Brasileiro vai até Ushuaia em moto de 115 cc para celebrar cura do câncer

Sorocabano viajou por três meses com uma Yamaha Crypton para realizar sonho. E ele só tinha R$ 260 em sua conta bancária
Camila Torres
Por
25.07.2022 às 19:13
Sorocabano viajou por três meses com uma Yamaha Crypton para realizar sonho. E ele só tinha R$ 260 em sua conta bancária

O que você faria se a vida te desse uma segunda chance? Edinilson Beda Motero superou um câncer no peritônio em 2020 e resolveu comemorar seu 43° aniversário indo de Sorocaba, interior do Estado de São Paulo, até Ushuaia, na Argentina, extremo sul das Américas. 

Para desbravar o arquipélago da Terra do Fogo, como a região é conhecida, o humorista agora com 43 anos viajou em uma Yamaha Crypton 115. A moto foi adquirida em 2017, mas passou um bom tempo estacionada, pois na época Beda ainda estava em tratamento contra a doença.

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A companheira de aventuras

Sorocabano viajou por três meses com uma Yamaha Crypton para realizar sonho. E ele só tinha R$ 260 em sua conta bancária

Só em 2019 ele e a motocicleta começaram a se aventurar juntos. Beda foi o segundo dono da Crypton, adquirindo a moto com apenas 10.000 km rodados. O humorista sorocabano tirou o atraso nos últimos anos, tanto que o hodômetro já marca mais de 100.000 km rodados.

O sorocabano conta que faltava um mês para o seu aniversário (celebrado em 10 de fevereiro) quando teve a ideia de ir até Ushuaia de moto: “Pensei: para onde eu posso ir? Então, abri o aplicativo da minha conta e só havia R$ 260. E eu falei: vou para Ushuaia”. E ele foi mesmo!

A paixão de Beda por motocicletas começou quando ele ainda era menino e andava na garupa com seu pai. Após sofrer um acidente, Beda Motero chegou a se afastar das duas rodas, mas foi estimulado por amigos a se reaproximar.

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Celebrar a vida, mesmo com R$ 260 na conta

Sorocabano viajou por três meses com uma Yamaha Crypton para realizar sonho. E ele só tinha R$ 260 em sua conta bancária

Segundo Beda, “cada aventura na estrada é uma expressão de gratidão por estar vivo”. O viajante não tinha dinheiro para atravessar a fronteira, mas colocou a mochila nas costas e foi mesmo assim. Na bagagem, apenas um pequeno fogão portátil, uma barraca e algumas peças de roupa. 

Para se manter, ele recebeu vendeu chaveiros, rifou uma mobilete e recebeu o pagamento de uma moto que havia vendido para o seu irmão, e foi pagando as contas e bancando sua viagem até o “fim do mundo”, como o Ushuaia é conhecido.

“Eu não sei quanto custou minha viagem. Nunca parei para fazer essa conta e nem tenho interesse. Só fui levantando o dinheiro e gastando. Talvez eu tenha gastado menos de R$ 10.000, mas eu realmente não sei”, explicou o motociclista.

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Perrengues pelo caminho

Sorocabano viajou por três meses com uma Yamaha Crypton para realizar sonho. E ele só tinha R$ 260 em sua conta bancária

Para Beda, o maior desafio não foi atravessar a fronteira nem encarar longos trajetos de estrada em uma motocicleta de capacidade cúbica tão baixa, mas sim suportar o frio intenso. Afinal, ele não se preparou para ir a uma região de temperaturas tão baixas: não tinha barraca apropriada e boa parte dos seus agasalhos veio através de doações.

“O pior episódio dessa aventura foi quando, deitado na minha barraca, meu ombro saiu do lugar. Eu estava em uma região que parecia um pântano, já em Ushuaia. Meu pé afundava no chão e eu estava só de meia”, relata.

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Mais aventuras a caminho

Apesar dos percalços, Beda chegou são e salvo ao destino após 93 dias de viagem e 16.500 km rodados, passando também por Chile e Uruguai. Ele saiu de Sorocaba no dia 10 de fevereiro e iniciou o retorno em 13 de maio. Meta alcançada ou sonho realizado. 

Seja qual for o termo correto, Beda já tem outras viagens marcadas: “Minha próxima será para Bolívia, para fazer a rota da morte. Pretendo voltar pelo norte da Argentina e entro pelo Rio Grande do Sul, fazendo as serras Gaúcha e Catarinense. Mas o desafio grande mesmo, fica para o ano que vem: Alaska”, completou.

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