Como cinto de segurança virou arma para estimular vacina contra Covid

Cresce nas redes sociais a analogia com o dispositivo de segurança dos automóveis para esclarecer a necessidade de se vacinar contra o coronavírus
Camila Torres
Por
20.08.2021 às 18:17
Cresce nas redes sociais a analogia com o dispositivo de segurança dos automóveis para esclarecer a necessidade de se vacinar contra o coronavírus

O que o cinto de segurança e a vacina contra Covid-19 têm em comum? Ambos podem diminuir a taxa de mortalidade entre as pessoas que os utilizam.

Esta reflexão vem sendo adotada por especialistas e começou a tomar corpo nas redes sociais, servindo como analogia para explicar a necessidade de as pessoas tomarem a vacina para se proteger do coronavírus, mesmo que em alguns casos, pouco comuns, pessoas que se vacinaram terminem falecendo por conta da doença. 

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No fim do ano passado, durante deliberação em que votou a favor de que as empresas tenham o direito de demitir funcionários que se recusaram a tomar a vacina, o ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), afirmou que “o Estado pode, em situações excepcionais, proteger as pessoas mesmo contra sua vontade, como por exemplo ao obrigar a vacinação ou o uso de cinto de segurança”.

Até economistas têm feito a analogia, como o professor de Economia da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado, Matheus Albergaria, nesta entrevista ao site InvestNews

“Nos anos 80, o uso do cinto de segurança não era obrigatório. Como consequência, havia mais acidentes automotivos com mortes. Quando o governo obriga o uso do cinto de segurança, ele consegue reduzir, em algum grau, o número de mortes violentas causadas pelo não uso do cinto”, argumenta o economista ao defender a vacinação em massa para mitigar a pandemia.

Nós não sabemos se vamos sofrer um acidente de carro ao sair de casa, assim como não conseguimos prever se será dessa vez ou não que vamos contrair o vírus. Mas nós sabemos algumas coisas que podemos fazer para minimizar os riscos contra nossa saúde nos dois casos. 

No carro, devemos seguir as regras de trânsito, respeitar o limite da via e respeitar as orientações das placas. Em relação a Covid-19, precisamos usar máscara, manter distância, lavar as mãos com frequência e evitar aglomerações. 

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Mas nas duas situações uma falha nossa ou de um terceiro pode mudar totalmente a rota. E a vacina é para o nosso organismo o que o cinto de segurança é para o nosso corpo em caso de acidentes: uma proteção, e muitas vezes uma segunda chance. 

O uso de segurança por todos os ocupantes do carro pode reduzir cerca de 70% das mortes e lesões graves, segundo informações do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes. Já as vacinas podem diminuir em até 86% as chances de o infectado vir a óbito. 

Vejam bem: usar o cinto de segurança não quer dizer que toda pessoa que usá-lo sairá ilesa de um acidente, mas isso não significa que devemos abdicar de seu uso. Pelo contrário: o dispositivo aumenta a probabilidade de termos ferimentos mais leves ou até de evitarmos um trauma mais extremo

Ainda assim, pode haver casos fatais. A mesma lógica se aplica na questão da vacinação contra o coronavírus. O fato de uma pessoa que se vacinou ter vindo a falecer não pode servir para tornar uma descrença nessas formas de proteção. 

As estatísticas mostram que a vacina reduz significativamente o número de casos e internações por covic-19. Nos EUA, mais de 99% dos casos de óbito por coronavírus nos últimos seis meses se deram entre pessoas que não se vacinaram.

Se ainda resta alguma dúvida, listamos cinco motivos e estatísticas que indicamque o uso do cinto de segurança e da vacina são o melhor caminho para se proteger, mesmo que não dê para garantir 100% da proteção em nenhum dos casos.

5 Motivos para você usar o cinto de segurança tanto quanto se vacinar
Cresce nas redes sociais a analogia com o dispositivo de segurança dos automóveis para esclarecer a necessidade de se vacinar contra o coronavírus

1. Em uma colisão, o corpo solto no automóvel mantém a mesma velocidade até ser parado por uma barreira. O que quer dizer que se o carro estiver a 100 km/h a pessoa será arremessada na mesma velocidade no para-brisa ou no obstáculo que encontrar o corpo dela primeiro.

 A vacina CoronaVac é 58,5% eficaz na prevenção do desenvolvimento de sintomas da Covid-19. É 86% eficaz na prevenção de internações. É 86,4% na prevenção de mortes, de acordo com estudo chileno. 

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2. Muitas pessoas não sabem, mas os ocupantes traseiros sem cinto não expõem apenas a si mesmos a uma situação de risco, mas até a morte de quem está nos bancos dianteiros. A força que uma pessoa recebe em uma batida é de aproximadamente 35 vezes seu peso.

Se o passageiro estiver no banco de trás, o peso, a força e a velocidade não podem ser parados pelo banco dianteiro, o que pode resultar no esmagamento do ocupante do assento à frente.

Segundo o Ministério da Saúde, a ausência do cinto de segurança pelos passageiros traseiros pode aumentar em cinco vezes o risco de morte de quem está na frente. 

A eficácia global da Pfizer na prevenção dos sintomas do coronavírus é de 95%. 

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3. A maior preocupação da maioria das pessoas é com acidentes frontais e se esquecem das colisões laterais e até dos capotamentos. A ausência do cinto de segurança nesses casos fará com que os ocupantes colidam uns contra os outros e sejam até arremessados para fora do carro. 

A eficácia global da Janssen é de 66,1% na prevenção de sintomas da Covid-19. 

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4. Análise feita pela Abramet aponta que grávidas deixam de usar o cinto de segurança por não saberem a forma correta de usá-la ou por se preocuparem em machucar o feto. Mas para assegurar a vida da mãe do bebê, o cinto é indispensável e deve ser colocado da forma convencional: por cima do ombro, logo abaixo do pescoço, e faixa no quadril e não em cima da barriga.
 

A eficácia global da Astrazeneca é de 70,4% na prevenção de sintomas da Covid-19.
 

5. De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), do IBGE, 20,6% da população declarou não utilizar o cinto de segurança todas as vezes que está no banco da frente do carro ou de uma van. E apenas metade da população utiliza cinco de segurança quando está no banco traseiro. 

Todas as vacinas apresentam taxas significativas de eficácia na prevenção de sintomas, hospitalização e morte causada pela Covid-19. 


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