A bizarra minivan do Santana que foi negada pela Volkswagen

Projeto tinha o objetivo de invadir um mercado ainda não explorado na China. Só esqueceram de consultar a matriz alemã sobre a ideia
Renan Bandeira
Por
23.02.2022 às 13:24
Projeto tinha o objetivo de invadir um mercado ainda não explorado na China. Só esqueceram de consultar a matriz alemã sobre a ideia

O Volkswagen Santana foi vendido no Brasil entre 1984 e 2006. Sua primeira geração era derivada do VW Passat B2 e chamava atenção pelo espaço interno e  conforto, sendo considerado o primeiro veículo de luxo da marca alemã por aqui.

A longevidade produtiva mostra como o sedan médio era querido pelos brasileiros, mas nada se compara ao amor que os chineses nutriram por esse veículo. O Santana chegou em 1985 à China como o primeiro modelo feito pela marca alemã no país.

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Projeto tinha o objetivo de invadir um mercado ainda não explorado na China. Só esqueceram de consultar a matriz alemã sobre a ideia

O projeto, inclusive, teve participação direta de engenheiros brasileiros, que ajudaram os chineses a implementar a linha de montagem e a desenvolver o Santana destinado àquele mercado. Até porque o nosso Santana foi usado como base para criar o modelo de um país cuja indústria ainda engatinhava na época.

O sucesso foi tamanho que o Santana B2 foi fabricado até meados dos anos 2000 no país. Seus sucessores não repetiram o desempenho do carismático B2 e a mais recente geração do sedan foi tirada de linha pela VW no fim do ano passado.

Amado pelos taxistas chineses, o Santana B2 quase ganhou uma desengonçada irmã minivan, fruto do obscuro projeto SVW7181. O conceito de MPV foi apresentado em 1989 pela Shanghai Automotive - joint venture da Volkswagen para atuar no mercado chinês, que desde 2011 é chamada de SAIC.

Projeto tinha o objetivo de invadir um mercado ainda não explorado na China. Só esqueceram de consultar a matriz alemã sobre a ideia

A minivan aproveitava não só a plataforma do Santana, como também alguns elementos visuais. Faróis, grade frontal e pára-choques eram descaradamente herdados do três-volumes. Já as lanternas vinham, veja só, da perua Quantum.

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Já a carroceria era completamente diferente. Com o Santana MPV, a parceira chinesa da VW queria investir em um mercado ainda pouco explorado por lá. A ideia parecia boa e o veículo tinha até personalidade, embora deixasse escancarado o jeitão de gambiarra.

Tanto que a matriz alemã da Volkswagen não gostou nada do conceito, e ordenou que a sigla da marca fosse retirada do nome do veículo imediatamente. Assim, o projeto SVW7181 passou a se chamar SH7181, como se fosse um desenvolvimento independente da Shanghai Automotive. 

Projeto tinha o objetivo de invadir um mercado ainda não explorado na China. Só esqueceram de consultar a matriz alemã sobre a ideia

No entanto, sem a força da marca alemã para fazer o conceito ganhar uma produção em série, a divisão chinesa desistiu da ideia pouco tempo depois.

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Até hoje não se sabe ao certo o motivo de a Volkswagen ter recusado a minivan do Santana. Ao que tudo indica, a empresa achava o protótipo leve demais para a categoria, mas há quem diga que o projeto continha problemas crônicos na parte elétrica.

Projeto tinha o objetivo de invadir um mercado ainda não explorado na China. Só esqueceram de consultar a matriz alemã sobre a ideia

Independente disso, a marca jogou fora a oportunidade de ser uma das pioneiras da categoria na China. E ela demorou para abrir os olhos ao segmento, tanto que seu primeiro veículo desse tipo foi o VW Touran, em 2003.

Dessa forma, a minivan desenhada pelo designer chinês da joint venture, Zhong Boguang, se tornou um dos Santana mais raros - e bizarros - do mundo.

Projeto tinha o objetivo de invadir um mercado ainda não explorado na China. Só esqueceram de consultar a matriz alemã sobre a ideia

Imagens: Divulgação - VW / Reprodução - CarNewsChina e ChinaCarHistory

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