Como BYD e GWM transformaram o jeito do brasileiro comprar carro

Marcas chinesas que acabaram de chegar ao mercado já causaram problemas para as tradicionais e mudaram a forma de o brasileiro escolher um carro
AB
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12.09.2023 às 14:20
Marcas chinesas que acabaram de chegar ao mercado já causaram problemas para as tradicionais e mudaram a forma de o brasileiro escolher um carro

Para começar a falar sobre o que a BYD e a GWM estão fazendo no mercado, vamos falar sobre um dilema mais antigo que andar para a frente: Carro 0 km ou usado pelo mesmo preço? Sim, esta pergunta atormenta os consumidores há anos.

Desde que me entendo por gente ouço amigos me perguntando se devem comprar um carro 0 km com toda a sua confiabilidade, garantia e cheirinho de novo ou se devem optar pelo doce sabor de um carro usado mas notoriamente com uma entrega mais, digamos, recheada.

E é muito interessante como eles se dividem em tribos. Existem aqueles que são categóricos em falar que o 0 km é a melhor opção e que quem compra o usado é um louco que será perseguido pelas luzes acesas até que seu painel pareça uma árvore de natal. São os conservadores que preferem não se colocar em uma situação de risco, acima de tudo.

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Já ousados e apaixonados por carros mais generosos, seja em desempenho com motores com seis cilindros para cima, ou por simples desejos saudosistas, dizem que sempre fazem a escolha certa, Isso sempre acaba em modelos como Jeep Grand Cherokee, Mercedes C180, BMW 318 ou similar.No fim todos estão felizes, e isso é o que importa.

Mas onde a BYD e a GWM entram nisso? Bem, peguei este raciocínio inicial e quis adicionar mais uma variável. E se agora encontramos mais opções? E dentro delas algumas elétricas ou híbridas? 

Na prática montei grupos de carros para entender a sua correlação e convivência. Cada grupo tem uma estrutura que passa por uma faixa de preços e tem modelos da BYD, GWM, mais um eletrificado, uma opção 0 KM e, por fim, aquele usado atraente.

E para ajudar, vou dar minha visão sobre o que eu compraria. E aí, qual é meu perfil? Conservador ou ousado?

Vamos agora analisar cada grupo! Qual o primeiro?

Faixa de preço: R$150.000
Modelos BYD e GWM: DolphinOra 03 Skin, que determinaram a faixa de preços deste grupo.
Outro eletrificado: o híbrido Kia Stonic MHEV
Opção 0 km: Jeep Renegade Longitude
Aquele usado: BMW 320 GP 2018

E agora? Qual a minha escolha?

Bem, para chegar até ela preciso explicar por que não escolhi os demais. Tanto o BYD Dolphin, quanto o GMW Ora, representam opções modernas mas que não enchem meus olhos e aquecem meu coração. Simples assim. O Kia Stonic MHEV não entrega um conceito Hybrid completo e não possui representatividade no mercado. O Jeep Renegade Longitude seria a opção mais segura, e acredito que a aposta de todos para a minha escolha. Pois bem, não foi.

Neste grupo serei menos conservador e me permitirei uma certa ousadia escolhendo a BMW 320 2018 GP. Sempre quis ter um e na verdade quase tive na época que comprei meu Jetta R-Line 0 km.

Mas não se empolgue. Os valores vão subir e será que assim a minha ousadia vai despencar? Veremos!

E seguimos para o segundo grupo!

Faixa de preço: R$215.000
Modelos BYD e GWM: aqui somente GWM com o Haval H6 Premium HEV
Outro eletrificado: Toyota Corolla Cross XRX Hybrid
Opção 0 km: Fiat Toro Ultra Turbo diesel
“Aquele” usado: Land Rover Discovery Sport 2019 Diesel 2018

E agora Srs.? Qual a minha preferência?

De supetão a minha escolha poderia seguir na direção da GWM, mas a versão de entrada do Haval H6 ainda não enche meus olhos e vocês entenderão mais à frente.

O Toyota Cross Hybrid tem seus predicados, mas fora seu powertrain e ser um Toyota, ele ainda não vale meu pix.

Pulei, e sim, dei um spoiler. O Discovery Sport carrega o carma de ser um Land Rover fora do período de garantia e isso assusta. Todos sabem da minha paixão por esta marca desde que fui Diretor de Marketing, Produtos e Preços para a América Latina, mas infelizmente a forma como seu custo de manutenção se comporta com o tempo não deixa a conta fechar. Uma pena.

