Fiat Pulse: afinal, o que é novo na estrutura do SUV e o que vem do Argo?

Fabricante jura que plataforma MLA do SUV é totalmente nova em relação à base MP1 do hatch, mas quando comparamos as cascas de ambos...
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26.05.2021 às 17:57
Fabricante jura que plataforma MLA do SUV é totalmente nova em relação à base MP1 do hatch, mas quando comparamos as cascas de ambos...

O grupo Stellantis abriu a jornalistas as primeiras informações técnicas a respeito do Fiat Pulse, provável nome do SUV pequeno que a marca lançará no mercado no fim de setembro para brigar com Caoa Chery Tiggo 3X, Honda WR-V e VW Nivus. O modelo também poderá se chamar Domo ou Tuo, mas Pulse é a opção favorita para vencer a enquete. 

De acordo com a fabricante, o produto, conhecido antes como Progetto 363, será responsável por estrear uma nova plataforma, chamada MLA (abreviatura para “Modular Architecture” ou... “Arquitetura Modular”). Os engenheiros, inclusive, se esforçaram para refutar qualquer comparação com a base MP1 utilizada pelo hatch Argo.

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Não é a primeira vez que a marca adota a estratégia. Quando lançou o Cronos, que possui o mesmo entre-eixos e aproveita quase todos os componentes do Argo, também apontou outro nome para a plataforma do sedan, MP-S, apesar de ele ser um irmão gêmeo do Argo. O mesmo foi feito com a Strada, que aproveita a base do Mobi renomeada para MPP.

O que muda em relação ao Argo

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De acordo com a Stellantis, a MLA representa uma evolução estrutural sensível em relação à matriz do Argo. Primeiro, pela estreia do trem de força formado pelo motor 1.0 GSE T3 – um três-cilindros turboflex que terá entre 120 e 130 cv, e cerca de 20 kgfm – e pelo câmbio automático de seis marchas da Aisin.

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Segundo, porque as suspensões serão totalmente renovadas. Apesar de a arquitetura dos dois eixos ser mantida, McPherson no dianteiro e eixo de torção no traseiro, praticamente todos os componentes – travessas, barras, bandejas e buchas – serão novos, incluindo mudanças nos ângulos, no posicionamento e na curvatura de travessa, além de novos pontos de fixação e torção.

Apesar disso, o Pulse terá apenas 1,1 cm de ganho na distância entre eixos em relação ao hatch, subindo de 2.521 mm para 2.532 mm. A empresa ainda não abriu as dimensões de comprimento, largura, altura e bitolas, mas espera-se que o Pulse seja um pouco mais largo e um bocado mais alto do que o Argo, inclusive com um vão livre do solo maior.

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Vale observar que o Honda WR-V também promove alterações importantes no conjunto de suspensões e no entre-eixos no comparativo com o Fit, mas isso não faz a marca japonesa tratar o seu SUV de entrada como um modelo de plataforma diferente do monovolume.

A Stellantis tenta justificar a premissa de "nova plataforma" alegando que a parte de baixo do monobloco, uma das principais responsáveis pela estrutura do ponto de vista de segurança, passou por modificações profundas em relação à matriz MP1, com novos desenhos de travessas e longarinas, linhas de carga mais baixas e seções 50% maiores, a fim de aumentar a rigidez estrutural.

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Além disso, o chamado underbody do SUV conta com maior percentual de aços de alta e ultra alta resistência: são 66% de aços de alta resistência e 20% de ultra alta resistência, nas contas da fabricante, isso falando apenas da base do chassi. 

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A estrutura reforçada certamente ajudará o Pulse a apresentar bons resultados nos testes de segurança, como, por exemplo, o do Latin NCAP. Ao mesmo tempo, pode ajudar a reduzir o peso do modelo, um dos maiores calcanhares de Aquiles de todos os carros da Stellantis. Por exemplo, enquanto um Argo chega a pesar quase 1.300 kg, seus rivais Chevrolet Onix e VW Polo ficam em 1.150 kg. 

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A fabricante afirma, ainda, que o Pulse terá bancos, sistema de direção e ar-condicionado totalmente novos, o que permitirá a adoção de saídas de ar na fileira traseira do SUV. Até os pedais serão trocados e a arquitetura elétrica será atualizada para incorporar uma central multimídia mais robusta, um carregador de celular por indução e Wi-Fi a bordo.

O que vem do Argo

Apesar de tudo isso, a Fiat admite que o Pulse herdará do Argo "alguns" elementos de estamparia. Na verdade, quase toda a sua carroceria virá do hatch, com um aproveitamento de chapas até maior do que imaginávamos em princípio.

Ao observarmos as primeiras imagens oficiais do SUV, é notório como portas, vidros e vigias laterais, colunas A e B, para-brisa, vidro traseiro, para-lamas, teto e até os moldes da parte exterior das lanternas traseiras são idênticos entre Pulse e Argo, mudando apenas os arranjos internos de iluminação.

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Esteticamente, o Pulse traz uma dianteira exclusiva, com faróis, grade e para-choque próprio, além de para-choque traseiro remodelado. Porém, se levarmos em conta apenas a parte de estamparia, podemos afirmar que só capô e tampa do porta-malas são diferentes. 

São muitos elementos compartilhados para dizermos que não se trata de uma mesma base, não é mesmo? Até porque as versões de entrada do Pulse devem contar com o mesmo motor 1.3 Firefly aspirado flex de 101/109 cv (gasolina/etanol) do Argo, aliado a câmbio manual de cinco marchas ou automático tipo CVT, como na Strada 2022.

Na visão editorial da Mobiauto, a evolução estrutural é, sim, profunda e importante para posicionar o Pulse como um rival de fato do VW Nivus. Mas não a ponto de dizermos que se trata de uma plataforma nova. Até porque os próprios Argo e Cronos devem ser beneficiados com boa parte dessas novidades em suas respectivas reestilizações de meia vida, previstas para 2022 ou 23.

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No fim, a matriz MLA é uma bem-vinda e necessária atualização da MP1 (ou MP-S, se o parâmetro for o Cronos), mas não passa disso. A sopa de letrinhas pode confundir, mas a verdade é que Pulse, Argo e Cronos formam, sim, uma família de carros nascidos da mesma matriz.

Família esta que, por sinal, não é composta pela Strada. Embora a Fiat tente associar a picapinha a Argo e Cronos, chamando sua plataforma de MPP, esta última é derivada da plataforma 327 da segunda geração do Uno e do Mobi, retrabalhada com elementos da suspensão dianteira do Argo e uma traseira herdada da Strada de primeira geração. 

Como podemos ver, criatividade e engenhosidade não faltam ao time de engenharia da Fiat. Já a tal modularidade parece presente – de modo bem insistente, por sinal – apenas nos nomes de cada uma dessas plataformas que não são tão novas, nem tão diferentes, nem tão modulares assim.

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