Como a Lego ajudou a revolucionar os veículos híbridos da Renault
O que você costuma fazer com peças da Lego? A pergunta é óbvia, montar o objeto pretendido da figura na caixa, certo? Então, um engenheiro da Renault foi além e usou as peças durante um Natal com a família para criar uma caixa de câmbio híbrida para a fabricante francesa.
O engenheiro Nicolas Fremau não só criou uma caixa de câmbio para híbridos, como também encontrou a fórmula mágica entre custo e benefício, pois seu projeto era viável do ponto de vista financeiro.
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De quebra, Fremau colocou a Renault no jogo com peças que se encaixavam em motores ICE com tração dianteira transversal. O engenheiro ainda criou uma caixa de velocidades com baixo atrito, capaz de elevar a eficiência do projeto.
Revolução na Renault
A caixa de velocidades convencional foi substituída por um segundo motor de arranque elétrico, capaz de ajustar as velocidades e encaixar as engrenagens. A tática usada para eliminar a embreagem de partida foi utilizar um motor elétrico que colocaria o carro em movimento. Assim, o motor a combustão entraria em funcionamento somente em velocidades superiores
O projeto apresentado pelo engenheiro provou ser 20% mais efetivo que os outros sistemas de propulsão convencionais. Tudo isso aconteceu há 10 anos, mas o feito de Nicolas continua atual.
Graças ao desenvolvimento do projeto que começou com peças de Lego, atualmente a Renault tem uma família de motorizações híbridas sem embreagem, a qual é chamada de E-Tech Hybrid, que foi lançada em 2020.
Como é o sistema?
Primeiro, o E-Tech Hybrid está posicionado onde estaria uma embreagem convencional de um motor comum. O gerador de arranque é acionado por uma engrenagem, a qual dá a partida no motor a gasolina e ainda ajuda a regenerar a energia da bateria híbrida. Outro ponto importante do sistema é que mesmo em velocidades acima dos 100 km/h é possível impulsionar o carro com o propulsor elétrico.
A primeira geração do sistema foi lançada há três anos e rendia 144 cv de potência associada a um motor aspirado a gasolina de 1.6 litros e uma bateira de 40 kw. Esse conjunto equipa as versões híbridas do Renault Clio, Captur, Arkana e Dacia Jogger.
Já a segunda geração produz 198 cv de potência, com um motor de três cilindros 1.2 litros. Esse sistema equipa o Renault Austral e deve fazer parte de outros modelos como o Rafale, um SUV médio.
Somente o projeto E-Tech Hybrid obteve 150 patentes e, de acordo com a Renault, os carros equipados com a tecnologia E-Tech Hybrid usam energia elétrica 80% do tempo. A previsão da montadora é que o sistema híbrido ainda tenha uns 12 anos de uso na Europa e até mais em outras partes do mundo.
Por aqui, a tecnologia ainda não desembarcou. No Brasil, a Renault tem o Kwid E-Tech, Megane e Kangoo, como veículos elétricos. Híbridos ainda não são uma realidade no país, mas está nos planos da marca para osfuturos lançamentos.
Por Vinicius Moreira
Repórter
Encontrou no jornalismo uma forma de aplicar o que mais gosta de fazer: aprender. Passou por Alesp, Band e IstoÉ, e hoje na Mobiauto escreve sobre carros, que é uma grande paixão. Como todo brasileiro, ainda dedica parte do tempo em samba e futebol.