Invasão chinesa vai existir no Brasil, mas acima dos R$ 160.000

Modelos de maior valor agregado e híbridos vêm dominando mercado nacional
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04.04.2025 às 15:13 • Atualizado em 30.06.2025
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Modelos de maior valor agregado e híbridos vêm dominando mercado nacional

O mercado de carros eletrificados, que inclui tanto modelos híbridos e elétricos, vêm crescendo no Brasil, sobretudo após 2023 com a chegada de marcas como BYD e a GWM. Mas, durante o Fórum Direções da Quatro Rodas realizado na semana passada, Mobiauto conversou com Milad Kalume Neto, consultor automotivo independente que comentou sobre a questão da invasão chinesa, um dos assuntos debatidos no dia entre os palestrantes do mercado automotivo.

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Vale lembrar que no Fórum Direções Quatro Rodas: conexão Brasil-China, estavam presentes na mesa de discussões junto ao consultor automotivo outros três convidados: Sergio Habib, CEO da Jac Motors Brasil, Fernando Varela, VP da Leapmotor na América do Sul, Oswaldo Ramos, consultor C-Level do setor, além de Milad Kalume Neto, o qual conversamos sobre a tal invasão chinesa no mercado brasileiro.

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Perguntamos a Milad Kalume como ele enxerga essa questão da chegada das marcas chinesas com força ao Brasil e se realmente eles estão invadindo o mercado e conquistando seu espaço.

“Olha, existe uma situação muito clara nesse sentido. As duas principais [BYD e GWM], quando chegaram, incomodaram demais dentro do nível de produto que eles competiam. Tanto é que você teve uma francesa que diminuiu 50 mil reais no produto dela [Peugeot e-2008] e você teve aí a questão de uma japonesa que também teve que reposicionar o preço do produto dela. Então, assim, é fato que existe essa concorrência aí dentro dos produtos chineses. O que eu comentei lá no palco, a pizza mesmo, você tem até 16 marcas chinesas para chegarem no Brasil”, explicou Milad.

Vale lembrar que a questão da redução de preços da Peugeot e-2008 aconteceu em 2023 por conta da chegada do BYD Dolphin, que à época fez sua estreia no mercado nacional com preço muito competitivo de R$ 149.800. Outras marcas também reduziram seu preço na época como a Caoa Chery com o iCar, a JAC Motors com o E-JS1, bem como variadas montadoras posteriormente.

"Nesse contexto, eu acho que a invasão chinesa, ela vai ocorrer sim, ela vai existir, mas vai existir dentro daquele cenário que o próprio Habib [em referência a Sérgio Habid, CEO da JAC Motors] comentou, que foi assertivo naquele ponto. Acima dos 160 mil reais é onde você vai ter uma incidência maior, salvo se existam motores a combustão, daí você vai ter um custo de produto muito menor. Não vejo que isso é o cenário que as chinesas estão querendo trazer, porque elas têm uma alta competitividade dentro do mercado de elétricos. Enfim, não existe uma tendência de exportação de motores a combustão aqui para o mercado brasileiro. 

A ideia seria um hub de produção para cá, para atender a América do Sul, América Central e aí, de acordo com os astros, a questão da União Europeia se concretizar, o acordo do Mercosul e União Europeia, a gente conseguiria até, de fato, exportar para aquele mercado. Enfim, é uma utopia ainda, mas de qualquer forma existe esse cenário positivo aqui para a gente”, finaliza.

Durante os últimos dois anos, marcas chinesas como a BYD e GWM fizeram um investimento massivo entre os veículos eletrificados no Brasil. No momento elas importam da China todos os modelos, mas a primeira comprou a fábrica da Ford em Camaçari (BA), onde está reformando e aumentando o complexo, enquanto a segunda adquiriu a fábrica da Mercedes-Benz em Iracemápolis (SP).

Em comum, ambas trouxeram diversos carros para o Brasil acima dos R$ 160.000, que é justamente a faixa de maior atuação. Veículos como BYD Dolphin, King Song Pro, Song Plus e Song Plus Premum são grandes exemplos de como a aposta da BYD são em modelos de maior valor agregado, embora a mesma montadora tenha em sua gama modelos como o Dolphin Mini (parte de R$ 118.800) e Dolphin GS (parte de R$ 159.800) que ficam abaixo dessa faixa de preço.

Já a GWM tem o Ora 03 Skin por R$ 159.800, mas o restante da sua gama composta pelos SUVs Haval H6 HEV, Haval H6 PHEV19, Haval PHEV34 e Haval H6 GT são mais caros e ocupam uma faixa de valores bem mais alta. A Caoa Chery até tem modelos abaixo dos R$ 160.000 como Tiggo 5X e Tiggo 7 Sport, mas outros modelos como Tiggo 7 híbridos-leve e híbridos plug-in, além do Tiggo 8 são modelos acima.

Dessa forma, podemos resumir que a maior oferta de lançamentos nos últimos anos é mesmo acima dos R$ 160.000, sem contar que boa parte dos modelos chineses que desembarcam por aqui são dotados de alguma motorização híbrida, enquanto os elétricos são representados por poucos modelos, se restringindo praticamente a três modelos (Dolphin Mini, Dolphin e Ora 03).

Resta saber se a nova GAC, que será uma das poucas a trazerem modelos a combustão para o Brasil, vai conseguir posicionar algum carro de sua gama abaixo da linha de corte dos R$ 160.000.

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Entusiasta de carros desde criança, achou no jornalismo uma forma de combinar paixão e profissão. É jornalista formado pela faculdade FIAM-FAAM e atua no setor automotivo desde 2014, com passagens por Auto+, Quatro Rodas e Motor1 Brasil.