Avaliação: Jeep Compass TD350 ainda faz sentido com o diesel tão caro?

Disparada no preço do combustível deixou a discussão com relação à rentabilidade do combustível no passado
Renan Rodrigues
Por
13.09.2022 às 14:00
Disparada no preço do combustível deixou a discussão com relação à rentabilidade do combustível no passado

Desde o lançamento do Jeep Compass, em 2016, a internet sempre debateu a preferência pelas versões equipadas com motor 2.0 turbodiesel. Seja pelo desempenho superior ao antigo 2.0 flex ou pelo melhor rendimento do óleo diesel em relação à gasolina. 

No entanto, o tempo passou e dois fatores são determinantes para as versões diesel praticamente caírem no esquecimento, ao menos para quem não precisa de tração nas quatro rodas.

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A primeira delas é a troca do motor 2.0 flex aspirado pelo 1.3 turboflex. O primeiro rendia 166 cv e 20,5 kgfm de torque, enquanto o 1.3 GSE T4 tem até 185 cv de potência e 27,5 kgfm de torque.

O desempenho evoluiu, bem como o consumo de combustível, saindo de 8,8 km/l na cidade e 10,8 km/l na estrada, considerando gasolina, para 10,4 km/l e 12,1 km/l, respectivamente.

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Jeep Compass Limited TD350 2022 – Preço: R$ 249.290. Deep Brown Bicolor – R$ 1.829. Pack high tech - R$ 9.529. Teto solar elétrico panorâmico - R$ 8.567. Total: R$ 268.420.

O segundo fator é o custo. E não estamos nem falando dos R$ 43.844 de diferença entre as versões Limited com motor flex e diesel, mas sim do preço do combustível. Afinal, pela primeira vez na história, está mais caro abastecer com diesel do que com gasolina. 

Será mesmo que o Jeep Compass com motor diesel não faz mais sentido? Ficamos com uma unidade durante uma semana, fizemos contas, analisamos todos os prós e contras e te damos a resposta abaixo. 

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Diesel faz a diferença na rodovia

O consumo das versões Limited T270 e TD350 é bem próximo na cidade. Enquanto a configuração flex faz 10,4 km/l, garantindo 624 km de autonomia, o motor turbodiesel garante consumo médio de 10,5 km/l e 630 km de alcance.

Na estrada, o diesel leva um pouco de vantagem. São 13,9 km/l em rodovia, o que garante 834 km de autonomia, enquanto o flex faz, em média, 12,1 km/l, o que significa 726 km sem reabastecer. Os dados são do Inmetro.

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No entanto, essa economia não se reflete no bolso do dono. Isso graças aos valores dos dois combustíveis. Em agosto, segundo a Agência Nacional do Petróleo, o preço médio do litro da gasolina no Brasil ficou em R$ 5,40, enquanto o diesel S-10 sai por R$ 7,13.

Em valores, um tanque do Compass flex com 60 litros de gasolina custa R$ 324, enquanto o diesel onera o bolso do proprietário em R$ 427,80. 

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Alguns podem apontar a revisão como um benefício do diesel e, de fato, isso é uma vantagem. Elas acontecem a cada 20.000 quilômetros, custando R$ 3.862 para os serviços básicos ao final de 60.000 km. Já o flex exige que isso aconteça a cada 12.000 km e demandará pelo menos R$ 4.386 até os 60.000 km.

Além disso, enquanto o motor 2.0 MultiJet tem histórico de solidez, o 1.3 GSE T4 vem apresentando relatos constantes de queda abrupta no nível de óleo e outras questões ligadas à bomba de óleo, ambos problemas que vêm sendo trabalhados pela Stellantis. 

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No entanto, a diferença de custos nas revisões se paga em um só ano, ao menos no Estado de São Paulo, só com a diferença no IPVA. Com alíquota de 4%, o Compass Limited T270 paga anualmente R$ 7.900 de imposto, contra R$ 9.744 do TD350. Isso sem considerar combustível e seguro.

