Nove carros que morreram e ninguém apareceu no velório

Esses modelos saíram de linha recentemente no Brasil, mas não tiveram um fim muito memorável e caíram no esquecimento antes mesmo de ir embora

Por Camila Torres

27.04.2022 às 15:57

Muitas perdas marcaram o mercado automotivo brasileiro nos últimos dois anos. Algumas foram muito sentidas, como a da família Ford Ka e a do Honda Fit. Já outros “foram tarde”, na opinião de muitos.

Nesta lista, citamos nove modelos que foram esquecidos pelo público e, por isso mesmo, deram adeus definitivo ao nosso mercado de maneira tão discreta que a sua ausência no catálogo das marcas sequer foi percebida.

Vamos relembrar veículos que “se foram” recentemente tão à francesa, que ninguém se lembrou de comparecer ao velório. Fica aqui a nossa homenagem fúnebre (e bem-humorada) a eles.

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Carros que morreram, mas quase ninguém ligou

Caoa Chery Arrizo 5

Esses modelos saíram de linha recentemente no Brasil, mas não tiveram um fim muito memorável e caíram no esquecimento antes mesmo de ir embora

O sedan de entrada da Caoa Chery saiu oficialmente de linha agora em abril, após meses de vendas muito baixas e quase nenhuma unidade presente nos estoques das lojas. Ao mesmo tempo, o irmão Arrizo 6 foi renovado e se tornou Arrizo 6 Pro.

O Arrizo 5 foi lançado no final de 2018 e até teve um ano razoável de vendas em 2019, com 2.400 unidades emplacadas. Porém, quando o modelo estava ganhando mais aderência no mercado, chegou o Arrizo 6 e fez com que o modelo menor perdesse metade de seu volume no ano seguinte.

Pelo menos a Caoa Chery não o deixou morrer a conta-gotas, como muitas fabricantes costumam fazer, e já tirou o modelo linha antes que ele morresse à míngua.

Citroën C4 Lounge

Outro sedan, só que médio, o Citroën C4 Lounge saiu de linha em 2020, junto com os irmãos Aircross e C3. Nenhum deles causou grande comoção do público, mas sem dúvidas o C4 Lounge foi o menos lembrado.

O que realmente chamou atenção foi a Citroën se tornar uma marca de um modelo só. Na verdade, até que foi uma boa jogada de marketing, pois o fato de o SUV C4 Cactus ser o único modelo no portfólio da fabricante francesa fez ela ser mais comentada do que quando estava com os outros modelos em linha.

Chevrolet Joy

O Chevrolet Joy, que nada mais é do que o Onix de primeira geração, fez tanta hora extra que a morte dele já estava sendo aguardada. Mas, diferente do que muitos esperavam, o modelo ainda resistiu a mais um Natal.

Não dava para acreditar que ele continuaria em linha por mais um ano. Na verdade, ele estava dando seu último suspiro, pois no dia 29 de dezembro, a Chevrolet anunciou o fim do Joy. Foi tanto tempo no “vai, não vai” que, quando ele realmente foi, não tinha mais ninguém para acenar ou dizer o último adeus.

O mais curioso é que mal deu tempo de o Joy descansar em paz, pois ele reencarnou em outro país. Por incrível que pareça, ganhou produção na Colômbia, de onde deverá ser importado para Argentina e outros países da América do Sul. Pelo menos as fronteiras do Brasil já estão fechadas para ele.

Ford Edge ST

Um SUV com vendas fracas até que dá para aguentar, mas dois é demais. Ou saía o Ford Edge ST ou o Territory, mas, como esse último havia acabado de chegar, foi o Edge escolhido para dizer adeus.

Brincadeiras à parte, o Ford Edge tinha vários predicados na versão esportiva ST, a começar pelo seu potente motor V6 de 335 cv. Mas isso não foi o suficiente para dar ao SUV o fôlego que ele precisava para engatar no mercado brasileiro.

Além disso, seu valor acima dos R$ 300.00 esbarrava em modelos de marcas premium. Quem tinha dinheiro para comprar um carro desse valor quase nunca o considerava. Sem público, o Edge foi dado como morto muito antes da Ford divulgar sua morte.

Honda WR-V

Pode parecer injusto o Honda WR-V estar nesta lista, visto que fechou 2021 com mais de 10.000 unidades emplacadas. A grande questão é que ele nunca teve o carisma do irmão Fit, este sim um queridinho no Brasil.

Enquanto o Fit continua na cabeça do povo, incluindo múltiplas comparações com o novo City hatch, seu substituto direto, as pessoas esperam ansiosas pelos novos Civic e HR-V. Assim, não só a morte do WR-V parece ter sido bem aceita pelo público, como parece não ter sido muito notada.

Hyundai ix35

Quando o fim do Hyundai ix35 foi noticiado, muitos se perguntaram: “Mas ele ainda estava em linha?”. O modelo foi esquecido nos estoques das concessionárias, desapareceu das ruas e já não aparecia mais em nenhuma ação de marketing da fabricante coreana.

O ix35 está tão alheio que segue esquecido no site da marca, mas sua produção foi encerrada há algum tempo. Enfim, parece que a nova regra de emissões do Brasil, o Proconve L7, deu o descanso que alguns carros precisavam.

Kia Rio

O erro estratégico do Kia Rio é que ele chegou ao Brasil quando a vontade dos brasileiros de comprá-lo já havia passado. Foram muitos anos de espera e ele desembarcou por aqui pouco depois da Chevrolet lançar a segunda geração do Onix, muito mais moderna, impactante e tecnológica que o hatch da Kia.

Além disso, era mais barato. Assim, com dois anos de mercado, sem nunca de fato ter entrado para a briga, o modelo sai de linha sem deixar saudades. Mas a Kia promete reparar o erro agora o Stonic, o SUV híbrido mais barato do Brasil.

Peugeot 5008

Apesar da ascensão dos SUVs de sete lugares no Brasil nos últimos anos, o Peugeot 5008 nunca caiu no gosto do brasileiro e pouco era lembrado por quem buscava um carro com dois assentos extras.

Mas a fabricante parece não ter desistido desse segmento e o fim do Peugeot 5008, na verdade, pode ser só uma pausa para um recomeço. Se a sua saída de linha não causou impacto no mercado, o seu retorno, caso aconteça, deve chamar mais atenção, já que o modelo chegará com novo visual seguido a linha dos irmãos 208 e 3008.

VW Passat

Com quase cinco décadas e uma bela história no Brasil, o VW Passat não teve a morte que merecia. Chegou ao fim cansado, defasado em relação ao modelo europeu e caro demais.

O que fez com que o carinho do público conquistado durante anos fosse pouco manifestado na sua despedida. E o modelo acabou por dizer adeus, quando os consumidores estavam distraídos demais dando boas-vindas aos SUVs.

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Camila Torres

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A faculdade me fez jornalista, a vida me fez aficionada por carros esportivos e adrenalina. Unindo paixão e profissão, realizo a missão de conectar pessoas com o universo automotivo, mas confesso que já tentei pilotar um kart e não deu muito certo.

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