Avaliação: Chevrolet Montana RS pede para ser sua primeira picape

Picape de apelo esportivo capricha no visual e facilidade de uso, mas perde em custo x benefício
Diego Dias
Por
16.02.2024 às 19:00
Picape de apelo esportivo capricha no visual e facilidade de uso, mas perde em custo x benefício

A Chevrolet Montana foi um dos principais lançamentos no ano passado, sem contar que rapidamente a picape ganhou uma versão de apelo esportivo. Estamos falando da Montana RS, versão que traz uma sigla de bastante importância na história da marca, a qual recentemente vem ganhando espaço no Brasil em diversos lançamentos.

Posicionada como topo de linha, a Montana RS é sem dúvidas a configuração com visual mais acertado entre todas as versões da picape intermediária. Além disso, essa variante mais esportiva somou bastante nas vendas da caminhonete, que foi a quinta mais vendida no segmento no ano passado com 30.018 emplacamentos. Foi ela que conferimos em mais uma avaliação na Mobiauto, onde vamos apontar os pontos positivos da versão e quais ela tem que melhorar.

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Chevrolet Montana RS 2024 – Pontos positivos

1. Motor

Equipada com o mesmo motor 1.2 turbo do Tracker, a Montana RS tem bom desempenho e empolga até mais ao volante do que o SUV compacto. É verdade que entrega a mesma potência máxima de 133 cv e 21,4 kgfm de torque, mas demonstra uma maior agilidade, sobretudo pela configuração do câmbio, que tem relações mais curtas de marcha para ter maior força de saída, afinal, ainda estamos falando de uma picape que em teoria vai levar bastante carga na caçamba, por mais que o uso dessa versão seja mais recreativo (o papel de veículo de trabalho fica para as versões 1.2 turbo e LT manual).

2. Consumo

A boa notícia é que mesmo sendo ágil no dia a dia, a Montana RS ostenta bons números de consumo. Na gasolina, segundo a tabela PBEV do Inmetro, a picape faz bons 11,1 km/litro na cidade e 13,3 km/l na estrada. Em nosso período de avaliação os números ficaram muito próximos disso, com a pior média em uso urbano ficando em 8,5 km/l com trânsito pesado.

3. Visual

Comparada as demais versões, a Chevrolet Montana RS traz sem dúvidas o pacote visual mais acertado, por mais que as mudanças sejam um tanto sutis. Por isso seu estilo é um dos pontos positivos destacados aqui, pois a impressão é que a grade frontal com acabamento em colmeia dá uma nova vida à picape, deixando seu design mais acertado e robusto comparado as outras versões em que a grade tem filetes horizontais.

A Montana RS também soma as novas rodas de liga-leve de 17 polegadas de desenho inédito, bem como o rack de teto e santantônio integrados. Há ainda os retrovisores pintados de preto, mesmo tonalidade usada na gravata da Chevrolet. Tudo isso ajuda a compor o visual da versão de apelo esportivo, que acaba sendo uma sucessora natural da primeira Montana Sport, que fez muito sucesso no começo dos anos 2000.

4. Caçamba

Quando a nova Montana estreou no mercado, a Chevrolet fez bastante propaganda da picape em relação à sua caçamba. O maior destaque foi a questão da vedação, o maior problema para usuários de picape que querem utilizar tal espaço como se fosse um porta-malas, situação que certamente será mais rotineira para um comprador de uma caminhonete intermediária. Fizemos o teste jogando água sobre a caçamba e nada ficou molhado na parte de dentro.

A maior prova de fogo mesmo será diante de uma chuva intensa, mas em nossa avaliação a Montana RS passou bem no teste. E embora não seja a maior em capacidade de carga (são 600 kg), a picape intermediária da Chevrolet se sai bem em capacidade para levar objetos maiores pela boa profundidade e altura da caçamba, contando com 847 litros. Vale destacar ainda o sistema Multi-Flex, um acessório que pode ser adquirido na concessionária para dividir a caçamba em compartimentos de variados tamanhos. Na parte inferior temos a divisória para acomodar objetos grandes, enquanto na parte superior temos bandejas que podem servir para guardar de compras de supermercados a objetos mais frágeis.

5. Tampa da caçamba

Para quem escolher a Montana RS como carro de uso, nada melhor do que a picape ser fácil de lidar no dia a dia. Bom exemplo disso é sua tampa da caçamba, que exige o mínimo esforço para ser aberta ou mesmo fechada, tamanha a sua leveza. É um ponto bastante positivo principalmente porque acaba deixando a picape acessível a mais pessoas, sem exigir muita força para ser operada.