E continuando meu saudosismo, escolho a Fiat Toro Ultra. Picape na qual participei e lancei no mercado, ela representa um marco na oferta de picapes e colhe estes louros até hoje. A versão Ultra acaba de receber pequenas alterações no MY’24 que ficaram muito legais. E sim, seu handling é delicioso, ainda mais com motor diesel. Mas como em uma rosa, temos espinhos. E o espinho dela hoje se chama Rampage. E te pergunto: quem paga R$215.000, paga R$240.000 em uma Rampage Rebel? Eu quebraria o cofre de porquinho do meu filho e iria nesta direção.     

E mantemos nossa corrida! Terceiro grupo!

Faixa de preço: R$270.000
Modelos BYD e GWM: Song Plus Hybrid Plug-in e Haval H6 Premium PHEV AWD
Outro eletrificado: Peugeot E-2008
Opção 0 km: Nissan Frontier Attack
“Aquele” usado: Volvo XC60 Hybrid 2021

O caldo engrossou, concordam? O que faço agora?

Serei direto na escolha e depois dou minhas desculpas para as minhas rejeições.

Fico com o Haval H6 Premium PHEV, afinal ele vem derrubando concorrentes e arrebatando corações, sem pena alguma. Mérito de uma política 360º que representa ousadia em tudo, começando ao ser vendido em um marketplace em parceria com uma rede de concessionária fora da caixa, passando por uma arranjo de produto e conteúdos impecável e por fim com uma campanha inovadora que posiciona a marca e modelo onde deveria estar. 

E os preteridos? Abaixo, as razões.

O Song Plus não teve nem de perto o impacto do Tan e Han, primeiros modelos apresentados pela BYD e, claro, muito menos do Dolphin e o Seal, último lançamento. E é essa falta de brilho que, perto do H6, o coloca em uma posição bem desfavorável.

E o Peugeot E-2008? Serei direto. Peugeot não. E antes de ser massacrado, já gostei e muito. Andei muito tempo de 504 GRD, 205 Xsi, 106 Soleil e 405 GLi. E gostava muito! Mas hoje a história é outra.

A Frontier é uma picape muito legal, mas se for para investir este valor em uma picape considero que ela não é a primeira opção. A marca não vem trabalhando bem seus modelos e isso acaba impactando.

E o nosso usado? Bem, um Volvo XC60 Hybrid 2021 não é de se jogar fora, de forma alguma. Mas sabe quando a marca vem com diversos senões? E um deles passa por manutenção. Sim, o cara que escolheu uma BMW 320 2018 está falando de custo de manutenção. Porém aqui você estará pagando quase duas BMW 320 2018 por este valor. Quando o preço sobe, meu conservadorismo cresce em proporções absurdas e a vida é assim.

Reta Final! Último grupo!

Faixa de preço: R$300.000
Modelos BYD e GWM:
Seal e Haval H6 GT PHEV AWD
Outro eletrificado:
Nissan Leaf
Opção 0 km:
Jeep Commander Limited TD380
“Aquele” usado:
Audi Q3 Performance 2022

Desandou tudo agora, né? Mas sendo franco nunca foi tão fácil escolher.

Acho que todo mundo sabe que tenho uma queda por sedans. A BMW já foi uma dica forte. E neste momento peço solenes desculpas para o H6 mais bonito, o GT. Sua esportividade traduzida no seu design consegue deixar o que é bom, melhor. Mas isso não consegue superar um sedan, nunca.

Passando rapidamente pelo meio para chegar ao fim. O Nissan Leaf tem história e ela é bem legal. Me lembro de dirigir um em 2011 quando estava na Nissan. Tudo era novo e o torque proporcionado era mais “inédito” que hoje. Mas olhando para todos os elétricos atuais me parece que a Nissan precisa substituir ele, e rápido.

Jeep Commander Limited Diesel. Grande e legal, mas não tem o equilíbrio do Compass e da Grand Cherokee. Engraçado como ele tem formas que não são perfeitamente distribuídas. Minha visão, ok? 

E claro, o BYD Seal. Sedan de linhas fluidas e desempenho esportivo. Sim, ele está na minha lista de presentes na carta para o Papai Noel. Tecnologia, acabamento e impacto puro detectado na sua apresentação. Simples assim. E apaixonante sim.

Texto legal: tirando os modelos da BYD e GWM, os demais modelos podem ser substituídos por qualquer um que você queira, respeitando sempre a categoria e faixa de preço. Busquei ser eclético e variado para deixar este exercício o mais gostoso possível. Eu gostei.

E você? Seria mais conservador ou audacioso?  

 Este texto contém análises e opiniões pessoais do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Mobiauto.

Adriano Castello Branco Resende, casado com a Renata e pai do Diego. Formado em Administração e com MBA em Marketing. Apaixonado por carros e com mais de 25 anos de experiência no mercado, com passagens nas áreas de Marketing, Produto e Comunicação em marcas como Fiat, Chrysler, Jeep, Nissan, Jaguar Land Rover e Renault.

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