Como tarifas de Donald Trump podem atrasar planos de BYD e Geely no Brasil

Guerra comercial pode adiar o investimento e a construção de fábricas de marcas chinesas no país
GS
Por
13.04.2025 às 04:00
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Guerra comercial pode adiar o investimento e a construção de fábricas de marcas chinesas no país

As incertezas econômicas da guerra comercial entre a China e os Estados Unidos podem atrasar a construção de fábricas de montadoras chinesas na América Latina, entre elas a da BYD na Bahia, segundo informações apuradas pela Reuters.

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De acordo com duas fontes consultadas pela agência de notícias, o governo chinês estaria adiando a aprovação dos planos de investimento no exterior das fabricantes locais BYD e Geely enquanto não chegarem à uma definição na disputa de tarifas de importação com os Estados Unidos, uma vez que as taxas impostas pelos norte-americanos têm grande influência no comércio global.

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Representantes das associações da indústria automobilística chinesa teriam alertado as montadoras que o tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aumentaria os riscos e, consequentemente, dificultariam o retorno de seus investimentos no exterior. Esses planos, no entanto, estariam sujeitos a mudanças.

Por outro lado, uma terceira fonte afirmou que as autoridades chinesas estão mais rigorosas e cautelosas em relação aos planos das montadoras locais no exterior, mas não a ponto de o governo interromper o recebimento das solicitações de investimentos. As autoridades apenas estenderam os prazos de análise e passaram a exigir mais documentações, explicou o informante.

Embora 90% de suas vendas estejam concentradas na China, a BYD vem aumentando os seus investimentos no exterior na construção de fábricas no Brasil, México, Hungria, Tailândia e Uzbequistão para atender os principais mercados internacionais.

Porém, a construção da fábrica mexicana anunciada para 2024, mas que ainda não saiu do papel, pode atrasar ainda mais. Além de a aprovação do governo chinês ter demorado mais que o previsto, as autoridades estatais temem o risco de transferência de tecnologia devido à proximidade do país com os Estados Unidos.

Já a unidade fabril que está sendo erguida em Camaçari (BA), mas deveria ter iniciado as suas atividades no final de 2024, ainda não tem uma data definida para começar a produzir automóveis elétricos e híbridos. A própria BYD disse que montaria veículos em regime SKD após o Carnaval, mas as denúncias de trabalho escravo nas obras da fábrica adiaram os planos da empresa, que deve iniciar as operações no local somente no segundo semestre de 2025.

A Geely, que anunciou na última quarta-feira (9) uma parceria com a Renault para vender seus carros no Brasil, disse à Reuters que não houve atrasos ou contratempos, destacando que o seu primeiro modelo elétrico foi anunciado no mercado brasileiro apenas 52 dias depois da assinatura do acordo com a marca francesa, com a qual compartilha tecnologias para produzir carros movidos a eletricidade na Coreia do Sul.

A BYD e a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma do governo da China não responderam aos questionamentos da agência de notícias.

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