Carro elétrico: estudo aponta que pneu “substitui” troca de óleo

Durabilidade até 26% menor, em relação aos modelos equipados com motor a combustão interna, já havia sido apontada pela consultoria Epyx, em 2023
HG
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28.03.2024 às 21:10
Durabilidade até 26% menor, em relação aos modelos equipados com motor a combustão interna, já havia sido apontada pela consultoria Epyx, em 2023

Quem pretende aderir à virada da eletromobilidade deve se preparar, porque os pneus podem durar até 26% menos, nos EVs, e até 12,5% menos, nos híbridos. Todos sabem que as ruas e estradas norte-americanas são muito diferentes das brasileiras, tanto em termos de engenharia quanto em relação à qualidade do piso, mas “pau que dá em Chico também dá em Francisco” e a mais recente pesquisa da J. D. Power, consultoria automotiva que é referência global na análise de dados, inteligência e comportamento dos consumidores, aponta que os proprietários de modelos elétricos estão assustados com o desgaste dos pneus de seus EVs.

“Parece que há um contraponto entre o aumento do alcance e a redução do desgaste dos pneus que precisa de uma solução conjunta entre fabricantes e fornecedores, sem sacrifício da performance e da segurança”, aponta a diretora de bechmarking e mobilidade da empresa, Ashley Edgar.

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Em relação às 19 marcas (entre elas a BFGoodrich, Bridgestone, Continental, Dunlop, Firestone, Goodyear, Hankook, Kumho, Michelin, Pirelli e a Yokohama) avaliadas por donos de médios-compactos, sedãs de luxo, esportivos e picapes, a Michelin ficou na primeira posição em três categorias.

Em setembro do ano passado, a consultoria britânica Epyx, que fornece soluções de aquisição, aluguel e revenda para locadoras, já havia revelado que a durabilidade dos pneus, nos EVs, era até 26% menor do que em um modelo convencional, equipado com motor a combustão – até 12,5% menor, nos híbridos.

Tomando por base estradas e ruas do Reino Unido – onde tanto o desenho quanto o pisto também são bem superiores às condições de rodagem brasileiras – a Epyx aponta que um veículo 100% elétrico demandará a troca completa do jogo de pneus 10.200 quilômetros antes de seu equivalente térmico.

Pode parecer pouco, mas se tomarmos por base uma pessoa que roda menos de 1.000 quilômetros por mês, trata-se de uma antecipação de quase dois anos e, isso, mesmo fazendo-se um rodízio anual.

De volta ao “Estudo Norte-Americano sobre Pneus como Equipamento Original” (‘U.S. Original Equipment Tire Customer Satisfaction Study’) da J. D. Power, publicado nesta semana, foi avaliada a satisfação de mais de 31 mil proprietários que adquiriram um zero-quilômetro há, no máximo, dois anos em quatro áreas: conforto, desgaste, aderência e aparência – respectivamente, em ordem de importância.

“Pesquisamos a satisfação geral do usuário com os pneus, sua expectativa em relação à substituição, recomendações e até mesmo o seu impacto na intenção de recompra de outro EV, ou seja, sua fidelização”, destaca Ashley M. Edgar.

Hoje, os problemas eletrônicos são os mais comuns e respondem por 54% das visitas dos donos de EVs aos concessionários, com a manutenção dos pneus em segundo lugar, respondendo por 18% das idas aos revendedores.

Perspectiva negativa

Na ponta do lápis, a nova pesquisa corroborou aquilo que também já havia sido apontado pelo estudo “Serviços para EVs: Hoje e Amanhã” (‘EV Service: Today and Tomorrow’), da CDK Global, especializada em impactos e tendências da virada da eletromobilidade.

“Mais de 40% dos concessionários que ouvimos disseram estar insatisfeitos com o treinamento de pós-vendas das montadoras. Nestes revendedores autorizados, apenas 20% – ou menos – dos funcionários passaram por este tipo de treinamento, o que leva a uma perspectiva bastante negativa para o futuro dos serviços, em que 42% dos ouvidos não sabem o que esperar em termos de demanda”, conta o chefe de pesquisas, Peter Kahn.

“Em 58% dos pontos assistenciais que estivemos, os gestores reportaram interesse dos próprios técnicos em passar por treinamento dedicado a EVs, mas ainda há muita resistência. Isso, sem falar no fato de que 12% dos donos deste tipo de veículo só buscam assistência em intervalos superiores a 18 meses”, acrescentou.

Um dos concessionários pesquisados pela CDK Global afirmou que “os pneus substituíram a troca de óleo, nos EVs”, fazendo uma analogia com aquela que é a ação preventiva mais comum na manutenção dos motores a combustão interna. Pior, os pneus que equipam os veículos elétricos são, em média, 60% mais caros – pelo menos nos Estados Unidos e Reino Unido.

“Os pneus para EV têm, frequentemente, compostos diferentes e paredes laterais reforçadas, o justificaria seus maiores preços”, pondera o diretor comercial da Epyx, Tim Meadows. Com o leitor pode ver o retrato completo das vantagens e desvantagens de EVs e modelos convencionais, quando comparamos seus custos de aquisição, propriedade e manutenção, ainda está em formação e uma imagem nítida só será visualizada nos próximos anos.

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Este texto contém análises e opiniões pessoais do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Mobiauto.

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