Os (poucos) carros que serão lançados no Brasil ainda abaixo de R$ 100.000

Fabricantes olham cada vez menos para modelos de custo mais baixo e focam em consumidores que podem pagar mais
Camila Torres
Por
21.07.2022 às 16:00
Fabricantes olham cada vez menos para modelos de custo mais baixo e focam em consumidores que podem pagar mais

O segundo semestre já chegou e ainda tem muitos lançamentos de carros para desembarcar no Brasil ainda em 2022. A má notícia é que a maioria deles chegará por valores acima de R$ 120.000. Ou seja, o segmento de carros mais acessíveis, foi praticamente esquecido pelas fabricantes.

Pouquíssimos serão os lançamentos dentro de uma faixa até R$ 100.000, o que confirma que o carro popular no Brasil está cada vez mais próximo do fim em nosso mercado.

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Quando olhamos para os lançamentos do segundo semestre de 2022 e início de 2023, com exceção do Citroën C3, dos irmãos Fiat Argo e Cronos levemente renovados, do Hyundai HB20S e, talvez, do novo VW Polo 170 TSI, todos os outros modelos chegarão por valores bem mais salgados. Veja a lista:

1. Fiat Fastback: acima de R$ 120.000
2. Citroën C3: acima de R$ 70.000
3. Honda HR-V: acima de R$ 130.000
4. Fiat Argo e Cronos 1.3 CVT: acima de R$ 90.000
5. Fiat Cronos 1.0: acima de R$ 75.000
6. Hyundai HB20S: acima de R$ 80.000
7. Jeep Gladiator: acima de R$ 500.000
8. Novo Volkswagen Polo 170 TSI: acima de R$ 90.000
9. Novo Volkswagen Virtus 170 TSI: acima de R$ 100.000
10. Kia Sportage: acima de R$ 220.000
11. Novo Nissan Sentra: acima de R$ 150.000
12. Honda Civic e:HEV: acima de R$ 160.000
13. Peugeot Landtrek: acima de R$ 200.000
14. Chevrolet Silverado: acima de R$ 400.000
15. Chevrolet Bolt EUV: acima de R$ 300.000
16. Jeep Grand Cherokee 4xe: acima de R$ 500.000

Leia também: 10 carros que serão lançados ainda em 2022

Há três anos, consumidores reclamavam que os carros populares custavam cerca de R$ 50.000. Estavam de barriga cheia, porque agora não é possível sequer comprar um Renault Kwid por menos de R$ 60.000. Para quem deseja um pouco mais de espaço, como no novo Citroën C3, só acima de R$ 70.000.

A cada mês os reajustes deixam os valores mais próximos da casa dos seis dígitos e já temos mais “carros populares” acima dos R$ 100.000 do que abaixo deles. A inflação, a desvalorização do real e crise de semicondutores são as principais responsáveis por uma alta tão atenuada nos valores dos automóveis.


A estratégia é priorizar quem pode pagar mais

Fabricantes olham cada vez menos para modelos de custo mais baixo e focam em consumidores que podem pagar mais

Com a falta de insumos no mercado mundial, as fabricantes optaram pela estratégia de priorizar os carros mais caros. Assim perdem em volume, mas ganham em rentabilidade por unidade vendida. 

Até porque, os consumidores com maior poder aquisitivo, tiveram seu poder de compra menos abalado que a população com renda mais baixa. Quer um exemplo? Em 2021, a Volkswagen dobrou o lucro vendendo 2,4 milhões de carros a menos que em 2019.

As versões de entrada foram as mais impactadas com as filas de espera, pois a prioridade está nas mais caras. Ano passado, quando todas as configurações da Fiat Strada chegavam a 120 dias de espera, a versão topo de linha, Volcano, era a única com prazo de entrega entre 40 e 60 dias. 

Essa não é uma realidade de 2021, quando olhamos para a lista dos dez carros mais vendidos em 2022, cinco deles estão acima dos R$ 120.000 com versões que passam de R$ 200.000 como no caso da Fiat Toro e do Jeep Compass. 

Modelos de entrada, que deveriam ser mais acessíveis como Chevrolet Onix e Hyundai HB20, já ocupam faixas de preço entre R$ 80.000 e R$ 110.000. A Fiat Strada, modelo que lidera o ranking, tem uma única versão na casa dos cinco dígitos. 

Leia também: Os 10 carros automáticos mais baratos no Brasil em 2022


Dez carros mais vendidos no 1º semestre de 2022
Fabricantes olham cada vez menos para modelos de custo mais baixo e focam em consumidores que podem pagar mais

1. Fiat Strada: 51.046 unidades - entre R$ 93.890 e R$ 123.690
2. Hyundai HB20: 42.834 - entre R$ 76.690 e R$ 114.390
3. Chevrolet Onix: 33.850 - entre R$ 77.450 e R$ 105.950
4. Volkswagen T-Cross: 32.871 - entre R$ 111.800 e R$ 159.390
5. Fiat Mobi: 31.453 - entre R$ 63.390 e R$ 66.390
6. Jeep Compass: 31.029 - entre R$ 177.713 e R$ 251.800
7. Hyundai Creta: 29.255 - entre R$ 124.790 e R$ 171.790
8. Chevrolet Tracker: 26.966 - entre R$ 117.390 e R$ 153.250
9. Chevrolet Onix Plus: 26.941 - entre R$ 84.850 e R$ 111.650
10. Fiat Toro: 25.863 - entre R$ 138.490 e R$ 213.390

A falta de componentes, aliada à estratégia das fabricantes para proteger seus caixas, provocou uma inversão na pirâmide de carros novos no Brasil, onde carros mais caros, como os SUVs, ganham cada vez mais mercado, e modelos de entrada perdem espaço, além de ficarem cada vez mais caros. 

Mas a equação é ainda mais complexa se considerarmos o fator de que nos últimos anos carros populares têm ganhado tecnologias inéditas e claro que isso tem um custo. Alguns itens são opcionais, mas outros itens de segurança são obrigatórios. Então, não tem como fugir.

O consumidor pode estar descontente, a ponto de ter que migrar para o mercado de seminovos ou até usados. Mas as fabricantes não só encontraram uma saída, como descobriram um mercado muito atrativo.


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