VW Polo 1.0 16V 2003 era de fábrica o 1.0 aspirado mais potente do mundo

Hatch compacto estava posicionado acima do Gol e tentava ganhar espaço no mercado com versão básica potente (e beberrona)
LA
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23.08.2023 às 17:00
Hatch compacto estava posicionado acima do Gol e tentava ganhar espaço no mercado com versão básica potente (e beberrona)

Lançado na Alemanha em 1975, o Volkswagen Polo é um sucesso incontestável pelo mundo, e está na sétima geração. As duas primeiras não foram oferecidas no Brasil, e a terceira chegou em nosso país no fim de 1996 em sua versão sedan, em substituição ao VW Voyage que saíra de linha pela primeira vez um ano e meio antes.

Identificado como Polo Classic e importado da Argentina, o modelo trazia a plataforma A03 e não fez tanto sucesso, com um design que pouco agradou o mercado. Nem mesmo seu motor 1.8 de 99 cv a 5.500 rpm e 15,1 kgfm de torque a 3.500 rpm foi capaz de alavancar as vendas, já que seu consumo era considerado apenas mediano com médias de 9,1 km/l com gasolina na cidade e 13,8 km/l na estrada, e os 45 litros de capacidade do tanque de combustível sacrificavam ainda mais a autonomia.

Mesmo assim, a Volkswagen dobrou a aposta, e em 2000, trouxe o modelo remodelado, com novo interior, novas cores e novos detalhes externos - como faróis, lanternas e logotipia atualizados. Ainda assim, as vendas não decolavam.

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Em 2001, a Volkswagen lançou sem muito alarde o Polo Classic 16v, usando o motor Hitork 1.0 16v do Gol e Seat Ibiza. O primeiro Polo 1.0 vendido no Brasil produzia 71 cv a 6.000 rpm e fornecia 9,4 kgfm de torque a 4.500 rpm, capaz de levar o sedan de 1.080 kg a 164 km/h e fazer de 0 a 100 km/h em 14,3 segundos. Mais econômico que seu irmão com motor 1.8 na cidade, fazia média de 10,5 km/l com gasolina. Na estrada, consumia um pouco mais, com média de 13,5km/l.

De acordo com a PUP Consultoria, especialista em análise de dados e business intelligence, há registradas 233 unidades fabricadas em 2001. Talvez seja um dos modelos mais raros da Volkswagen em nosso país.

Em 2002, a Volkswagen lançou a quarta geração do Polo, segunda no Brasil. Fabricado em São Bernardo do Campo (SP), o modelo lançou a plataforma PQ-24, a mesma utilizada à época pelo Skoda Fabia, e originou outros modelos como o VW Fox em 2003 e a atual geração do Gol e de seus derivados em 2008.

O modelo inovava com a direção eletro-hidráulica, o primeiro VW do país com esta tecnologia, amortecedor para sustentação do capô, além de ter solda a laser em seu monobloco, proporcionando uma carroceria muito mais rígida e segura.

A versão 1.8 era substituída pela 1.6 com o recém-finado motor EA-111 de 8V e comando roletado, com funcionamento bastante suave, além de acelerador eletrônico. Com 101 cv a 5.500 rpm e 14,3 kgfm de torque a 3.250 rpm, o Volkswagen era capaz de chegar a 170 km/h de velocidade máxima e fazer de 0 a 100 km/h em 12,7 s. Seu consumo praticamente não se alterava, com médias de 8,4 km/l na cidade e 13,5 km/l na estrada, com gasolina.

O câmbio MQ-200 chegava para ser a nova referência de transmissão manual, disponível até hoje nos modelos da marca e bastante elogiado pelos engates certeiros e manejos suaves. Aliás, desde 1977 a Volkswagen é referência em câmbio manual em seus modelos nacionais.

Sua dirigibilidade era o ponto alto, graças a uma carroceria firme, suspensão justa, sem sacrificar o conforto, e boa distância entre eixos. A direção tinha respostas rápidas e suaves, e os ajustes de altura e distância da coluna de direção eram de série, assim como a regulagem de altura do banco do motorista.

Com um acabamento considerado primoroso, trazia um novo conceito da Volkswagen mundial, com bastante plástico e tecidos dos bancos mais ásperos ao toque, o que não agradou aos fãs mais puristas da marca. Hoje, todos os modelos utilizam deste conceito.

Lançado também na versão 2.0, este tinha um desempenho digno de esportivo em sua época. Com 116 cv a 5.200 rpm e 17,3 kgfm de torque a 2.400 rpm, o hatch fazia de 0 a 100 km/h em 10,2 s e alcançava 198 km/h de velocidade máxima. Bebia mais, fazendo 8 km/l de gasolina na cidade e 12km/l na estrada.

