Por que não dá para ter carro híbrido no Brasil a preço popular
Pode procurar nos sites das montadoras, até das chinesas, mas você não vai encontrar um veículo com motorização híbrida por até ou menos de R$ 100.000. O Fiat Pulse Hybrid é quem ostenta o título de híbrido mais barato do Brasil no momento, partindo dos R$ 129.990.
Claro que existem os diferentes tipos de híbridos: híbrido leve (MHEV), híbrido pleno (HEV) e híbrido plug-in (PHEV). Quanto maior a ação da parte elétrica no sistema, maior o preço e a tecnologia embarcada no carro. Então, por que um sistema tão rentável do ponto de vista do consumo não tem preços mais atrativos?
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No Fórum Direções Quatro Rodas: conexão Brasil-China, na última terça-feira (25), durante o debate sobre a atuação das marcas chinesas e a transformação da indústria brasileira, parte dessa resposta foi explicada pelo CEO da Jac Motors no Brasil, Sergio Habib.
Especialista em mercado automotivo, Habib explicou um dos motivos para grande parte dos híbridos pleno e plug-in ter um custo mais alto.
“De um lado você tem um motor a combustão, do outro um motor elétrico e um sistema para fazer tudo isso conversar...”, disse o CEO ao comentar sobre o custo para operação de todo o conjunto.
Outro detalhe importante levantado por Habib é questão da tributação. No Brasil, carros com motores 1.0 pagam um Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) mais baratos do que os veículos com propulsores de maior cilindrada. Ou seja, um motor movido a gasolina de 1.1 até 2.0 paga 9,78 % de IPI e os flex 8,28%.
Acontece que o 1.0 fica na casa dos 5,27%. Essa vantagem é assim desde 1993, com algumas alterações na porcentagem, mas sempre mais vantajosa.
Agora, olhe para a motorização da maioria dos veículos híbridos com o motor elétrico atuando. Os propulsores a combustão são em sua maioria com uma litragem de 1.5 para cima, principalmente dos chineses e ainda são a gasolina. Quem paga menos são os modelos da Toyota, como Corolla e Corolla Cross que pagam um pouco menos por serem híbridos flex.
Soma-se ao crescimento gradual da porcentagem do imposto sobre importação, que explicamos em detalhes nesse outro artigo.
“É preciso ter um motor 1.0 flex. Sem carros com preços inferiores a R$ 160 mil, a chamada invasão chinesa não deverá superar os 10% do mercado”, completou Habib.
Os híbridos mais vendidos no Brasil em 2024 foram GWM Haval H6 e BYD Song Plus, com preços a partir de R$ 219.000 e R$ 244.800, respectivamente.
Não à toa, a BYD já anunciou que o BYD Song Pro será seu primeiro veículo híbrido flex produzido no Brasil em sua futura fábrica em Camaçari (BA). Com isso, a montadora consegue eliminar os custos de importação e reduzir o IPI.
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Repórter
Encontrou no jornalismo uma forma de aplicar o que mais gosta de fazer: aprender. Passou por Alesp, Band e IstoÉ, e hoje na Mobiauto escreve sobre carros, que é uma grande paixão. Como todo brasileiro, ainda dedica parte do tempo em samba e futebol.