Dacon Chubby: o insano VW Santana hatch com motor 2.0 do Gol GTi

Concessionária usava sedan médio como base para projeto, adicionava peças de Fusca e Passat, e até motor injetado na década de 90
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12.01.2023 às 10:03 • Atualizado em 16.02.2023
Concessionária usava sedan médio como base para projeto, adicionava peças de Fusca e Passat, e até motor injetado na década de 90

A Dacon (Distribuidora de Automóveis, Caminhões e Ônibus Nacionais) é uma concessionária Volkswagen fundada em 1964 e representante local da Porsche desde 1970. 

Com a restrição das importações na década de 70, fez fama com a customização de veículos, como VW Passat, VW Fusca, VW Brasília, entre outros.

Os projetos eram belíssimos, e muitas vezes usavam partes de Porsche, desde componentes estéticos e até mesmo componentes mecânicos, o que os tornavam exclusivíssimos no restrito mercado daquela época, tornando-se sonho de consumo entre os brasileiros mais endinheirados.

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Na década de 80, mais propriamente em 1982, a Dacon começou a oferecer produtos próprios, assinados pelo renomado designer nacional José Anísio Barbosa de Campos, ou simplesmente Anísio Campos.

Desta parceria, nasceram Dacon 822, 828, 928, PAG Nick, PAG Nick L, e o PAG Chubby, um dos precursores dos hatchs premium no Brasil, carro que falaremos hoje.

Lançado em 1990 e usando como base um VW Santana GLS duas-portas encurtado, o hatch usava fibra de vidro e metal, além de peças vindas de outros carros VW - como faróis e lanternas dianteiras do VW Gol, e lanternas traseiras da VW Quantum.

Sem calhas no teto, com desenho penetrante na dianteira e spoiler dianteiro mais próximo ao chão, tinha baixo nível de ruído em estradas em um andar macio, comparável aos melhores importados. 

Concessionária usava sedan médio como base para projeto, adicionava peças de Fusca e Passat, e até motor injetado na década de 90

Seu motor era o vigoroso AP-2000 com 112 cv na versão carburada. Opcionalmente, podia vir com 125 cv na versão injetada (o mesmo conjunto do Gol GTi e Santana EX) e 145 cv na versão 16 válvulas, usando o cabeçote do VW Golf GTI alemão e injeção - sendo inclusive o único veículo nacional a oferecer àquela época esta configuração. 

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Sua suspensão mais rígida, se comparada ao Santana, dava ao PAG Chubby uma estabilidade excelente, mantendo um conforto digno dos carros de luxo.

E por falar em conforto, o PAG Chubby oferecia o melhor que o mercado nacional tinha em seu tempo: direção hidráulica, ar-condicionado, toca-fitas, travamento automático das portas, retrovisores elétricos, rodas aro 14 com perfil 60, além de opcionais como câmbio automático, teto solar, injeção eletrônica e o tal cabeçote 16 válvulas importado do VW Golf.  

Para oferecer mais espaço ao diminuto porta-malas, o estepe era do tipo temporário, vindo do VW Fox GL (mais fino).

As cores eram as mesmas do Santana, assim como seu acabamento interno, mantendo o excelente padrão de qualidade da Volkswagen da época. 

Em outubro de 1990, para levar um PAG Chubby 2000 carburado e mecânico, era necessário desembolsar a quantia de Cr$ 5.234.000,00, equivalente hoje a R$ 554.402,65, em conversão direta pelo IGP-M (FGV). Se você optasse pela versão PAG Chubby 2000 carburado automático, o preço era Cr$ 5.506.000,00, ou R$ 583.213,80. 

Já a versão PAG Chubby 2000 injetado e mecânico custava Cr$ 6.194.000,00, equivalentes a R$ 656.089,04, e se a versão fosse o PAG Chubby 2000 injetado e automático, era necessário desembolsar Cr$ 6.469.000,00, ou R$ 685.217,95 em moeda atual. Não tivemos acesso aos valores da versão com cabeçote 16v.

Concessionária usava sedan médio como base para projeto, adicionava peças de Fusca e Passat, e até motor injetado na década de 90

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A modo de comparação, um VW Santana EX com câmbio mecânico custava à época Cr$ 4.162.339,00, equivalentes a R$ 440.888,76. O Santana era o carro de série mais caro vendido no Brasil, o que nos dá uma noção do que este mercado representava, e que público o comprava.

A chegada dos importados e seu alto preço encerraram sua breve carreira em 1991, quando a produção foi encerrada. 

Nunca se soube ao certo quantas unidades do Chubby foram produzidas nesses poucos meses de produção, mas sabemos que existem ao menos 7 unidades registradas de acordo com a PUP Consultoria, especialista em análise de dados e business intelligence, sendo 4 do ano de 1990 e 3 ano 1991.

Este carro é, sem dúvidas, um dos veículos fora-de-série mais raros do mercado nacional.

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