Em quais cenários os preços dos combustíveis podem voltar a cair?

Professor de economia faz previsão para 2022 e diz que gasolina pode cair se distribuidoras cobrarem mais barato.
Camila Torres
Por
11.11.2021 às 13:54
Professor de economia faz previsão para 2022 e diz que gasolina pode cair se distribuidoras cobrarem mais barato.

Todos os quatro combustíveis usados por veículos no Brasil estão entre os dez itens com maiores índices de aumento nos últimos 12 meses, segundo levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). 

O etanol ocupa o segundo lugar do ranking, com alta de 67,41% somada em um ano, enquanto a gasolina ocupa a sexta posição, com 42,72%. O diesel, oitavo na lista, já registrou 41,34% de reajustes acumulados no mesmo período, ante 39,58% do GNV (gás natural veicular), décimo colocado.

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A gasolina sai da Petrobras pelo valor médio de R$ 2,33, segundo valores oficiais divulgados no fim de outubro, mas chega à bomba custando mais de R$ 6,00 em São Paulo (SP), mais de R$ 7,00 no Rio de Janeiro (RJ) e acima dos R$ 8,00 o litro em Bagé (RS), após aplicados impostos e margens de distribuidores e postos.

Em um jogo de empurra-empurra, a petrolífera brasileira alega que o valor que ela cobra pelos combustíveis não chega a um terço do preço final cobrado nos postos, enquanto os donos de postos e distribuidoras reclamam de margens baixas e governos (federal e estaduais) afirmam que não houve aumento da carga tributária.

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Enquanto um tenta jogar a culpa para o outro, os preços seguem subindo e afetando diretamente o orçamento das famílias brasileiras. Veja no gráfico abaixo quanto cada componente interfere para chegarmos ao custo final do litro da gasolina nas bombas:

Professor de economia faz previsão para 2022 e diz que gasolina pode cair se distribuidoras cobrarem mais barato.

Para entender se há alguma chance de os valores voltarem a baixar em um futuro próximo, como janeiro de 2022, convidamos Paulo Feldmann, professor de economia da Universidade de São Paulo (FEA-USP), para falar sobre o tema. 

Alguns meses atrás, Feldemann ajudou a explicar, em outra entrevista para a Mobiauto, por que o preço da gasolina está subindo sem parar no Brasil. Agora, ele comenta em quais cenários seria possível termos uma redução dos preços cada vez mais assustadores. 

Segundo o especialista, três fatores precisam ser considerados e podem interferir para uma eventual baixa nos preços em 2022. 

Leia também: Por que o preço da gasolina está subindo sem parar no Brasil?


O valor da gasolina irá cair em 2022?

Professor de economia faz previsão para 2022 e diz que gasolina pode cair se distribuidoras cobrarem mais barato.

“Essa pergunta é muito complexa e depende de vários componentes, mas analisando todos o cenário, a minha aposta é que sim”, afirmou o economista. “Existem dois componentes que definem o preço da gasolina: o valor do barril de petróleo e a taxa de conversão de real para dólar”, afirmou Feldmann.

O barril do petróleo é vendido por US$ 84 e o valor do câmbio do dólar está em [aproximadamente R$ 5,50, valores levantado pela nossa redação na última quarta-feira (10). 

Mesmo com a alta do valor do barril e do câmbio, o professor chama atenção para um outro fator: “A gasolina sai da Petrobras a R$2,30. Por que ela chega à bomba a R$ 7,00? Os responsáveis não são só esses dois fatores citados, mas também o preço cobrado pelas distribuidoras. Mas há solução”. 

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Gasolina pode voltar a custar R$ 6,00 em 2022

Professor de economia faz previsão para 2022 e diz que gasolina pode cair se distribuidoras cobrarem mais barato.

Questionado sobre a previsão otimista, Feldmann justifica sua aposta: “Estou me baseando em três fatores: recuo no valor do barril de petróleo, estabilização do preço do dólar e diminuição do custo da distribuição”.

O especialista completa: “O petróleo é o único setor da economia mundial onde existe um cartel [oficializado]. Isso quer dizer que os produtores não competem entre si: eles combinam os preços entre si e cobram o que querem. Só que eles estão sendo pressionados a diminuírem o valor”, pondera.

Mas não se anime tanto. O professor acredita que essa queda seja em torno de 10%, bem aquém dos cerca de 50% de aumento que tivemos ao longo do último ano só para a gasolina.

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Quanto ao valor do câmbio, Feldmann explica que o cenário mostra estabilidade, e que não deve ultrapassar a média dos últimos meses. Em relação ao valor cobrado pelas distribuidoras, é onde ele fica mais cauteloso. 

“O governo pode agir em cima do valor de distribuição de petróleo e impor um limite. O Bolsonaro privatizou uma das maiores distribuidoras da Petrobras e ela está cobrando muito caro para distribuir. Se ela diminuir o valor, as outras vão recuar também”. 

Considerando que esses três fatores se concretizem - queda no preço internacional do barril do petróleo, dólar estável e interferência do governo nos valores de distribuição -, o economista acredita que a gasolina pode voltar a custar em torno de R$ 6,00 ou até R$ 5,50 em cidades como São Paulo. 

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“Estou apostando na diminuição de [até] R$ 1,00 por litro. Sendo assim, nas cidades em que a gasolina já chega a R$ 7,00, o valor pode cair para R$ 6,00. E em cidades onde o combustível está em torno de R$ 6,50, recuaria para 5,50. Chances temos”, completa.


Confira o valor da gasolina na refinaria e nos postos em cada Estado:

*Dados fornecidos pela Petrobrás e levantados pela ANP (Agência Nacional do Petróleo) de 24 a 30 de outubro de 2021

Alagoas: R$ 2,29 – R$ 6,56
Amazonas: R$ 2,27 – R$ 6,61
Ceará: R$ 2,27 – R$ 6,91
Distrito Federal: R$ 2,43 – R$ 7,12
Espírito Santo: R$ 2,33 – R$ 6,74
Goiás: R$ 2,43 – R$ 7,18
Maranhão: R$ 2,25 – R$ 6,52
Minas Gerais: R$ 2,40 – R$ 6,97
Pará: R$ 2,27 – R$ 6,66
Paraíba: R$ 2,25 – R$ 6,51
Paraná: R$ 2,31 – R$ 6,42
Pernambuco: R$ 2,27 – R$ 6,67
Rio de Janeiro: R$ 2,39 – R$ 7,21
Rio Grande do Norte: R$ 2,26 – R$ 7,23
Rio Grande do Sul: R$ 2,35 – R$ 7,01
Santa Catarina: R$ 2,36 – R$ 6,56
São Paulo: R$ 2,34 – R$ 6,33


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