Outro ponto de atenção é o tanque de Arla 32, já testado e explicado pela Mobiauto nesta outra avaliação. um composto adicionado na última reestilização para reduzir emissões de gases poluentes. Os 13 litros de ARLA32 duram cerca de 10.000 km. 

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Portanto, financeiramente, não faz sentido optar pelo motor diesel, mas e como produto? 

Dados técnicos: direção elétrica progressiva; suspensões McPherson (dianteira e traseira) com molas helicoidais; freios a discos ventilados (dianteira) e discos sólidos (traseira); diâmetro de giro, 11,3 m; Cx, 0,35; vão livre do solo, 219 mm; ângulo de ataque, 30,3°; ângulo central, 21,6°; ângulo de saída, 31,1°; peso em ordem de marcha, 1.760 kg; carga útil, 400 kg.

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Como anda o Compass diesel?

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Se financeiramente o Compass Limited diesel não faz muito sentido, como produto não há muito do que reclamar. O motor é seu grande diferencial em relação aos concorrentes de mercado, já que é o único a oferecer motor turbodiesel. 

O segundo ponto é a tração integral sob demanda do câmbio ZF de nove marchas, que tem funcionamento suave e utiliza as duas primeiras marchas como reduzida. Dessa maneira, o Compass é o único capaz de ser utilizado em determinadas situações fora de estrada, obviamente, para isso, precisa também de pneus adequados.

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Motor: 2.0, dianteiro, transversal, quatro cilindros 16V, turbo, diesel, injeção direta de combustível, duplo comando de válvulas acionado por correia dentada

Taxa de compressão: 16,5:1

Potência: 170 cv a 3.750 rpm

Torque: 35,7 kgfm a 1.750 rpm

Peso/potência: 10,4 kg/cv

Peso/torque: 49,4 kg/kgfm

Câmbio: automático de nove marchas

Tração: integral sob demanda

0 a 100 km/h: 10,7 segundos

Velocidade máxima: 197 km/h

Consumo Inmetro: 10,3 km/l na cidade / 13,5 km/l na estrada.

Tanque de combustível: 60 litros

Tanque de Arla 32: 13 litros

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Se o pico de potência é tardio, o torque é entregue cedo, o que ajuda em um bom desempenho na cidade. No entanto, por vezes, o tempo de resposta parece mais lento entre o acelerador e o motor, dando a impressão de uma maior lentidão. 

No uso diário, o Compass 1.3 turbo é mais ágil, mas, quando exigido, o maior torque do diesel faz a diferença. Em ambos os casos, o motorista encontrará segurança para realizar ultrapassagens.

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No entanto, em termos de rodagem, o grande destaque está no trabalho de suspensão. A versão diesel mantém a arquitetura do flex, portanto, suspensão independente do tipo McPherson nas quatro rodas, mas com suas calibrações específicas. 

E esse conjunto é muito elogiado, tanto pelo conforto e filtragem de imperfeições do solo, como no controle de rolagem da carroceria em curvas. 

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Algo que segue igual no Compass Limited diesel é a direção elétrica. Há muito rebote nas mãos do motorista em asfaltos ruins e, consequentemente, em trilhas. Além de ser leve demais, mesmo em velocidades mais altas. 

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Acabamento, espaço e itens 

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Apesar de poucos notarem, há diferenças visuais entre os Compass flex e os diesel. Na dianteira, o para-choque possui defletores na base para melhorar o ângulo de ataque. Com isso, os faróis de neblina são mais baixos e há dois apliques em cromo acetinado, tanto na moldura de neblina quanto em um falso quebra-mato. 

No restante, tudo igual no visual das configurações Limited. Isso vale também para o acabamento, que é bem montado e possui bons materiais. Vale lembrar que, recentemente, avaliamos também o Compass Série S 4xe, que é importado da Itália e comprova o padrão mundial neste caso. 

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Dimensões: comprimento, 4.300 mm; entre-eixos, 2.610 mm; largura, 1.635 mm; altura, 1.790 mm; porta-malas, 410 litros; pneus, 225/55 R18.

