Vendas de motos elétricas disparam com recargas abaixo de R$ 5

Preços altíssimos de carros e combustíveis aumentaram demanda pelos veículos de duas rodas eletrificados, que devem invadir com força o nosso mercado
LF
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03.06.2022 às 18:08
Preços altíssimos de carros e combustíveis aumentaram demanda pelos veículos de duas rodas eletrificados, que devem invadir com força o nosso mercado

As pessoas não querem nem vão deixar de se locomover na sociedade contemporânea. Haja o que houver, elas querem manter a liberdade de um transporte individual próprio que as leve do ponto A ao ponto B.

Em meio a uma crise como a que o Brasil vem sofrendo nos últimos anos, com inflação e desemprego na casa de dois dígitos, além de uma população empobrecida, com renda estagnada e menor poder de compra, os preços dos automóveis dispararam.

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Segundo a consultoria Bright, o tíquete médio de um carro zero-quilômetro no Brasil em março de 2022 ficou em R$ 134.000. Um ano atrás, estava em R$ 95.000. No final de 2020, em R$ 80.000. Tudo isso inflou, primeiramente, o mercado de automóveis usados, mas a escalada dos preços nessa modalidade também já fez arrefecer a procura.

A bola da vez é comprar motos. Que igualmente ficaram mais caras, frise-se, mas ainda são mais acessíveis. Por isso, enquanto o mercado de veículos leves sobre quatro rodas caiu 18,09% entre janeiro e maio deste ano, no comparativo com o mesmo período de 2021, o de duas rodas cresceu 25,62%.

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Vendas de motos crescem 25%. De elétricas, quase 900%

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Só em maio deste ano a Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) registrou 133.372 emplacamentos de novas motocicletas e ciclomotores no Brasil, alta de quase 25% ante abril.

Outro motivo que explica a maior procura pelas motos está nos preços dos combustíveis, que seguem subindo quase sem controle. E aí todo mundo sabe: motocicletas são bem mais econômicas que automóveis. “É, de longe, o segmento com melhor resultado [no ano], apesar da restrição de crédito”, aponta Andreta Jr, Presidente da Fenabrave.

É por isso, também, que um outro fenômeno paralelo vem se desenrolando: a disparada nas vendas de motos elétricas. 

Tudo bem que o parâmetro anterior era ínfimo, pouco mais de 300 unidades, mas o fato é que, nos cinco primeiros meses de 2022, o segmento apresentou uma disparada de 878%, saltando para um total de 3.062 motocicletas, scooters ou triciclos elétricos comercializados.

Agora que a escalada começou, a tendência é que a cesse mais. Na próxima segunda-feira, a Voltz, uma empresa brasileira que já nasceu focada em produção de motocicletas elétricas, iniciará a produção em sua recém-inaugurada fábrica na Zona Franca de Manaus (AM). 

Lá, montará em CKD de motos e scooters com peças importadas da China. Depois, pretende nacionalizar componentes como pedais, retrovisores e freios, e alcançar uma capacidade produtiva de 15.000 unidades/mês ou 180.000 ao ano.

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Motos de trabalho com baterias de aluguel

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A mesma Voltz anunciou uma parceria com a plataforma iFood para vender o modelo elétrico EVS Work por menos de R$ 10.000 a entregadores do aplicativo. Elas terão módulos de baterias substituíveis, que são oferecidas por aluguel em postos de troca. As mensalidades variarão entre R$ 130 e R$ 320, com direito a substituições ilimitadas.

Já um modelo EVS, da mesma fabricante, oferecido no varejo, com dois módulos de baterias recarregáveis na tomada, velocidade máxima de 120 km/h, alcance prometido de 180 km e carregamento completo feito em até 5 horas numa tomada doméstica de 220 Volts, custa R$ 20.000.

Cada recarga desse modelo pode sair até por menos de R$ 3, visto que temos duas baterias de 2,4 kWh cada. A uma tarifa próxima de R$ 0,60 por kWh, cobrada em São Paulo para clientes residenciais (B1) em período de bandeira verde, temos um total de R$ 2,94.

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Baterias de nióbio

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Outra fabricante de motos elétricas, a chinesa Horwin, anunciou recentemente uma parceria com a CBMM (Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração) para produção local de modelos com baterias que utilizam óxido de nióbio no lugar de elementos como níquel e cobalto. Sua maior vantagem seria permitir recargas ultrarrápidas em até 10 minutos.

Uma mula do modelo CR6 deve ser apresentada nos próximos meses para iniciar os testes práticos, com previsão de início da comercialização de modelos dotados da tecnologia até o segundo semestre de 2024.

Imagens: Divulgação

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