Por que a F1 precisa equilibrar entretenimento e esporte rapidamente

O GP de Miami trouxe de volta uma discussão: até que ponto o esporte deixou de ser prioridade na Fórmula 1?
CD
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14.05.2023 às 12:00
O GP de Miami trouxe de volta uma discussão: até que ponto o esporte deixou de ser prioridade na Fórmula 1?

 Todo mundo que já foi a um circo ao menos uma vez na vida já deve ter se impressionado com as habilidades de um equilibrista.

Uns caminham sobre cordas bambas enquanto carregam objetos, outros fazem a mesma travessia só que pilotando um monociclo… há os que usam redes de proteção e também os que dispensam elas.

Mas independentemente de qualquer coisa, é sempre incrível ver a habilidade que essas pessoas têm de se equilibrar — principalmente porque hoje em dia, a grande maioria dos seres humanos têm dificuldade em manter o equilíbrio.

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É difícil equilibrar uma alimentação saudável com os prazeres do final de semana, é difícil equilibrar a vida pessoal com a vida profissional, isso para não falar do equilíbrio financeiro.

A falta de equilíbrio, entretanto, não é uma exclusividade de nós, pessoas comuns. Ela também tem sido um grande problema para a Fórmula 1.

Desde que a categoria foi comprada pelo grupo norte americano Liberty Media lá no final de 2016, o que temos visto é uma discussão recorrente entre espetáculo e esportividade.

No segundo GP de Miami da história, por exemplo, isso voltou a ser pauta depois que os pilotos foram apresentados ao público numa cerimônia digna de um filme do Adam Sandler.

Na ânsia de gerar entretenimento, os americanos usaram os preciosos minutos antes da corrida para perfilar pilotos frente a apresentações musicais de gosto duvidoso.

E não me entendam mal, eu não sou daqueles que acham que o esporte é só competição, esporte também é espetáculo e mídia. Mas a base de tudo sempre será a competição.

Basicamente, de nada adianta fazer os pilotos participarem de toda sorte de gincanas antes de entrarem nos carros se a corrida, o produto principal, for ruim.

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O GP de Miami trouxe de volta uma discussão: até que ponto o esporte deixou de ser prioridade na Fórmula 1?

O traçado de rua de Miami é sonolento e esse GP chama muito mais a atenção pelas celebridades que frequentam o paddock do que pelas disputas que são vistas entre os carros.

E é exatamente por isso que eu digo que a Fórmula 1 ainda precisa encontrar o equilíbrio da relação esportividade/entretenimento.

Não tem problema algum realizar cerimônias de apresentação dos pilotos… mas por que fazer elas 5 minutos antes da corrida? Esse momento deveria ser de concentração para os atletas.

Como Charles Leclerc vai parar de bater a sua Ferrari se sua paz pré-competição é ceifada pelo lançamento da sofrível música de Will.I.Am? Muito difícil.

Ao invés de se preocupar com toda essa festa, os organizadores da corrida deveriam refletir sobre as longas retas que permitiram com que Fernando Alonso assistisse do seu carro e elogiasse no rádio uma ultrapassagem aleatória de Lance Stroll.

Ele pode até se tornar um comentarista muito carismático quando se aposentar, mas atualmente eu ainda prefiro observar suas habilidades no volante e não no microfone.

A Fórmula 1 precisa encontrar o seu equilíbrio, e eu não vejo isso acontecendo tão cedo. É preciso entender que existe espaço para tudo… desde que na hora certa.

Este texto contém análises e opiniões pessoais do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Mobiauto.

Caio Diniz é relações públicas e ama todo tipo de esporte. É host do podcast Cronômetro Zerado, espaço no qual aborda a Fórmula 1 sempre de maneira leve e bem humorada.

Instagram: @cronometrozerado
YouTube: @Cronômetro Zerado

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