Vale a pena comprar um BYD? Veja prós e contras da marca

Gigante chinesa vem causando reboliço no mercado de carros elétricos e híbridos com preços agressivos e fábrica nacional
JP
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05.10.2023 às 08:00
Gigante chinesa vem causando reboliço no mercado de carros elétricos e híbridos com preços agressivos e fábrica nacional

A chegada de novas marcas focadas em carros elétricos no Brasil, nos últimos anos, mostra a mudança no perfil do consumidor local e uma tentativa das montadoras chinesas em ganhar mercado com elétricos mais “acessíveis”. A marca chinesa BYD chegou ao Brasil em 2015, mas só passou a oferecer seus veículos de passeio no País em 2022.

Antes, a companhia já fabricava painéis fotovoltaicos e chassis de ônibus elétricos no País, com fábricas em Campinas (SP) e Manaus (AM). Agora, está muito próxima de adquirir a fábrica da Ford em Camaçari (BA) e se tornar a primeira fabricante de carros elétricos instalada em território brasileiro.

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Segunda maior marca em vendas de carros elétricos no mundo, atrás apenas da Tesla, a BYD cresce rapidamente e vem se tornando uma das maiores fabricantes automotivas globais. Em 2023, a marca conseguiu um feito histórico: já vende mais veículos ao redor do mundo do que a própria Ford.

Com um portfólio que vem sendo rapidamente incrementado e preços agressivos, a empresa vem conquistando grande clientela em pouco tempo. Mas, como ela ainda é uma marca de automóveis nova em nosso mercado, fica a pergunta: Será que vale a pena comprar um BYD?

História da BYD

Com uma sigla que significa “Build Your Dreams” ou “Construa Seus Sonhos”, na tradução do inglês, a BYDnasceuem 1995, na China. Fundada por Wang Chuanfu, atual CEO, a companhia surgiu como uma fornecedora de baterias para celulares.

Somente em 2003 a BYD Auto, divisão especializada em veículos, foi criada. Em 2005, o primeiro carro da empresa foi apresentado. Chamado de F3, era basicamente uma cópia chinesa do Toyota Corolla. O primeiro carro híbrido da BYD foi apresentado em 2008 e se chamava F3DM. Em 2010, a companhia chinesa lançou seu primeiro elétrico.

A BYD informa em seu site que é uma das maiores empresas privadas da China. “Desde a sua criação em 1995, a empresa desenvolveu rapidamente sólida experiência em baterias recarregáveis ​​e se tornou uma defensora implacável do desenvolvimento sustentável, expandindo com sucesso suas soluções de energia renovável globalmente com operações em mais de 50 países e regiões”, destaca.

BYD no Brasil

Ao chegar no Brasil, em 2015, a BYD tinha apenas uma fábrica de montagem de ônibus elétricos em Campinas, interior de São Paulo. Dois anos depois, a empresa inaugurou sua segunda fábrica em Campinas, com foco em produção de módulos fotovoltaicos (popularmente conhecido como painel solar), utilizados para transformar energia solar em energia sustentável).

A empresa também possui uma fábrica de baterias para veículos elétricos em Manaus (AM). Em julho deste ano, a BYD informou que realizará um investimento de R$ 3 bilhões no Brasil, para produzir veículos de passeio elétricos e híbridos, ônibus elétricos e processamento de matérias-primas para baterias em Camaçari (BA).

O complexo será erguido em uma área de 4,7 milhões de metros quadrados usada até 2021 pela Ford. A capacidade de produção da fábrica da BYD no Brasil será de 150 mil veículos por ano. Para além do Brasil, a companhia chinesa conta com mais de 30 parques industriais em todo o mundo. Entre os países que possuem fábricas da BYD estão: Estados, França, Japão e Índia.

Modelos da BYD no Brasil

BYD D1

Desenhado para ser um carro de aplicativo, o BYD D1 pode percorrer até 100 km com 20 minutos de recarga. O veículo também possui um bom espaço interno, tem porta de correr e equipamentos como porta-copos e entradas USB para os passageiros do banco traseiro.

  • Preço: R$ 269.990
  • Motor: elétrico, 136 cv
  • Bateria: 53 kWh
  • Autonomia: 258 km (Inmetro)
  • Porta-malas: 400 litros
  • Peso: 1.640 kg

BYD Dolphin

Atual modelo de entrada da BYD no País, o Dolphin elétrico foi feito para ser um carro do dia a dia. Ele chega para concorrer com o Nissan Leaf, mas com um valor bem mais acessível.  Sua bateria pode chegar a 80% de carga em 30 minutos.

  • Preço: R$ 149.800 a R$ 179.800
  • Motor: elétrico, 95 a 204 cv
  • Autonomia: 294 km (Inmetro)
  • Porta-malas: 345 litros
  • Bateria: 44,9 kWh a 60,5 kWh

BYD Song Plus

Chamado de "super híbrido" pela montadora chinesa, o SUV cupê Song Plus tem um design robusto e briga diretamente com o conterrâneo GWM Haval H6, além do Caoa Chery Tiggo 8 Pro Plug-in Hybrid.

  • Preço: 229.800
  • Motor: híbrido, 235 cv
  • Bateria: 8,3 kWh
  • Autonomia: 28 km no modo elétrico (Inmetro)
  • Consumo: 35,6 km/l (urbano) e 27,2 km/l (rodoviário)
  • Porta-malas: 574 litros

BYD Han

Com um conceito muito mais luxuoso e esportivo, o BYD Han vai de 0 a 100 km/h em 3,9 segundos. O automóvel possui bastante espaço para o motorista e o passageiro da frente na cabine. Além disso, o BYD Han é equipado com bateria BYD Blade, uma das mais seguras do mundo, segundo a BYD.

