Carregar carro elétrico já pode estar mais caro que abastecer um a combustão
Em junho de 2022, a Mobiauto publicou uma matéria alertando que a recarga de carros elétricos de graça estava com os dias contados. No momento que fizemos a matéria, imaginávamos que demoraríamos um pouco mais para retomar o assunto.
No entanto, no recesso do fim de ano, ficamos com um Peugeot e-2008, versão elétrica da segunda geração do SUV. E um post da jornalista Milene Rios, que curiosamente também estava com um e-2008, chamou nossa atenção a respeito.
Ela relata que precisou carregar o veículo e se dirigiu até uma estação de recarga. Ela relata que a recarga custou R$ 1,95 por kWh. Como o Peugeot e-2008 tem 50 kWh de capacidade nas baterias, uma recarga completa com esse modelo sai por R$ 97,50. Nesse cenário, o custo por quilômetro rodado, considerando os 345 km declarados pela Peugeot, fica em cerca de R$ 0,28.
Dessa maneira, um carro a combustão não está tão distante desse valor. A própria Milena dá um exemplo de um Honda City, que, abastecido com etanol, é capaz de fazer 12,5 km/l a um custo de R$ 3,69 por litro. Isso perfaz um custo de R$ 0,29 por quilômetro rodado com o sedan compacto da marca japonesa.
Pontos pagos cada vez mais caros
No entanto, o custo para o carro elétrico pode ser até maior. Quando escrevemos a reportagem de junho de 2022, a sugestão da Tupinambá, principal startup nesse mercado, era que o estabelecimento cobrasse entre R$ 1 e R$ 2 por kWh. No entanto, ao consultarmos o aplicativo Plugshare, que lista os pontos de abastecimento, encontramos vários postos mais caros.
O maior preço encontrado foi de R$ 2,41. Nesse caso, para preencher os 50 kWh do e-2008 seriam necessários R$ 120,50, elevando o valor do quilômetro rodado para R$ 0,34.
Considerando o preço médio de R$ 5,04 cobrado pelo litro da gasolina no Brasil em janeiro, segundo a ANP (Agência Nacional de Petróleo), qualquer carro que faça 14,8 km/l com esse combustível no tanque terá exatamente esse mesmo custo de rodagem.
O cenário é muito diferente quando consideramos a recarga feita em casa. Na cidade de São Paulo, o custo do kWh é de R$ 0,65, o que faz os 50 kWh custarem R$ 32,50 e o quilômetro rodado sair por R$ 0,09. Para equiparar o custo, um carro térmico teria que fazer absurdos 56 km/l.
Obviamente, há outros custos envolvidos na compra de um carro. Manutenção, que é consideravelmente mais barata no carro elétrico, a possibilidade de usar um carregador solar em casa e não ter custo nenhum com a recarga, seguro, e vários outros aspectos.
No entanto, se já não há políticas de incentivos para a eletrificação da frota, o possível aumento nos custo de recarga em postos privados certamente dificultará ainda mais essa transformação.
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