Honda Civic Type R é o mais fraco do mundo no Brasil e a culpa é nossa

Configuração mais insana do Civic chegou ao Brasil com 297 cv de potência. É muito, mas perto de outros países, estamos em desvantagem
Renan Bandeira
Por
07.06.2023 às 11:06
Configuração mais insana do Civic chegou ao Brasil com 297 cv de potência. É muito, mas perto de outros países, estamos em desvantagem

A Honda ensaiou por diversas vezes trazer o Civic Type R para o nosso mercado, mas só agora a configuração mais insana da família de médios se tornou realidade. Com pegada esportiva e lista de equipamentos completa, o hot hatch é equipado com um poderoso motor 2.0 turbo a gasolina de 297 cv de potência e 42,8 kgfm de torque.

É muita força, mas acredite: poderia ser melhor. Importado do Japão, de onde sairão todos os 99.999 Type R que serão produzidos na 11ª geração do Civic, o esportivo que vem para o Brasil é o mais fraco entre todas as especificações do esportivo. Nosso mercado receberá apenas 100 unidades neste ano, sem previsão de um novo lote para o ano que vem.

O motor do Civic Type R G11 é sempre o já mencionado 2.0 turbo a gasolina, com quatro cilindros, 16 válvulas e injeção direta de combustível. Entretanto, a calibração de acordo com o país em que o modelo é vendido e só no Brasil a potência fica abaixo de 300 cv.

Você também pode se interessar por:

No Japão e em países da Europa, o novo Type R tem seu ajuste mais bruto, com 330 cv de potência. Nos Estados Unidos, fica um pouco mais manso, com 320 cv. Por aqui, são “apenas” 297 cv, e o motivo é mais simples do que se imagina: o tipo de gasolina que usamos.

A Honda afirmou à Mobiauto, durante o lançamento do Civic Type R no Brasil, que o combustível derivado do petróleo dos países citados acima contém um percentual bem mais baixo de etanol que o nosso. Por isso a calibração do motor é diferente.

Enquanto esses países contam com algo próximo de 10% de álcool ou outros biocombustíveis na mistura, o Brasil estabelece a presença de 27,5% de etanol a cada litro de gasolina, e estuda aumentar o percentual para 30%.

Isso interfere diretamente no trabalho do 2.0 turbo a gasolina do Civic Type R. Caso a marca mantivesse as especificações japonesas, por exemplo, o motor teria vida útil menor. É por isso que certamente temos o Honda Civic Type R mais fraco entre todos os G11 e, consequentemente, o mais lento (ou menos rápido) do mundo – embora a Honda não tenha passado o 0-100 km/h oficial do hatch no Brasil.

Mesmo que o motor entregue os 42,8 kgfm de torque em todos os países, sabemos que a potência está diretamente relacionada à elasticidade e ao trabalho que um motor gasta para atingir uma velocidade final. Quanto menor for a potência, menos elástico ele será, o que pode significar menos fôlego a determinados regimes de rotação.

Anuncie seu carro na Mobiauto 

Por isso, já se prepare: nosso Civic Type R não alcançará os 100 km/h em 5,4 segundos como faz o irmão gêmeo vendido no Reino Unido, por exemplo. Isso não quer dizer que nosso Type R seja lento. Pelo contrário: a Mobiauto já testou essa configuração e você pode conferir tudo neste outroartigo. É um hot hatch que acelera forte, tem boas retomadas e dinâmica de condução exemplar.

No Brasil, existe a possibilidade de comprar um Civic Type R mais potente, com calibração americana. A nossa reportagem já havia contado nomês passado sobre a importação independente do modelo por uma loja especializada em São Paulo. No entanto, se os R$ 434.990 pedidos oficialmente pela Honda já estão salgados, R$ 675.000 para ter 23 cv a mais parecem ainda mais proibitivos.


Comentários