Jeep sobreviveu à II Guerra e “construiu” Brasília antes do status off-road

Marca das sete barras trilhou um caminho complicado antes de atingir o status que tem nos dias atuais
LA
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07.05.2025 às 21:35 • Atualizado em 24.06.2025
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Marca das sete barras trilhou um caminho complicado antes de atingir o status que tem nos dias atuais

Fundada em 1941, a Jeep foi fundada pela Willys, que ganhou um convite em 1940 para a construção de 70 veículos de reconhecimento leve 4x4, em uma concorrência com a Bantam. Esta marca entregou o projeto 30 minutos antes do término do prazo, e levou o contrato.

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Meses depois, o Exército americano incentivou a Willys e a Ford a fazerem seus modelos piloto, e encomendou à cada marca 1500 unidades. O Bantam BRC foi apresentado com motor 1.8 de 46 cavalos, o Ford GP com 2.0 de 46 cv e o Willys MA com motor de 2.2 de 60 cavalos, sendo escolhido o modelo da Willys por ser o mais potente, sendo assinado o contrato com a Willys em 23 de julho de 1941. Com isso, determinando a alternativa de produção com a Ford em 10 de novembro de 1941, denominado GPW e a Bantam quem de fato criou o Jeep como conhecemos foi dado a produção do trailer de carga.

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Divulgação/Jeep

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Ao final da Segunda Guerra Mundial, a Willys requisitou o registro do nome Jeep, o que foi contestado na justiça pela Bantam, que só deu o direito de usar o nome Jeep após a falência da Bantam em 1956.

Nesta época, a indústria nacional nascia, graças aos incentivos à produção nacional que começaram oficialmente em 1952, com o Aviso 288, da CEXIM. No ano seguinte, o Jeep foi lançado no Brasil com a fundação da Willys Overland do Brasil, e nacionalizado em 1954. O modelo era o CJ3-B, sucessor do modelo montado em CKD desde 1947 pela Gastal, 1948 pela Jeepasa e 1949 pela Agromotor, o CJ3-A. Este novo modelo continuava a ser um quatro cilindros e 2,2 litros, mas passava a ter válvulas de admissão sobre as câmaras de combustão, e fornecia 75 cv SAE (63cv ABNT), 14 cv SAE a mais que o modelo CJ3-A.

O crescimento mesmo veio a partir de 1956, quando tomou posse o Presidente Juscelino Kubitschek. Com o lema de crescer 50 anos em 5, vários setores foram incentivados, inclusive o automotivo. Como ato de seu governo, um grupo de trabalho foi criado com a missão de apresentar, em 30 dias, um plano para execução do parque automobilístico no país.

Foi aí que o GEIA (Grupo de Estudos da Indústria Automobilística) realmente viabilizou os esforços, os planos e as iniciativas referentes ao parque automobilístico nacional. Embora os primeiros automóveis realmente produzidos em solo nacional datem de 1956, estreia feita pelo Romi Isetta e DKW Vemaguet, a produção se iniciou de forma efetiva em 1957.

Divulgação/Jeep

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Neste mesmo ano, era produzido o Jeep CJ5. Maior, mais largo e mais pesado que os CJ-3, nasceu com o motor Hurricane de quatro cilindros mas logo ganhou, em 1958, o motor BF-161, de seis cilindros, 2,6 litros e 90cv SAE (75cv ABNT) a 4400rpm e 18,7kgfm de torque a 2000rpm, capaz de levar o guerreiro de 0 a 100km/h em 26,8s e 118km/h de velocidade máxima. Seu consumo era alto, percorrendo 4km/l na cidade e 6km/l na estrada, com gasolina. Este motor era o mesmo da Rural e do Aero-Willys, sedan que também usou a base do CJ-5.

Versátil, era visto nas construções, puxando arado e levando alunos às faculdades. Assim, ajudou a construir Brasília/DF, grande marco do governo JK, além de desbravar as estradas precárias deste Brasil que saltava de um país tipicamente rural para um país urbano, e por dois anos consecutivos, 1957 e 1958, foi o carro mais vendido do Brasil.

Nos anos seguintes, outros modelos figuravam nesse posto, sendo o VW Sedan a preferência nacional por 24 anos consecutivos, mas o Jeep nunca saiu de cena. O Jeep foi fundamental para o crescimento acelerado que o Brasil tinha à ocasião. Com o Brasil em crescimento, e com estradas tão ruins, era de se esperar que um modelo com robustez mais do que provada desbravasse as estradas e tudo o que pudesse.

No Brasil, a linha Jeep incluía ainda a Rural (o primeiro SUV nacional, digamos assim) e a Pick-up Jeep, ambas reestilizadas pelo designer americano Brooks Stevens em 1960 exclusivamente para nosso mercado, ganhando uma grade moderna que lembrava as colunas que Niemeyer projetara para a nova capital, Brasília.

Depois que a Ford comprou a Willys, em 1967, os modelos foram rebatizados, onde a Pickup Jeep passou a se chamar F-75, a Rural Willys passou a se chamar Rural Ford, e o Jeep ganhou o nome Ford Jeep.

