Cinco qualidades do VW Up! que nenhum outro carro popular teve

Subcompacto sai de linha sem cumprir o que a fabricante esperava dele, mas vai deixar saudades devido às suas virtudes
Por Leonardo Felix
09.04.2021 às 12:06
Subcompacto sai de linha sem cumprir o que a fabricante esperava dele, mas vai deixar saudades devido às suas virtudes

O VW Up! saiu de linha no Brasil após sete anos de existência e sem ter passado por nenhuma troca de geração. Foram mais de 230 mil unidades comercializadas, o que pode até passar um sinal de sucesso, mas para um carro que foi promovido como o “Fusca do século 21” a trajetória na verdade foi um fracasso, e dos mais retumbantes.

A Mobiauto já elencou cinco das razões que ajudam a explicar por que o modelo nunca embalou em nosso mercado como a fabricante esperava (ou desejava). É uma pena, pois o Up! é um projeto repleto de qualidades, tão moderno para o segmento em que deveria atuar que talvez não tenha sido devidamente compreendido pelo mercado.

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Por isso, e até como forma de homenagear o simpático subcompacto, preparamos este outro artigo, elencando cinco qualidades do Up! que nenhum outro carro de cunho popular no Brasil passou perto de igualar ou superar. Com o embasamento de alguém que é proprietário de um e conhece muito bem suas virtudes e defeitos. 

Muitas de suas virtudes são surpreendentes para um carro criado para atuar na porta de entrada do mercado de 0 km. E que talvez nenhum outro veículo de cunho “popular” ofereça. Afinal, o segmento se tornou um pesadelo para as fabricantes em nosso país e, como bem alertou nosso colunista Zeca Chaves, está à beira da morte.

Sem mais delongas, eis as cinco qualidades inconfundíveis do Up!:

1) Motorização moderna e aerodinâmica eficiente

Subcompacto sai de linha sem cumprir o que a fabricante esperava dele, mas vai deixar saudades devido às suas virtudes

Em toda sua jornada no Brasil, o VW Up! sempre apostou em uma motorização moderna, formada apenas por usinas de três cilindros muito eficientes e elásticas. Além disso, apesar de relativamente altinho, o subcompacto possui uma aerodinâmica refinada, o que contribui para um desempenho deveras satisfatório.

Mesmo na configuração 1.0 MPI aspirada, que rende 82 cv nos primeiros anos de vida do Up! e 84 cv nos mais recentes, o desempenho é esperto na cidade e minimamente decente até em rodovias, apesar de operar a aproximadamente 4.000 rpm quando o veículo atinge 120 km/h. Já a 1.0 TSI, turbinada e com 105 cv, faz inveja a muito carro 1.6 ou 1.8.

O único porém é o nível de vibração proporcionado pelos três-cilindros. Ele é grande em relação a outros modelos com motor de arquitetura similar que chegaram depois, incluindo da própria VW, como os Polo MPI e 200 TSI.

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2) Consumo pequeno e autonomia grande

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Ao mesmo tempo em que não faz o motorista passar raiva por falta de fôlego, o Up! entrega um consumo de combustível extremamente baixo. Seja com a configuração aspirada ou turbinada, é fácil obter médias que orbitam a faixa de 15 km/l na cidade com gasolina. 

Com isso, a autonomia entre dois reabastecimentos proporcionada pelo tanque do Up!, que possui ótimos 50 litros (como comparação, o do Fiat Mobi tem 47 l e o do Renault Kwid, apenas 38 litros), pode atingir a faixa de 700 km sem grandes dificuldades. Eu mesmo já cheguei a passar dois meses rodando com um mesmo tanque.

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3) Segurança e estabilidade

Subcompacto sai de linha sem cumprir o que a fabricante esperava dele, mas vai deixar saudades devido às suas virtudes

Uma das maiores virtudes do Up! é o nível de segurança. E olha que a versão brasileira do modelo “capou” alguns elementos, como o controle de estabilidade (havia apenas o controle de tração nas versões mais caras) e os airbags laterais e de cortina.

Ainda assim, a VW manteve em nosso país a construção de uma carroceria formada em quase 8% por aços conformados a quente (muito mais resistentes e leves), além de outra boa parcela de uso de aços de ultra alta resistência e alta resistência. Também não abriu mão das barras de proteção das portas laterais, enquanto outras fabricantes o fizeram ao nacionalizar compactos derivados de projetos europeus ou americanos.

Como resultado, o Up! não apenas oferece mais segurança em caso de colisão, mais até do que modelos de segmento superior, como Hyundai HB20, Ford Ka e o antigo Peugeot 208 -, como também se mostra muito mais estável a velocidades mais altas, graças ao ótimo nível de rigidez torcional. 

Não acredita? Então experimente rodar a 110 ou 120 km/h com ele em uma rodovia e depois faça o mesmo com um Mobi ou um Kwid. A diferença será abissal.

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4) Aproveitamento de espaço

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Outra boa sacada do Up! é o seu excelente aproveitamento de espaço. É claro que ele ainda é um carro relativamente apertado, afinal é um subcompacto. Mas, novamente, temos um tratamento muito mais digno para cabeça, ombros e pernas dos ocupantes do que naqueles que deveriam ser seus concorrentes diretos, Mobi e Kwid.

Parte desse arranjo se deve ao cofre do motor, extremamente compacto e que confere ao Up! um ar de monovolume. Desde o início o modelo foi concebido para aceitar apenas propulsores de baixa capacidade cúbica. Tanto que a VW teve de estender a grade e o para-choque dianteiro do hatch em 4 cm para aplicar o turbo na configuração TSI.

Além disso, a engenharia brasileira já havia esticado o balanço traseiro do Up! nacional em 6 cm no comparativo com o europeu, o que permitiu um incremento no volume do bagageiro de 251 para 285 litros. É bem mais do que os 200 l do Mobi e, inclusive, empata com o volume do porta-malas do atual Chevrolet Onix. Mas ainda perde para os 290 l do Kwid.

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5) Confiabilidade

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É claro que o VW Up! possui alguns problemas específicos de projeto. Nenhum carro é perfeito. Os mais comuns são: a tendência ao empenamento dos discos de freio (o meu sofreu isso): a rigidez excessiva das suspensões, que leva as molas a gerar ruídos; a direção elétrica mais rígida do que o habitual; falhas nos bicos injetores de unidades turbinadas; barulhos de acabamento interno (o meu faz um barulho de grilo devido ao contato do rádio com o painel).

Mas todas são falhas relativamente simples. Nenhuma coloca em risco a segurança dos ocupantes (talvez o empenamento dos freios, a depender do grau e da velocidade em que se estiver trafegando) nem demanda reparos absurdamente caros. Num geral, o trem de força e a mecânica num geral são confiáveis e costumam dar pouca dor de cabeça.

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