  • Preço: R$ 539.990
  • Motor: elétrico, 531 cv
  • Bateria: 85,4 kWh
  • Autonomia: 349 km (Inmetro)
  • Porta-malas: 410 litros

BYD Yuan Plus

O Yuan Plus é um SUV médio, que se assemelha ao Jeep Compass. O acabamento interno do automóvel é um ponto polêmico e divide opiniões, mas desconsiderando o visual, o carro oferece um bom pacote de equipamentos, conforto e um espaço interessante.

  • Preço: R$ 229.800
  • Motor: elétrico, 204 cv e 31,6 kgfm
  • Bateria: 60,5 kWh
  • Autonomia: 294 km (Inmetro)
  • Porta-malas: 440 litros

BYD Tan

O Tan, SUV grande de sete lugares, foi o primeiro automóvel a ser lançado no Brasil. Tem porte robusto e acabamento com boa dose de luxo. Curiosade: seu nome, na China, é Tang, mas a BYD do Brasil decidiu cortar o G para evitar qualquer piada com o suco de saquinho.

  • Preço: R$ 529.890
  • Motor: elétrico, 517 cv
  • Bateria: 85,4 kWh
  • Autonomia: 309 km (Inmetro)
  • Porta-malas: 940 litros

BYD Seal

  • Preço: R$ 296.890
  • Motor: elétrico, 531 cv
  • Bateria: 82,56 kWh
  • Autonomia: 372 km (Inmetro)
  • Porta-malas: 400 litros

6 pontos positivos de se comprar um BYD

1.      Manutenção

Considerando que os carros elétricos possuem custos de manutenção menores que os de motor a combustão, a BYD possui uma grande vantagem. Trocar óleo, velas, bicos não será uma necessidade do proprietário de BYD. Além disso, a empresa é referência global em baterias e chamou atenção até da Tesla, que usará baterias de LFP da marca para equipar seus carros.

2.      Custo de recarga vs custo de reabastecimento

Quando o assunto é custo de recarga vs custo de reabastecimento, o carro elétrico também sai na frente. Isso porque existem pontos gratuitos de recarga em todo o Brasil. Mesmo que o carregamento seja feito em casa, custa muito menos do que encher um tanque com gasolina, etanol ou diesel.

Apesar de (ainda) não ser uma estrutura popular no Brasil, é possível encontrar pontos gratuitos de recarga em supermercados, postos e concessionárias, principalmente em grandes cidades. Ademais, os modelos da BYD são eficientes em relação à carga das baterias e à autonomia dos veículos.

3.      Preço

Tratando-se de veículos elétricos, a BYD chega para desbancar as grandes marcas que já estavam no Brasil em relação ao preço de seus automóveis. O modelo de entrada da marca, Dolphin, é vendido por R$ 150.000, enquanto um Song Plus vem sendo oferecido a menos de R$ 230.000. Como comparação, um Nissan Leaf, rival direto do Dolphin, custa R$ 298.490.

4.      Design, acabamento e qualidade construtiva

Os carros da BYD têm agradado os consumidores brasileiros pelo design de bom gosto, além do excelente nível de acabamento interno, com uso de materiais nobres e muito bem encaixados. Para melhorar, são modelos que têm demonstrado ótima qualidade construtiva, com bons níveis de segurança mundo afora e excelente vedação acústica.

5.      Reputação global da empresa

A BYD rapidamente vem se estabelecendo como uma das fabricantes automotivas mais valiosas e bem reputadas do mercado internacional. Ela já é a segunda maior fabricante de carros elétricos no mundo, atrás apenas da Tesla, e a 12ª marca de automóveis mais popular no mundo no mercado geral, à frente de gigantes como a Ford.

4 pontos para pensar bem antes de comprar um BYD

1.      Rede de concessionárias

Por ser uma marca nova na distribuição de automóveis no Brasil, a BYD não chega a ter uma rede de concessionárias grande ainda. Até o momento, são cerca de 40 pontos de venda em funcionamento no País, número pequeno se comparado aos aproximadamente 600 pontos de uma Fiat. Mas a meta é chegar a pelo menos 100 até o fim deste ano.

2.      Desvalorização

A depreciação de carros elétricos, não só dos chineses, tende a ser maior que a dos híbridos ou com motores a combustão. Isso porque a garantia das baterias é de cerca de oito anos, em média. Além disso, por se tratar de uma marca pouco conhecida no Brasil, o mercado, automaticamente, tende a depreciar o item na revenda.

Aqui, a própria BYD tem forçado essa depreciação ao reduzir os preços de modelos como o Song Plus, cujo valor caiu de R$ 270.000 para R$ 230.000.

3.      Tecnologias dos carros mais básicos

Em alguns modelos da BYD, faltam equipamentos do sistema ADAS (Sistema Avançado de Assistência ao Condutor, na tradução para o português), como frenagem automática de emergência e alerta de saída de faixa. Estes dois itens não estão presentes no Dolphin, por exemplo.

4.      Seguro

Este é um item que não vale só para a BYD, mas para qualquer outra empresa que oferece elétricos e é nova no Brasil. O seguro tende a ser mais caro.

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