Na onda da caçamba: por que as picapes fazem tanto sucesso?
Você já pensou em ter uma picape? Ou já tem uma caminhonete, como o utilitário também é conhecido?
Durante alguns anos fiquei com uma Fiat Fiorino, depois troquei por outra. Eu sou Marcus Vinicius Gasques, do Carro é o Tema, e há muitos anos dirijo hatches.
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No momento há quase que uma febre sobre picapes no Brasil. Um em cada cinco veículos vendidos no país é uma caminhonete. Vou alternar entre os dois termos para o utilitário, assim ninguém estranha.
Essa tendência tem se manifestado por mais de um ano. Em 2023, foram mais de 400 mil unidades; no ano anterior, 330 mil, ou quase 18% das vendas de veículos zero-quilômetro.
“Este é o meu campeão de lucros”, destaca o texto em um anúncio da Ford F-75, ano-modelo 1971. Na foto, o sorridente proprietário aponta com o polegar para a caminhonete com a caçamba carregada de caixas com vegetais. Essa era a linguagem padrão para aqueles tempos, exibindo os utilitários em funções de trabalho na cidade ou zona rural.
Dez anos mais tarde, a Fiat, que havia dado a largada no segmento de picapes compactas, fazia um anúncio na TV com as versões Pick-up e City do modelo 147. O slogan era "enquanto uma trabalha, a outra se diverte", e o filme mostrava a caminhonete chegando na praia com cinco jovens, três deles na caçamba.
Já nos idos dos anos 1990, a Ford embarcava na sugestão de modelo adequado ao lazer ao mostrar em um anúncio de revista uma F-1000 movida a álcool, à frente de um balão a ar quente.
Trata-se disso: o utilitário com caçamba é um veículo de enorme versatilidade. Além do uso original como ferramenta de trabalho, passa a ideia de um estilo de vida agreste – imagem largamente reforçada pelo cinema norte-americano. Ou mesmo esportivo. Com a maior oferta de picapes compactas, por volta dos anos 1980 caminhonetes começaram a ser vistas como opção para espíritos jovens.
Mas foi nos últimos anos, na esteira do sucesso dos SUVs, que as montadoras passaram a investir mais em equipamentos, conforto e mesmo itens e acabamento de luxo a fim de explorar o filão dos utilitários de uso urbano. A oferta de cabine-dupla resolveu para famílias a restrição de modelos com apenas dois lugares. E o lançamento da Fiat Toro, em 2016, reforçou a faixa das picapes intermediárias no mercado.
Hoje a oferta se aproxima de 30 diferentes modelos de caminhonetes, número que se multiplica levando em conta versões equipadas com motores a combustão a gasolina, flex e diesel, mais as híbridas e as elétricas. E ainda pode-se escolher entre as compactas, intermediárias, médias e grandes, cabines simples, estendida e dupla, tração em duas ou quatro rodas.
Os preços começam pouco abaixo dos 100 mil reais, por uma Volkswagen Saveiro, e vão até perto dos 551 mil reais, valor inicial pedido pela Ram 1500 Limited Night Edition.
Caso você resolva ter uma caminhonete na garagem, há de ter um modelo que encaixe no seu gosto e no seu orçamento dentro dessa grande oferta. Assim como um jeito de se vestir, a picape pode definir um estilo de vida. Você vai poder contar com um veículo prático para transportar móveis, aparelhos domésticos e objetos em geral. Você e seus parentes e amigos: habitue-se com os pedidos de favor.
Existem alguns senões curiosos. Se não tiver uma capota marítima, acostume-se com a ideia de encontrar bitucas de cigarro e panfletos amassados na caçamba. Para quem pensa em modelos médios ou grandes, é importante checar antes se a garagem do prédio comporta – se esse é seu caso. Alguns estacionamentos pagos não aceitam picapes maiores por conta do seguro. Aliás, esse é outro aspecto que você deve levar em conta, principalmente se estiver pensando em um modelo a diesel.
Picapes são ótimas para quem pedala ou pratica esportes de aventura. Tem espaço de sobra na caçamba para equipamentos de caminhada, escalada ou mergulho. Nos modelos grandes, cabem até os balões a ar quente daquele anúncio da F-1000: caminhonetes são usadas para resgatar os balonistas onde eles pousam. Capota marítima, porém, nesse caso deixa de ser opcional e torna-se item obrigatório em nome de sua tranquilidade nas paradas na estrada.
Antes de decidir, além de fazer o test-drive na concessionária, pense na possibilidade de alugar uma caminhonete por alguns dias. E se você está de olho em uma picape das grandes, como a Ram 2500 ou a 3500, lembre-se de que é exigida CNH na categoria C, que permite dirigir veículos entre 3.500 e 6.000 kg. E para se habilitar nesta categoria, é preciso ter a CNH B há pelo menos um ano, não ter cometido infrações graves e gravíssimas e passar pelo exame toxicológico.
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Este texto contém análises e opiniões pessoais do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Mobiauto.