Sonho do carro voador vira realidade por R$ 1,66 milhão

Novíssimo Land Aircraft Carrier (LAC), da Xpeng AeroHT, combina picape 6x6 e módulo aéreo com dois lugares e 35 minutos de autonomia de voo
HG
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19.01.2025 às 20:00
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Novíssimo Land Aircraft Carrier (LAC), da Xpeng AeroHT, combina picape 6x6 e módulo aéreo com dois lugares e 35 minutos de autonomia de voo

O sonho do carro voador habita a imaginação dos apaixonados por automóveis, desde que eles – os carros – se tornaram dominantes nas ruas das grandes cidades. Muitas alternativas foram anunciadas e mesmo aquelas dadas como certas sucumbiram às regulamentações aeroviárias – afinal, um veículo que voa deve atender as leis que regulamentam e tributam a aviação, não bastando “vestir” asas num Fusca ou num Compass para sair flanando pelos ares, impunemente.

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Mas 2025 inaugura um novo capítulo sobre o tema já que, desta vez, o pragmatismo chinês – o mesmo pragmatismo que está matando os modelos equipados com motores a combustão com EVs melhores e mais baratos – criou um produto para grandes volumes e perfeitamente adequado às exigências legais internacionais.

Trata-se, portanto, da materialização de um sonho de pelo menos meio século, que o leitor vai conhecer em todos os detalhes: apresentamos Land Aircraft Carrier (LAC), da Xpeng AeroHT, a grande sensação do Consumer Electronics Show (CES) 2025.

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As entregas do carro modular voador, que fez sua grande estreia na edição deste ano da maior feira de eletroeletrônicos do mundo, em Las Vegas (EUA), só começam em 2026, mas pelo preço inicial de 2 milhões de yuans (o equivalente a R$ 1,66 milhão), já é possível encomendar o seu – por enquanto, apenas na China.

Trata-se, na verdade, de uma combinação que tem uma picape de três eixos (os traseiros também são direcionais), com tração 6x6 e 5,50 metros de comprimento como “nave-mãe” e seu módulo aéreo, um eVTOL, que nada mais é do que uma aeronave elétrica de decolagem e pouso vertical. Visto de fora, o módulo aéreo parece um grande drone envidraçado (o cockpit panorâmico garante 270 graus de visão) com seis pás e dois lugares.

“Nosso objetivo é levar a liberdade de voar a todos, apostando em inovação para a mobilidade de baixa altitude”, disse o presidente da AeroHT e vice-presidente da mesa diretiva da Xpeng, Grian Gu, durante a apresentação do LAC, em Las Vegas. “Chamamos nosso produto de ‘o primeiro carro voador modular’ para o mercado de massa”, completou Gu.

O eVTOL fica escamoteado na caçamba da picape e é liberado por um simples toque de botão – a operação de acomodá-lo de volta, na “base”, é mais trabalhosa e leva cinco minutinhos. O modelo apresentado pela Xpeng AroHT no Zhurai Air Show, há apenas dois meses, fez voos em que o planejamento da rota, decolagem, cruzeiro, retorno e pouso foram feitos automaticamente.

A operação manual da aeronave é bem mais simples que a de um helicóptero e o fabricante garante que os usuários levarão apenas três horas de instrução para aprenderem a pilotá-lo. Até agora, 12 empresas confirmaram mais de 2.000 pedidos do LAC que, por enquanto, só está disponível na China – lá, ele está em fase final de certificação pela autoridade que regula a aviação civil (CAAC).

O módulo aéreo tem capacidade para até seis decolagens diárias e a recarga de suas baterias é feita pela própria “nave-mãe”. Seu teto de operação é de 1.000 metros de altitude e, com 560 kg, seus voos panorâmicos podem durar até 35 minutos.

Para atender aos padrões de aviação, seus sistemas possuem redundância tripla, ‘cerca eletrônica’ (que delimita sua área de voo), navegação multifonte e adaptabilidade ambiental dupla e compatibilidade eletromagnética (EMC) que evita interferências.

Já a picape conta com um motor elétrico de autonomia estendida (EREV), arquitetura elétrica de 800 volts e tem alcance misto de 1.000 quilômetros. O tempo de recarregamento do eVTOL, de 30% a 80% da capacidade de suas baterias, é de apenas 18 minutos.

Aeronavegabilidade

O negacionismo brasileiro pode levar à crença de que basta comprar um LAC e sair flanando pelos ares – ledo engano. Como ocorre em qualquer país, estado, província ou cidade deste mundo, a mobilidade de baixa altitude também é regrada e, para voar no modelo, o consumidor brasileiro terá que esperar pela certificação local de aeronavegabilidade.

Antes, é bom alertar os mais ansiosos que China, Estados Unidos e alguns emirados árabes são os únicos lugares que vêm avançando neste sentido e que, no caso deste modelo, existem leis diferentes para a “nave-mãe”, que é um automóvel, e para o módulo aéreo.

Atrás da Grande Muralha, a Xpeng AeroHT concluiu contratos de cooperação com mais de 70 campos de voo para construir um ecossistema não só para o LAC, mas também para o X2, modelo para transporte pessoal destinado a áreas urbanas e até regiões marítimas.

Lá, o fabricante fornecerá aos usuários uma gama completa de soluções de voo, incluindo suportes e serviços, além da certificação de parceiros para treinamento dos usuários.

“A aceitação do nosso pedido de certificado de tipo pela CAAC é a última etapa para a aprovação regulatória e nossas demonstrações de voo tripulado vêm atestando a grande demanda de mobilidade avançada por meio de soluções escaláveis”, destaca Gu, enfatizando que a Xpeng AeroHT desenvolveu uma estratégia de produto em fases: a primeira, é o lançamento comercial do LAC; a segunda, a apresentação de um eVTL de longo alcance e velocidades de cruzeiros mais altas; e, a terceira, a integração de um novo sistema de transporte terra-ar, sem interrupções.

Apesar de estimar um volume de produção de apenas 10 mil unidades, para o LAC, a Xpeng inaugurou, no último mês de outubro, uma fábrica para produção exclusiva do módulo aéreo – a picape será feita em outra planta, dividindo a linha de montagem com outros EVs da marca.

Esta capacidade será alcançada já em 2026 e, a depender do interesse dos chineses, que garantiram mais de 3.000 pedidos (soma dos pedidos empresariais e particulares) na pré-venda, é bem possível que a previsão seja concretizada. É esperar para ver!

Este texto contém análises e opiniões pessoais do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Mobiauto.

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