Vendas de carros até R$ 80.000 triplicam em programa do governo

Volume de licenciamento de veículos até R$ 80.000 para pessoas físicas saltou 238% em junho, segundo a Anfavea. No teto de R$ 120.000, o crescimento foi de 51%
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07.07.2023 às 11:58
Volume de licenciamento de veículos até R$ 80.000 para pessoas físicas saltou 238% em junho, segundo a Anfavea. No teto de R$ 120.000, o crescimento foi de 51%

O programa de incentivo do Governo Federal à venda de veículos até R$ 120.000 tinha como objetivo estimular a venda dos chamados “carros populares” a pessoas físicas. A medida parece ter surtido efeito, pelo menos no mês de junho de 2023, pois as vendas de veículos até R$ 80.000 no varejo mais que triplicarem, crescendo 238%. Os dados são da Anfavea (Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores).

Inicialmente, o governo previa distribuir R$ 500 milhões em créditos tributários a serem divididos entre o varejo e as chamadas vendas diretas. Porém, a totalidade desses recursos foi usada por veículos destinados ao público PF, levando o Ministério da Fazenda a liberar outros R$ 300 milhões, estes sim divididos entre as duas modalidades.

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A Anfavea calcula um aumento de 51% nos licenciamentos de veículos de até R$ 120.000 para pessoas físicas na comparação entre junho e maio, saltando de 36,6 mil unidades para 55 mil. Só os carros de até R$ 80.000 saltaram 238%, ou seja, mais que triplicaram. Já aqueles entre R$ 80.000 e R$ 90.000 mais que duplicaram, crescendo 112%. Entre R$ 90.000 e R$ 100.000, a alta foi de 24%; entre R$ 100.000 e R$ 110.000, de 4%; entre R$ 110.000 e R$ 120.000, de 9%.

Faixa de preços Aumento dos licenciamentos (%)
Carros até R$ 80 mil 238%
Carros entre R$ 80 mil e R$ 90 mil 112%
Carros entre R$ 90 mil e R$ 100 mil
24%
Carros entre R$ 100 mil e R$ 110 mil
4%
Carros entre R$ 110 mil e R$ 120 mil
9%

Com a medida, o volume de emplacamentos de veículos leves no Brasil cresceu 8,2% em junho no comparativo com maio, de acordo com a Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores). Na comparação com junho de 2022, o crescimento foi de 8,61%. No acumulado do semestre, alta de 9,76% em relação ao ano passado.

Boom nos últimos dias do mês

Vale a observação de que, segundo a Anfavea, a média diária de licenciamentos de veículos leves no Brasil, que vinha abaixo de 5.000 unidades nos dois primeiros decênios de junho, só engrenou de verdade após o dia 20, passando a cerca de 7.000 exemplares/dia, e disparou entre os dias 27 e 30, justamente quando o programa liberou as vendas diretas subsidiadas.

Entre 27 e 29 de junho, o setor registrou médias entre 10.000 e 15.000 emplacamentos diários. Já no dia 30, alcançou um pico de quase 23.000 emplacamentos, volume que ajudou o mercado a atingir 179.691 emplacamentos no final do mês. E foram justamente as comercializações de veículos até R$ 120.000 que dispararam no período.

Dependência das vendas diretas e locadoras

Apesar dos números positivos nas vendas para pessoas físicas, o comportamento do mercado brasileiro de veículos leves em junho ainda se mostrou muito dependente das vendas para frotistas, especialmente para locadoras. Sozinhas, elas responderam por cerca de 27,6 mil emplacamentos só nos últimos quatro dias do mês.

Apesar disso, o programa do governo fez com que a participação das vendas diretas caísse de um pico de 49% alcançados em abril para 42% em junho, o menor índice percentual em todo o ano. As locadoras, sozinhas, chegaram a responder por 27% de todos os emplacamentos brasileiros no quarto mês de 2023. Agora, a participação foi de 20%.

No primeiro semestre deste ano, as locadoras foram responsáveis por emplacar 208.000 veículos leves, o equivalente a 22,25% do mercado. Apesar dessa fatia importante, o setor demandou 8% a menos do que no mesmo período de 2022, quando emplacou 226 mil automóveis e comerciais leves entre janeiro e junho.


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