Afinal, misturar diesel na gasolina melhora o desempenho do motor?

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O conteúdo original recomenda abastecer 10 ml de diesel para cada litro de gasolina no tanque, mas, como todo telefone sem fio, já há gente nas redes sociais falando em proporções absurdas de 40% de diesel e 60% de gasolina.

Verdade ou mito? Nós respondemos: um mito. Na verdade, uma fake news daquelas para você fugir com todas as forças se quiser evitar uma dor de cabeça das brabas no futuro.

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Diesel x gasolina: combustíveis muito diferentes

A verdade é que a tal mistura, além de não cumprir o que o “especialista” afirma, pode prejudicar, e muito, o funcionamento do motor, gerando uma falha grave de funcionamento e gastos bem maiores que a economia prometida.

De início, vale lembrar que o funcionamento dos motores de ciclo Otto, movidos a gasolina e/ou etanol, e os de ciclo Diesel, é bem diferente, embora ambos, em tempos modernos, trabalhem com quatro tempos (admissão, compressão, combustão e escape).

Porém, enquanto um propulsor de ciclo Otto (gasolina, etanol ou gás) precisa da centelha da vela de ignição para detonar a mistura ar-combustível, a explosão em um propulsor a diesel ocorre pelo próprio aquecimento no final da compressão.

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Isso acontece porque a temperatura mínima de ignição do diesel, 250°C, é menor do que os mais de 300°C da gasolina, e ainda menor do que os elevados 420°C exigidos pelo etanol (o que explica por que, com álcool, é tão difícil dar partida no frio).

Mas não só o funcionamento dos motores é diferente: as propriedades dos combustíveis também. 

Para gasolina, etanol e GNV serem considerados de boa qualidade, é importante que tenham uma alta octanagem, que é a qualidade do combustível de suportar a compressão sem detonar. Isso garante que a ignição vai acontecer somente quando houver a faísca emitida pelas velas.

Já um diesel S10 de boa qualidade tem que ter cetanagem, que é o inverso da octanagem, ou seja, a capacidade de o combustível inflamar mais rapidamente quando entra na câmara de combustão.

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O risco da pré-ignição

Dessa forma, a adição de diesel S10, mesmo que seja na referida proporção de 10 ml por litro de gasolina, como sugere o vídeo, reduz a quantidade de octanas da mistura e torna o combustível mais auto-inflamável.

Com o diesel injetado junto da gasolina, inicia-se um processo de detonação com a combustão imediata por causa da comburência maior do diesel, que não realiza a queima ideal da mistura e ainda deixa partículas de carvão pairando na câmara.

Caso as partículas fiquem sobre a cabeça do pistão, há grande risco de um fenômeno chamado pré-ignição, que é quando a mistura ar-combustível explode antes da ignição gerada pelas velas. Grosso modo, é como se a combustão ocorresse na fase de compressão.

Se a pré-ignição acontecer quando o pistão estiver subindo para completar a compressão, ele pode se danificar com o impacto dessa combustão gerando força contrária ao movimento de sua cabeça. Tudo isso potencializa o superaquecimento de camisas, desgaste e danificação dos pistões e até quebra do virabrequim.

Ou seja: os únicos que vão realmente se dar bem com a “dica” do TikTok são mecânicos e donos de retífica de motor.

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Abasteci meu carro com diesel, o que faço?

Tudo tem solução, mas, neste caso, é melhor chamar o guincho e levar o veículo até uma oficina especializada.

Depois que o diesel é colocado no tanque, ele se mistura completamente com o combustível que já estava lá, seja etanol ou gasolina, e só a drenagem do tanque resolve a questão. 

Em carros mais novos, não é possível tirar o líquido pelo bocal do tanque, por questões de segurança, então é necessário chamar um profissional. Além disso, é importante que os bicos injetores e a camisa dos pistões sejam limpos, caso o veículo tenha funcionado depois do diesel ter sido colocado no tanque.

Com a limpeza toda feita, basta colocar o combustível indicado pelo manual do veículo, parar de acreditar em toda informação que aparece nas redes sociais sem qualquer tipo de procedência e, aí sim, voltar a pegar o asfalto.

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