Sergio Pérez está pronto para disputar um título de F1 com Max Verstappen?

Vitória do mexicano no GP da Arábia Saudita reacendeu a esperança de brigar por um Mundial, mas será que ele é capaz de bater seu companheiro bicampeão da Red Bull?
CD
Por
20.03.2023 às 09:44
Vitória do mexicano no GP da Arábia Saudita reacendeu a esperança de brigar por um Mundial, mas será que ele é capaz de bater seu companheiro bicampeão da Red Bull?

Sergio Pérez venceu o Grande Prêmio da Arábia Saudita, em Jeddah, e ficou a apenas um ponto do companheiro de Red Bull, Max Verstappen, na briga pela liderança do Campeonato Mundial de F1 de 2023.

Eu tenho uma teoria pessoal de que quando alguém insere em um discurso uma explicação sobre etimologia de palavras — ou seja, a origem delas — só existem duas opções: ou essa pessoa é de fato inteligente, ou ela quer parecer inteligente.

Você também pode se interessar por:

· Fernando Alonso: chegou a grande chance que o bicampeão esperava
· Carreira de Leclerc na Ferrari já virou comédia dramática hollywoodiana
· Felipe Drugovich na Fórmula 1: estão deixando a gente sonhar

Vitória do mexicano no GP da Arábia Saudita reacendeu a esperança de brigar por um Mundial, mas será que ele é capaz de bater seu companheiro bicampeão da Red Bull?

Na coluna de hoje, eu me dou o direito de deixar esse julgamento para vocês, mas nós precisamos conversar sobre a palavra esperança.

Esperança surgiu do latim “sperare”, que, simplificando um pouco, vem da ideia de esperar que o futuro seja mais carregado de coisas positivas do que o presente. E que, portanto, dificuldades de determinado momento são apenas provações passageiras dentro de um contexto maior.

Ter esperança talvez seja o exercício mais democrático da humanidade. Pobres e ricos, brancos e negros, homens e mulheres… Todos, sem distinção, podem acreditar que as coisas vão dar certo no futuro.

Mas, apesar de ser um ato para todos, evidentemente que esperança é uma prática muito mais presente na vida daqueles que menos têm e mais sofrem.

Na geopolítica mundial, por exemplo, os povos latinos, historicamente explorados por potências militarmente mais dominantes, se acostumaram a aguardar por dias melhores, já que os recortes presentes sempre foram invariavelmente cruéis.

E falando em latinos, na Fórmula 1, o mexicano Sérgio Pérez, muito provavelmente voltou a acreditar numa disputa de título com seu parceiro e, ao mesmo tempo, rival de Red Bull, o holandês Max Verstappen, depois da sua boa vitória no GP de Jeddah.

Dono do melhor carro do grid, Pérez é claramente um piloto menos capaz do que seu companheiro bicampeão — e isso ficou muito claro com a diferença de pontos que separou ambos em 2022.

Anuncie seu carro na Mobiauto

Mas, enquanto sonhar ainda é de graça para qualquer um, o mexicano aproveitou que seu parceiro de Red Bull teve que largar de 15º no grid, após uma quebra no treino qualificatório, e emplacou mais uma vitória para a sua carreira na segunda corrida do ano.

Maldosos dirão que, apesar do triunfo, para Pérez disputar esse título, ele precisaria que o carro de Verstappen quebrasse por pelo menos mais 19 corridas, ou que o holandês desistisse de disputar provas por no mínimo seis meses — talvez se aproveitando desse tempo para tirar merecidas férias.

Fato é que, sendo um pouco mais realista e menos irônico do que isso, a realidade é dura para o segundo piloto da marca de energéticos. Se quiser sonhar alto em 2023, ele vai precisar aproveitar todas as chances que Max deixar pelo caminho… e nada indica que serão muitas.

Vitória do mexicano no GP da Arábia Saudita reacendeu a esperança de brigar por um Mundial, mas será que ele é capaz de bater seu companheiro bicampeão da Red Bull?

Na história da categoria, já vimos pilotos piores vencerem títulos, mas isso era muito mais viável com menos corridas no calendário. Hoje em dia, com mais de 20 disputas por ano, há muito mais oportunidades para um piloto mais talentoso diluir problemas pontuais ao longo de uma temporada.

Vários pilotos passam carreiras inteiras sonhando com um carro de Fórmula 1 como esse que Pérez tem hoje em mãos. Mas bem na vez do mexicano o destino foi cruel e colocou um dos maiores talentos da história no meio do seu caminho.

Situação complicada que me lembra uma célebre frase do ex-comandante da nação de Pérez, Porfirio Diaz, que certa vez lamentou as insistentes interferências de um país vizinho na soberania nacional dos inventores da Tequila: “Pobre México. Tão longe de Deus e tão perto dos Estados Unidos.”

Curiosamente, nesse caso a geopolítica nos ajuda a entender a Fórmula 1. A esperança definitivamente é a última que morre e a primeira chance foi aproveitada, mas o fim dessa história eu já conheço muito bem. Pobre Pérez. Tão longe do resto do grid e tão perto de Max Verstappen…

Imagens: Divulgação/Red Bull

Este texto contém análises e opiniões pessoais do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Mobiauto. 

Caio Diniz é relações públicas e ama todo tipo de esporte. É host do podcast Cronômetro Zerado, espaço no qual aborda a Fórmula 1 sempre de maneira leve e bem humorada.   

Instagram: @cronometrozerado
Canal no Youtube - Cronômetro Zerado

Comentários