6. Suspensão

Um dos grandes destaques da Montana RS é a calibragem de sua suspensão, que traz um rodar macio e confortável tanto quanto o Tracker. Na prática não é exagero dizer que a picape roda como um SUV típico, sem contar com aquela sensação da caçamba ficar saltitante. A GM destaca a suspensão traseira com eixo de torção dotado de duplo batente variável. Sem dúvidas é uma das picapes que mais se parecem com carro de passeio ao rodar à venda no Brasil.

7. Fácil de estacionar

Apesar dos seus 4,71 metros de comprimento, a Montana RS é uma picape bem fácil de estacionar, sendo melhor nesse sentindo comparado a Renault Oroch ou mesmo a Fiat Toro (uma das piores no quesito). O ângulo de esterçamento das rodas é bem satisfatório, mostrando que a origem da plataforma de carro compacto tem suas vantagens. Ponto positivo também para os espelhos retrovisores, que tem um tamanho grande para melhor visualização e redução de pontos cegos, o que na prática ajuda nas balizas e na hora de guardar a picape na garagem.

Chevrolet Montana RS 2024 – Pontos negativos

1. Equipamentos

Quando lançada no ano passado a Chevrolet Montana já mostrava que não tinha um pacote de equipamentos dos mais recheados, mas ainda tinha o fator novidade e o preço até mais competitivo (seu preço ficava entre R$ 116.890 e 151.890), mas agora a caminhonete vai de R$ 125.260 a R$ 156.210 na versão avaliada.  A Montana RS mesmo aumentou R$ 4.320 desde que estreou e não ganhou nada a mais nos itens de série.

A Montana RS atualmente soma alerta de ponto-cego, carregador por indução, faróis full-LEDs com regulagem de altura e acionamento automático, ar-condicionado digital automático, internet com WiFi nativo, seis airbags, sensor de estacionamento e câmera de ré. No caso dessa versão RS, tem bancos, parte do painel e laterais das portas com revestimento parcial em couro sintético preto, com costuras pespontadas em vermelho. No entanto, pelo seu valor fica devendo itens como frenagem automática de emergência e painel digital, algo que SUVs compactos na mesma faixa de preço (ou até mais baratos) e até sedans médios trazem.

2. Espaço banco traseiro

Eis aqui uma das maiores frustrações na Montana RS (e suas demais versões): o espaço no banco traseiro. A decepção não é à toa, pois na preparação de seu lançamento a GM garantia que a picape teria o maior espaço no banco traseiro da categoria, subtendendo-se que a Montana contaria com um grande espaço. Na real o espaço para quem se acomoda no assento traseiro é até razoável, sendo comparável ao hatch Onix, com o revés de ter o encosto do banco muito vertical.

3. Painel analógico

Algo que foi criticado desde o lançamento da Montana é o painel de instrumentos analógico, não pelo sistema em si, que tem boa leitura, mas por conta da simplicidade. O quadro de instrumentos até tem uma tela central entre os dois mostradores para exibição de informações do computador de bordo, mas o display é monocromático e destoa da picape. Bem que a Chevrolet podia ter trazido a pequena tela digital colorida do Tracker Premier ou mesmo o painel 100% digital do Tracker RS chinês – algo até previsto no projeto, só reparar em como a tela do multimídia é integrada.

4. Posição de dirigir

A posição de dirigir da Montana RS não é ruim, nada disso. Porém, seja a configuração de apelo esportivo da picape ou qualquer outra, o motorista pode vir a se frustrar com a posição mais baixa de dirigir – algo que não é muito esperado numa caminhonete. A rival Renault Oroch e até mesmo a compacta Fiat Strada têm uma posição mais alta, por exemplo. De contrapartida, suas qualidades dinâmicas passam também pela altura de rodagem bem próxima ao de um carro de passeio convencional, tanto que colocada lado a lado com um Onix mesmo ela fica praticamente na mesma altura. Vai do gosto do cliente, mas para consumidores de picapes pode ser um ponto a se considerar na hora de fechar negócio.