O espaço é um dos pontos baixos do Compass. Ele é suficiente para quatro adultos viajarem com conforto, o quinto elemento é prejudicado, tanto pela presença de um porta-copos no encosto do assento, como pelo túnel central mais alto e a presença de um console com dupla saída de ar-condicionado, porta USB e tomada 12V. 

Jeep Compass Limited TD350 2022 - Itens de série

De série, o Compass é bem equipado, mas menos do que os quase R$ 240 mil sugeridos. Além dos itens obrigatórios, como airbags duplos, controles de tração e estabilidade e sistema Isofix, há: 

Visual e exterior: faróis full-LED com acendimento automático; faróis de neblina de LED; para-choque dianteiro com apliques em cromo acetinado; lanternas traseiras com guias de LED e luzes halógenas; lanternas de neblina; friso cromado por toda a extensão das janelas do veículo; protetor de cárter; barras longitudinais de teto na cor preta; retrovisores externos com repetidores de luzes de seta; rodas de liga leve aro 19”. O teto solar panorâmico é um opcional de R$ 8.567

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Conforto e acabamento: trio elétrico; vidros com função um-toque e antiesmagamento; volante multifuncional revestido em couro com ajuste manual de altura e profundidade e borboletas para troca de marcha; sensores de luminosidade e chuva; apoia-braço central com porta objetos; ar-condicionado automático digital de duas zonas com dupla saída para a fileira traseira; banco do motorista com regulagem manual de altura; banco do passageiro dianteiro rebatível e com porta-objetos no assento; banco traseiro rebatível e bipartido em 60:40; bancos, guarnições das portas e faixas do painel revestidos em couro; tapetes em carpete dianteiros e traseiros; porta-malas com iluminação, pavimento duplo e ganchos de fixação de carga.

Tecnologia: chave com sensor presencial; quadro de instrumentos digital colorido de 10”; central multimídia UConnect de 10,1” com Apple CarPlay e Android Auto sem fio; sistema Adventure Intelligence; sistema de som com seis alto-falantes; Wi-Fi a bordo; tomadas USB tipo A e C no console central, e tipo A na fileira traseira; tomada 12V; carregador de celular por indução. 

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Segurança: alarme; seis airbags; cintos dianteiros com ajuste de altura; controles de estabilidade e tração; controle eletrônico anticapotamento; alertas de limite de velocidade e manutenção programada; freio de estacionamento eletrônico com Auto Hold; assistente de partida em rampas; controle de velocidade em descidas; assistente de frenagem em pânico; seletor de tração e terrenos; controle de cruzeiro com limitador de velocidade; sensores de estacionamento dianteiros e traseiros; câmera de ré; retrovisor interno eletrocrômico; monitoramento de pressão dos pneus; 

Opcionais adicionados no Pack High Tech: Controle de Cruzeiro Adaptativo; Frenagem Autônoma de Emergência; Sensor de Ponto Cego; Auxiliar de Permanência em Faixa. 

Vale a pena comprar o novo Compass diesel?

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Racionalmente, o Jeep Compass Limited TD350 não faz sentido. Com todos os equipamentos, é possível economizar mais de R$ 43 mil e levar a configuração T270, sem perder muito desempenho e ainda gastando menos com a gasolina. 

E, caso o cliente prefira, pode gastar parte desses R$ 43.000 para levar todos os equipamentos da versão Série S, tabelada em R$ 225.390 e que, ainda assim, custa mais barato do que qualquer versão a diesel do mesmo SUV.

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No entanto, além da questão da robustez e da confiabilidade do motor MultiJet, a compra de um carro com tração 4x4 muitas vezes não está ligada à racionalidade. 

É o que torna o Compass TD350 mais atrativo, uma vez que o consumidor pode juntar um produto dócil em ambiente urbano, mas com uma valentia no fora de estrada, característica que somente o Ford Bronco Sport pode igualar no Brasil. E isso é algo que o T270 jamais conseguirá suprir. 

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