A partir de 1976, os modelos passaram a ser equipados com o motor Ford OHC de 2,3 litros do Maverick, capaz de entregar 91 cv SAE (76cv ABNT) a 5000 rpm e 17 kgfm de torque a 3000 rpm. Com rotação mais alta, e graças a sua concepção mais moderna, era mais eficiente. Agora, fazia 6 km/l na cidade e 9 km/l na estrada. De 0 a 100km/h agora era em 23,3 s, mas a velocidade máxima diminua para 114 km/h. A Ford Rural saiu de linha em 1977, e em 1983, saiam de linha a F-75 e o Jeep, mas sua história não acabava em nosso país.

A Jeep continuava no mundo, e desde 1962 era fabricado o modelo Jeep Wagoneer, o primeiro no conceito utilitário esportivo 4x4 de luxo do mundo. Foi sucessor de nossa Rural no exterior e trouxe avanços inéditos como suspensão independente, direção hidráulica, ar-condicionado, e transmissão automática. O modelo deu tão certo que foi produzido com alterações mínimas até 1991.

Jeep/Divulgação

Jeep/Divulgação

Em 1974, com a popularização dos SUV, começa a fabricação do Jeep Cherokee CJ, uma versão inicialmente 2 portas e mais compacta que o Wagoneer, mas que logo ganhou 5 portas e se tornou o maior sucesso da marca.

Em 1987, a Jeep apresentava o sucessor da linha CJ, o Jeep Wrangler (YJ). Com o design inspirado no Jeep Clássico, trazia o requinte técnico do Cherokee, com foco em conforto para uso diário. Era caracterizado por seus faróis retangulares, e contabilizou ao redor do mundo mais de 685 mil unidades vendidas.

Já em 1993 chegava ao mercado o Grand Cherokee, modelo de enorme sucesso ao redor do mundo. Trazia os 3 modelos de tração como Command Trac, Select-trac e Quadra-trac, Airbag para o motorista, Freios ABS e motores V8 de até 5,9 litros, com um ronco imponente, fazendo jus ao seu porte. Hoje, este clássico ainda é visto na mão de homens bem-sucedidos que os compraram 0 km ou trilheiros, que usam sem dó.

No ano de 1997 chegava a segunda geração da linha Jeep Wrangler (TJ), agora com faróis redondos, molas helicoidais para maior conforto e estabilidade, além da versão Longo Unlimited apresentada em 2004, com maior entre eixos.

Em 2003 chegava ao mercado a terceira geração do Cherokee, com forte inspiração dos Wrangler. Este modelo fez ainda mais sucesso, e tornou-se sonho de consumo de uma geração que admirava o SUV de luxo. Foi chamado de Jeep Liberty em alguns mercados, inclusive no Mercado Norte-americano.

Divulgação/Jeep

Divulgação/Jeep

Para 2007, era apresentado o Jeep Compass, um utilitário com vocação mais urbana, moderno e confortável. Neste mesmo ano, o Jeep Wrangler chegava a sua terceira geração, maior e mais largo, com freios ABS, controle de estabilidade e controle de tração.

Em 2014, era lançada a nova geração do Cherokee, com o design que inspiraria outros modelos da marca. Seu foco eram os itens de conforto e conectividade, sem deixar de lado seu espírito aventureiro.

No ano de 2015 a marca retorna ao Brasil, no mesmo ano em que foi lançado mundialmente o Jeep Renegade. Sua plataforma, frame, tração, suspensão vieram do Fiat. Trouxe diversas referências estéticas aos antigos Jeep militares e uma gama diversificada de motores, com propulsores Diesel, Flex e Gasolina, todos com quatro cilindros em linha e opção de transmissão manual, automatizada e automática, esta última com nove marchas.

Em 2016 a segunda geração do Compass passava a ser fabricada no Brasil em quatro versões: Sport, Longitude, Limited e Trailhawk, tornando-se um sucesso desde seu lançamento. Intitulado o melhor 4x4 do mundo por algumas mídias, o modelo é fabricado em Pernambuco/PB.

No ano de 2022, foi apresentado o Jeep Commander, um SUV-zão de 7 lugares e muito luxo. Usando motor1.3 GSE turbo flex (o mesmo doSUV médio Compass e da picape Fiat Toro) ou a versão aprimorada do 2.0 turbodiesel de 170 cv (TD380), com muuuuito torque.

Seja no sítio, na fazenda, na trilha ou mesmo no shopping, a Jeep se consolidou como a marca preferida pelos amantes dos forade  estrada, e com muitos méritos, afinal, é o fora de estrada mais querido do Brasil e seus SUV configuram entre os mais vendidos em seus respectivos segmentos.

Este texto contém análises e opiniões pessoais do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Mobiauto.

"Leonardo França é formado em gestão de pessoas, tem pós-graduação em comunicação e MKT e vive o jornalismo desde a adolescência. Atua como Consultor Organizacional na FS-França Serviços, e há 21 anos, também como consultor automotivo, ajudando pessoas a comprar carros em ótimo estado e de maneira racional. Tem por missão levar a informação de forma simples e didática. É criador do canal Autos Originais e colaborador em outras mídias de comunicação."

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