira leve e bem humorada.

Instagram: @cronometrozerado
YouTube: @Cronômetro Zerado

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