Para se ter uma ideia, hoje, o novo Polo TSi com motor 1.0 12v turbo e câmbio manual de cinco marchas, em sua sétima geração, fornece exatos 116 cv a 5.000 rpm e 16,8 kgfm de toque a apenas 1.750 rpm. Muito mais eficiente, faz de 0 a 100 km/h em 10,1 segundos e alcança 197 km/h de velocidade máxima, com um consumo de dar inveja: média de 14,1 km/l na cidade e 19,4 km/l na estrada, usando gasolina. Quanta evolução.

Motor 1.0 mais potente do mundo

Voltando a 2002, mais precisamente, agosto daquele ano, era apresentado o Polo com motor 1.0 16V, intitulado à época o motor 1.0 aspirado mais potente do mundo. Seu objetivo era abocanhar consumidores das versões mais caras do Gol. Com o motor EA-111 de 79 cv a 6.500 rpm e 9,7 kgfm de torque a 4.500 rpm, o compacto premium fazia de 0 a 100 km/h em 13,5 segundos e tinha máxima de 168 km/h, mas com médias também ruins de consumo:  8,1km/l na cidade com gasolina. Na estrada, fazia aceitáveis 14,2km/l.

Novamente comparando com a geração atual, o novo Polo 1.0 com motor EA-211 de 3 cilindros e 12v fornece hoje 84 cv a 6.450 rpm e 10,3 kgfm de toque a apenas 3.000 rpm. Bastante eficiente, faz de 0 a 100 km/h em 13,5 s e alcança 173 km/h de velocidade máxima. Econômico, faz média de 14,1km/l na cidade e 18,4km/l na estrada, usando gasolina. Tem quase o mesmo desempenho daquele Polo 1.6.

Ainda em 2002, na mesma época em que a VW lançava o Polo 1.0 16v, o governo federal reduziu o IPI de carros com motor 1 litro, caindo de 10% para 9%.  Para modelos com propulsor acima de 1.0 até 2.0, a redução foi ainda maior, 25% para 16%.

Com apenas R$ 610,00 de diferença (R$ 1.694,68 hoje) entre as versões do Polo 1.0 16V Comfortline e 1.6 8V Comfortline equipadas com ar-condicionado, a versão 1.0 tornou-se pouco atrativa, e em setembro de 2003, a Volkswagen retirou de vez de linha o Polo 1.0 16V.

Após 20 anos de seu lançamento, de acordo com a PUP Consultoria, encontram-se registradas apenas 2.153 unidades do modelo 2002 e 2003.

Em 2012, o modelo participou do Latin NCAP e surpreendeu com quatro estrelas no crash-test. Era um resultado surpreendente, dada a idade do projeto. O Ford New Fiesta, teve a mesma nota e era um projeto bem mais moderno. Esta geração do Polo foi descontinuada no Brasil em 2015.

Novo VW Polo

Cinco anos depois, o Polo voltou a ser oferecido com motor 1.0, desta vez três-cilindros nas versões aspirada e turbo. A versão aspirada tinha câmbio manual de cinco marchas, enquanto as turbo tinham câmbio automático de seis. Por um bom tempo, o modelo foi vendido com motorização 1.6 MSI manual ou automático.

No ano passado, a marca apresentou o hatch reestilizado, já sem motorização 1.6 aspirada. Manteve apenas uma versão com motor 1.0 flex, chamada MPI, e todas as outras convencionais contam com o 1.0 turbo flex recalibrado para entregar 116 cv a 5.000 rpm e 16,8 kgfm de toque a apenas 1.750 rpm.

O Polo ainda conta com a versão GTS com motor 1.4 turbo flex de 150 cv de potência e 25,5 kgfm de torque para os dois combustíveis. E o grande sucesso da família é o Polo Track, configuração mais básica que manteve o visual antigo do produto para ser a substituta do Gol.

Com um parafuso a menos na roda (são quatro e as outras versões usam cinco) e calotas cinza, o Polo Track tem para-choque com mais esportivo, faróis halógenos monoparábola, além de retrovisores e maçanetas sem pintura. Lanternas escurecidas completam o estilo exclusivo.

Por dentro, os bancos com costura em laranja denotam jovialidade, além do novo acabamento, que acompanha a linha do novo Polo. O hatch entrega mais que o Gol: plataforma MQB (muito mais segura), 4 airbags, controles de tração e estabilidade, 4 alto-falantes e mais espaço interno, já que tem entre eixos 10cm maior - são 2,56m ao invés de 2,46m do veterano.

Antes um compacto premium, agora o Polo é também carro de entrada – e um dos melhores do segmento, que deve ser cogitado para a sua garagem. Qualidades para isso não lhe faltam, e nem história.

Este texto contém análises e opiniões pessoais do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Mobiauto.

Leonardo França é formado em gestão de pessoas, tem pós-graduação em Comunicação Empresarial e Marketing Digital, e vive o jornalismo desde a adolescência. Atua há 18 anos com gestão e consultoria automotiva, auxiliando pessoas a comprar carros em ótimo estado e de maneira racional. É criador dos canais Autos Originais e Auto e Autos…

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