Chevrolet e Honda cancelam carro elétrico popular que viria ao Brasil

Fim do acordo entre as montadoras pode estar relacionado com mudanças de rumo na política de eletrificação das marcas, inclusive no Brasil; confira
Vinicius Moreira
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27.10.2023 às 15:30
Fim do acordo entre as montadoras pode estar relacionado com mudanças de rumo na política de eletrificação das marcas, inclusive no Brasil; confira

A parceria entre General Motors (GM), dona da marca Chevrolet, e Honda para produção de carros elétricos com preços populares para mercados emergentes terminou antes mesmo de começar, e de beneficiar o mercado automotivo brasileiro, como era inicialmente previsto.

Antes mesmo que a parceria pudesse render um tão aguardado elétrico acessível para o mercado brasileiro, as duas montadoras anunciaram que a aliança foi desfeita. A parceria havia sido anunciada há um pouco mais de um ano e tinha como previsão um investimento equivalente a R$ 25 bilhões.

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O objetivo era usar a plataforma da GM dedicada a veículos elétricos, batizada de Ultium, para produzir veículos elétricos compartilhados entre as duas empresas. A expectativa era que o primeiro modelo, um SUV compacto, fosse lançado em 2027 nos Estados Unidos e, depois, distribuído em outros mercados como o Brasil.

Agora, a produção de modelos elétricos populares compartilhados entre as duas fabricantes ficará apenas no imaginário, aos menos de forma conjunta. Aliás, o fim do acordo evidencia possíveis caminhos bem diferentes de Honda e GM no segmento de elétricos.

GM apostará em elétricos. Honda, em híbridos flex

Por um lado, a correção de rota das montadoras pode explicar duas recentes informações trazidas em primeira mão pela Mobiauto. A primeira, de que a Chevrolet lançará no Brasil um monovolume elétrico de R$ 150.000 feito na China para brigar com o BYD Dolphin. A segunda, de que a Honda estuda um novo plano de investimentos no País com motorização híbrida flex.

Elétrico da GM de origem chinesa

No caso da GM, que já anunciou sua intenção de fabricar carros elétricos no Brasil e não deve adotar nenhuma solução híbrida em seu projeto de transição energética, a aposta estaria no Baojun Yunduo, Baojun EQ100 ou Baojun Cloud, nome "ocidental” do modelo, fabricado em conjunto com as chinesas SAIC e Wuling.

Antes tarde do que nunca. O monovolume elétrico chinês tem boas chances de chegar ao Brasil até 2025, com preço próximo dos R$ 150.000. Brigará de frente com BYD Dolphin e GWM Ora 03 na faixa de R$ 150.000. Para se ter uma ideia, a redução de preços de carros híbridos, elétricos e a combustão chegou a R$ 100 mil.

O Cloud utiliza baterias de LFP (ferro-fosfato-lítio) com 37,9 kWh ou 50,6 kWh de capacidade, perfazendo um alcance de 360 km OU 460 KM no ciclo chinês NEDC. Nos padrões brasileiros do Inmetro, os números certamente cairiam. Em comparação com o Dolphin, o novo “chinês” da GM possui 17 cm a mais de comprimento e 7 cm mais largo na largura nas dimensões.

Na China, o motor elétrico do Cloud tem 136 cv de potência e 20,4 kgfm de torque. Esse conjunto vai permitir o condutor alcançar 150 km/h de velocidade máxima, controlados eletronicamente.

Modelos híbridos flex da Honda

Com um novo ciclo de investimentos no Brasil em estudo, o fim da parceria com a GM para elétricos populares mostra que a Honda deve mesmo seguir um caminho independente no mercado nacional. Essa movimentação, liderada pela divisão asiática da fabricante japonesa, na Tailândia, pode estar embasada no cancelamento do acordo global com a empresa americana.

Além de renovar os três modelos vendidos no Brasil, City, City hatch e HR-V, a montadora japonesa pode oferecer ainda mais. Apuração da Mobiauto indica para a possível criação de um motor híbrido flex, baseado no atual propulsor 1.5 aspirado oferecido em nosso mercado. E para o lançamento de novos produtos, especialmente SUVs.

Nova norma de emissão de gases para 2025

Ainda pouco discutida, mas que vai mudar os rumos da indústria automobilística no Brasil. Essa será oitava fase do Proconve (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores). Programada em três etapas (2025,2027 e 2029), as novas normas devem iniciar a eletrificação dos veículos no país.

Para entender melhor, a Mobiauto fez um conteúdo completo sobre as obrigações. O cinto deve apertar mesmo na segunda etapa, em 2027, quando carros sem auxílio de motorização híbrida começarão a sofrer para se enquadrar nas novas regras. Com isso, a movimentação de Honda e GM ao procurar novos caminhos faz sentido com o fim do acordo global.

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