Motorizado ou na base do empurra? Como se move um carro alegórico

Alegorias são protagonistas no Carnaval das escolas de samba e exigem todo um trabalho de engenharia para movimentar a estrutura de algumas toneladas
Vinicius Moreira
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09.02.2024 às 13:03
Alegorias são protagonistas no Carnaval das escolas de samba e exigem todo um trabalho de engenharia para movimentar a estrutura de algumas toneladas

Embaixo de toda arte e pessoas que compõem um carro alegórico existe uma estrutura mecânica, movida por um motor ou não. Essa engenharia é o que sustenta os destaques das alegorias e faz rodar os carros pela passarela do samba.

Mas antes de todo o acabamento artístico, um carro alegórico recebe o reforço de uma estrutura metálica, a qual vai sustentar todo o peso e demais camadas de materiais que vão por cima.

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O reforço é feito com vigas e colunas de aço, o chamado “esqueleto”. Posteriormente, o carro recebe um trabalho de marcenaria e é envolvido por uma estrutura complementar de madeira. Só depois começa a receber as primeiras intervenções que darão forma as esculturas.

Lembra do esqueleto? Então, essa estrutura é colocada em cima de um chassi de caminhão ou ônibus com motor, que será responsável por mover o carro alegórico. Outra forma de fazer a alegoria rodar é contar com a força dos componentes da escola, que vão empurrar a estrutura, que pesa algumas toneladas, por todo o trajeto.

Assim como nos projetos das montadoras, o carro alegórico motorizado vai depender de quanto a agremiação tem ou não verba para investir. No caso das escolas dos Grupos Especiais de São Paulo e Rio de Janeiro, as alegorias geralmente são movidas por motores. Mas existem exceções.

Como por exemplo a paulistana Tom Maior, que vai contar com a força dos componentes para mover as cinco alegorias na passarela do Anhembi no próximo sábado.

Geralmente, o número de pessoas que empurram a estrutura fica acima das dezenas de componentes. Para virar o carro, há o deslocamento de alguns colaboradores para o lado inverso de onde se pretende seguir. Assim, eles deslocam a estrutura, enquanto o restante do pessoal continua empurrando a alegoria na parte de trás.

Já os carros com motor possuem um motorista, que fica dentro do carro. O condutor é quem direciona a alegoria por meio do volante, acelera e freia toda a estrutura. Como um veículo mesmo, mas sem a necessidade de uma Carteira Nacional de Habilitação (CNH) para rodar.

Sem visão por conta de estar coberto pela estrutura, o condutor pode ser guiado por imagens de câmeras, que são colocadas na frente dos carros e transmitidas para cabine. Também há a possibilidade de o motorista seguir conforme a comunicação de outro componente próximo ao carro.

Transporte do carro até o sambódromo

Todo processo de transporte das alegorias até o local do desfile é feito geralmente próximo das datas do Carnaval e durante a madrugada, por conta do movimento reduzido. É feito uma interdição do trajeto pelas autoridades, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) no caso de São Paulo, para que não ocorra nenhum acidente.

No caminho traçado, também pode ter pontes, viadutos e outros obstáculos. Por isso, os carros alegóricos mais altos têm parte da estrutura desmontada para o trajeto. Posteriormente, o complemento é reencaixado no carro.

Os caminhões também não são só protagonistas na estrutura de uma alegoria. Os veículos de grande porte são os responsáveis por rebocar os carros até a concentração das escolas de samba.

Montadoras no Carnaval

Mercedes-Benz

Uma das montadoras conhecidas por sua participação no Carnaval é a Mercedes-Benz. A fabricante, forte também no segmento de pesados, como ônibus e caminhões, já foi até homenageada pela Rosas de Ouro, como tema de enredo em 2013: “Os Condutores da Alegria: numa fantástica viagem aos Reinos da Folia”.

Para o desfile de 11 anos atrás, a Mercedes-Benz cedeu cinco caminhões: dois semipesados Atego 2426 6x2 e três extrapesados: os cavalos-mecânicos Actros 2646 6x4, Actros 2546 6x2 e Axor 1933 4x2. Ambos para atividades da escola.

Em 2018, a Rosas homenageou os caminhoneiros e mais uma vez contou com o apoio da montadora alemã. A parceria ainda rendeu para a escola a cessão de caminhões para os compromissos do Carnaval, inclusive transporte de alegorias até o Anhembi.

Em contato com a assessoria da montadora, confirmamos que a parceria para o transporte de alegorias permanece.

Mais recentemente, em 2023, a fabricante anunciou uma parceria com a Portela. No acordo, a Mercedes-Benz cedeu dois novos chassis que serão utilizados neste ano pela agremiação no Carnaval.

A parceria ainda prevê a substituição dos chassis utilizados pela Portela por novos nos próximos anos, fornecidos pela Mercedes-Benz.

Nissan

A marca japonesa já foi patrocinadora do Acadêmicos do Salgueiro. A escola carioca inclusive deixou bem implícito em duas alegorias, em 2014, representações da minivan Nissan Note. A monovolume acabou não vindo ao Brasil, mas é mais um exemplo de parceria entre Carnaval e indústria automotiva.

Renault

Com enredo em homenagem à França, a Vai-Vai recebeu o apoio da montadora francesa Renault para o Carnaval de 2014. Entretanto, a parceria durou pouco e não foi renovada.

Chevrolet

Com o enredo em homenagem à cidade de São Caetano do Sul, a Imperador do Ipiranga também recebeu apoio da Chevrolet para o Carnaval de 2014. A agremiação firmou a parceria, uma vez que, a montadora possui uma unidade na cidade do ABC paulista.

imagens: Portela/Liesa/Liga SP

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