Os caminhões bicudos que mais marcaram as estradas brasileiras

Com o anúncio de uma série de despedida do Mercedes Atron, país ficará órfão dos cultuados caminhões de cabine semiavançada
LF
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09.12.2020 às 13:23
Com o anúncio de uma série de despedida do Mercedes Atron, país ficará órfão dos cultuados caminhões de cabine semiavançada

A Mercedes-Benz anunciou na última terça-feira (8) o lançamento de uma edição especial do clássico Atron 1635, marcando a despedida do último caminhão “bicudo” ainda em produção no Brasil. Serão apenas 12 unidades numeradas, oferecidas no showroom virtual da marca, que foi desenvolvido em parceria com a Mobiauto.

Além da numeração de 01 a 12, a edição limitada proporcionará ao proprietário um certificado, adesivação especial, rodas de alumínio, climatizador interno, geladeira portátil e rádio com entrada USB.

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A despedida encerra um ciclo de 31 anos de história dessa linha de caminhões bicudos da Mercedes no país, e nos leva a questionar: por que esses modelos, tão amados pelos caminhoneiros – que, inspirados nos clássicos bicudos americanos, alegam que modelos desse tipo oferecem mais conforto e segurança a bordo -, entraram em extinção em nosso país?

Com o anúncio de uma série de despedida do Mercedes Atron, país ficará órfão dos cultuados caminhões de cabine semiavançada

Bem... A resposta está em nossa legislação. Nos EUA, a medição das dimensões de um caminhão leva em consideração a cabine e a carreta de modos separados. Isso significa que os implementos são classificados independentemente do tamanho da cabine.

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Aqui, o Contran (Conselho Nacional de Trânsito) se baseia no conjunto cavalo mais implemento para chegar aos padrões, que, somados, devem ter um máximo de: 14 metros (simples); 18,15 m (articulado); 19,8 m (com reboque); 30 m (biarticulado).

Sendo assim, um caminhão bicudo, também conhecido como de cabine semiavançada, “rouba” alguns centímetros implementos em nosso país. Melhor investir em modelos de cara achatada, menos compridos, o otimizar assim o espaço destinado ao transporte da carga, não é mesmo? 

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Com o anúncio de uma série de despedida do Mercedes Atron, país ficará órfão dos cultuados caminhões de cabine semiavançada

É por isso que, além de achatados, nossos caminhões mais modernos também têm uma cabine quase sempre estreita e alta, passando longe do espaço interno dos cultuados bicudos americanos. Outra alegação dos empresários é que nossos caminhões de cara chata são mais leves e eficientes. Com isso, gastam menos combustível.

“Com o passar do tempo, esse tipo de veículo [caminhões de cabina semiavançada] foi perdendo espaço no mercado brasileiro, sendo substituído pelos modelos com cabina avançada, ou cara chata, até que chegou o momento de dizer adeus”, afirmou Ari de Carvalho, diretor de Vendas e Marketing Caminhões da Mercedes-Benz do Brasil, na divulgação de série de despedida do Atron 1635.

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Todavia, os bravos “bicudos” ajudaram por muitos anos um país de dimensões continentais e pífia infraestrutura ferroviária a se desenvolver, mesmo que aos trancos e barrancos, chegando a rincões pouco ou nada acessíveis.

Em homenagem a eles, a Mobiauto relembra cinco dos principais caminhões “bicudos” que rodaram em nossas estradas. Deixamos de fora algum modelo que você considera importante? Basta mencioná-lo nos comentários.

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Mercedes-Benz AGL – 1964 a 88

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Talvez nenhum “bicudo” seja tão icônico em nossas rodovias quanto a série Mercedes AGL, os populares “Mercedinhos”, que se tornaram símbolo de um período de crescimento acelerado da economia brasileira, especialmente nos anos 1960 e 70.

Lançada no fim da década de 50, mas com chegada ao país ocorrendo em 64, a família era composta por modelos icônicos, como o 1111 e o 1113, mas fez ainda mais sucesso com os lendários L-1313 e L-1513, trucados, além do LB-2213, traçado e dotado de tração 6x4.

Em suas configurações mais sofisticadas, trouxe inovações como motor seis-cilindros com injeção direta de 130 cv, câmbio com acionamento da reduzida por ar comprimido (girando um botão no seletor). As suspensões traziam feixe de molas transversal na dianteira e dois feixes longitudinais na traseira.

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Mercedes-Benz HPN/Atron – 1989 a 2020

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Trazida com a dura missão de substituir o já cansado AGL, a linha HPN (também conhecida como Série L) da Mercedes-Benz trazia um conceito de cabine semiavançada mais com cara de anos 80: cheia de traços e ângulos retos, formando uma cara “quadrada”. Além disso, era mais espaçoso e confortável que o antecessor.

A linhagem foi formada por modelos icônicos, como os L 1618, 1418A (de uso militar) e 1620 (o semipesado mais vendido do país por oito anos), ou os LS 1935, 1941, 1938 (primeiro cavalo-mecânico com gerenciamento eletrônico da marca) e 1632 (famoso pelo uso na área de construção civil).

Em 2011, a marca renovou a gama da família e adotou o nome Atron, usado até o encerramento de seu ciclo de vida. Com ele, o modelo carregou por longos anos o título de “último caminhão bicudo à venda no país”.

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Scania L 111 “Jacaré”

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Apesar de ter tido vida relativamente curta, com produção no país por apenas cinco anos (de 1976 a 81), o Scania L 111 (depois renomeado para L 111S) vendeu quase 10 mil unidades em nossas terras e se tornou um ícone de nossas estradas, principalmente pelo uso da clássica pintura laranja.

Vinha equipado inicialmente com motor turbinado de 203 cv, que depois passou a 264 cv e, finalmente, 305 cv. Ganhou o apelido de “Jacaré”, o mesmo de seus antecessores das linhas L 75, 76 e 110, por causa do bico muito proeminente e com abertura do capô para cima.

Ficou famoso pela durabilidade e pela manutenção relativamente simples, com custos baixos.

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Scania Série 3

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Uma das maiores lendas entre os caminhões bicudos brasileiro, certamente, é a linha Série 3 da Scania, produzida e vendida no Brasil entre 1991 e 98. Possui, até hoje, o modelo mais vendido pela marca em nosso mercado, o T 113, responsável por mais de 26 mil unidades comercializadas no período.

Trazia mimos interessantes para a época, como cabine com leito ou com teto maior, e vendas sob encomenda, oferecendo itens mais personalizados de acordo com a demanda de cada cliente. Tinha, ainda, o propulsor mais forte de sua época, um 11-litros de 360 cv, que mantinha a tradição de manutenção barata e fácil.

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Volvo N10

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Apesar de atuar no país desde 1936, a Volvo só tomou a decisão de ter uma fábrica local de veículos pesados no fim dos anos 70. Em 1980 saía de lá o primeiro caminhão nacional da marca, o N10, dotado de motor turbodiesel com 263 cv e câmbio ZF com oito marchas altas mais oito reduzidas, somando 16 velocidades.

Sua cabine semiavançada foi uma das pioneiras no conceito de modelos “quadradões”, com bom aproveitamento de espaço interno e leito generoso para os padrões da época. Trazia, ainda, tecnologias como painel de instrumentos completo, freio a ar comprimido e direção hidráulica. 

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