Chevrolet Montana RS 2024 – Ficha técnica

Motor 1.2, dianteiro, transversal, três cilindros em linha, 12V, turbo, flex, injeção indireta multiponto, duplo comando de válvulas com variação em admissão e escape
Taxa de compressão
10,5:1
Potência
132/133 cv (G/E) a 5.500 rpm
Torque
19,4/21,4 kgfm (G/E) a 2.000 rpm
Peso/potência:
9,92 kg/cv (G) e 9,85 kg/cv (E)
Peso/torque
67,52 kg/kgfm (G) e 61,21 kg/kgfm (E)
Câmbio
automático, 6 marchas
Tração
dianteira
0 a 100 km/h
10,1 s
Velocidade máxima
não divulgada
Consumo Inmetro 7,7 km/l com etanol e 11,1 km/l com gasolina na cidade; 9,3 km/l com etanol e 13,3 km/l com gasolina na cidade.
Dados técnicos
direção elétrica progressiva; suspensão McPherson (dianteira) e eixo de torção com duplo batente (traseira); freios a discos ventilados (dianteira) e tambores (traseira); diâmetro de giro, 10,5 m; coeficiente aerodinâmico não divulgado; vão livre do solo, 18,45 cm; ângulo de ataque, 20,7°; ângulo de saída, 25°; ângulo de transposição de rampas não divulgado; pneus, 215/55 R17; estepe temporário 115/70 R16.

Chevrolet Montana RS 2024 – Itens de série

  • Alarme
  • Seis airbags (frontais, laterais e de cortina)
  • Controles de estabilidade e tração
  • Freios ABS (antibloqueio) com EBD (distribuição eletrônica de frenagem)
  • Chave com sensor presencial
  • Abertura da tampa de caçamba com amortecimento
  • Destravamento da tampa de caçamba com sensor de aproximação da chave
  • Barras longitudinais de teto
  • Grade com acabamento escurecido
  • Faróis de LED com DRL de LED, luzes de seta halógenas, acendimento automático, projetores e regulagem manual de altura do facho
  • Luzes analógicas de seta nos para-lamas dianteiros
  • Retrovisores externos elétricos
  • Alerta de ponto cego
  • Rodas de liga leve aro 17 escurecidas
  • Caçamba com protetor, 8 ganchos e 2 luzes de cortesia
  • Abertura e fechamento dos vidros "one touch" com antiesmagamento
  • Ar-condicionado digital
  • Banco do motorista com ajuste manual de altura
  • Partida do motor por botão
  • Sensores de estacionamento laterais e traseiros
  • Câmera de ré com guias dinâmicas de direção
  • Carregador de celular por indução / Porta celular
  • Cintos de segurança dianteiros com regulagem de altura
  • Volante multifuncional com regulagem manual de altura e profundidade
  • Cluster analógico com computador de bordo digital monocromático de 3,5”
  • Central multimídia MyLink de 8" com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, Wi-Fi para até 7 aparelhos (pago à parte) e OnStar (pago à parte)
  • Direção elétrica progressiva
  • Uma entrada USB-A e uma USB-C no console central
  • Duas entradas USB-A na parte traseira
  • Luz de leitura nas 2 fileiras de bancos
  • Sensor de Chuva
  • Alarme antifurto (periférico) com acionamento pela chave
  • Controle de cruzeiro (piloto automático)

Chevrolet Montana RS 2024 – Vale a pena?

Antes de tudo, vale reforçar que, assim como as demais versões, a Chevrolet Montana RS atua em uma faixa de preço intermediária. Assim, ela é uma opção a se considerar acima da Fiat Strada e abaixo da Fiat Toro, ficando no meio do caminho como a Renault Oroch. No caso da picape com o emblema RS, ela tem como seu maior apelo o visual diferente que a deixou com uma fórmula acertada e até capaz de deixar um legado como a antiga Montana Sport.

Por outro lado, fica devendo equipamentos procurados e que agregam valor a modelos na faixa de quase R$ 160 mil, como piloto automático adaptativo e painel digital configurável, itens que não seriam problema para a Chevrolet inserir numa atualização de linha ou em seu primeiro facelift.

Por fim, não é exagero dizer que a Montana é um Tracker com caçamba e, caso você precise realmente da praticidade que só uma picape oferece, ela é uma opção a se considerar por conciliar muito bem os dois mundos. A tendência das picapes com base de veículo de passeio (monobloco) está posta à mesma e a GM soube compreender isso, só falta ouvir um pouco mais o que o público procura para, assim, conquistar ainda mais o mercado de picapes – e disso a Chevrolet entende.

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