Como é o motor híbrido da Great Wall que chega a 430 cv e faz até 208 km/l

Conjunto eletrificado que estará nos futuros SUVs e picapes produzidos pela fabricante chinesa no Brasil têm a mesma base, mas em configurações diferentes
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28.01.2022 às 10:00 • Atualizado em 31.01.2022
Conjunto eletrificado que estará nos futuros SUVs e picapes produzidos pela fabricante chinesa no Brasil têm a mesma base, mas em configurações diferentes

A Great Wall surpreendeu com o volume de projetos anunciados durante a inauguração de sua fábrica em Iracemápolis (SP), a quarta que a maior fabricante privada da China terá fora do país asiático. Um artigo mais detalhado sobre tudo que foi prometido para os próximos está neste outro artigo, mas vamos resumir: 

A empresa promete lançar dez modelos no país nos próximos três anos, sendo o primeiro deles no último trimestre deste ano, ainda importado. A produção no antigo complexo da Mercedes-Benz começará no segundo semestre de 2023, marcando a chegada dos primeiros produtos nacionais, tanto para o mercado local quanto para exportação.

Como a Mobiauto já vinha apontando, a GWM apostará totalmente na comercialização de SUVs e picapes, e fará isso através de três submarcas: Haval (SUVs urbanos); Tank (jipes off-road); Poer (picapes). Todos os produtos serão híbridos, com chances de termos ainda modelos 100% elétricos da marca Ora, inicialmente importados.

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Conjunto eletrificado que estará nos futuros SUVs e picapes produzidos pela fabricante chinesa no Brasil têm a mesma base, mas em configurações diferentes

Os executivos garantem que nenhum dos modelos a serem aqui produzidos e vendidos foi ainda apresentado globalmente. São modelos em desenvolvimento, inéditos ou atualizações e novas gerações de veículos já existentes. A empresa investirá R$ 10 bilhões no projeto até 2025, e estamos falando só da primeira etapa.

A partir de 2026, a meta é investir em modelos 100% elétricos que utilizam células de combustível capazes de transformar etanol em hidrogênio e, depois, em eletricidade.

Como se vê, a GWM quer se posicionar como a primeira fabricante instalada no país a produzir aqui apenas modelos eletrificados, o que significa que, provavelmente, será também a primeira a lançar uma picape híbrida em nossas ruas – a Toyota tem planos para a Hilux nesse sentido, mas não para antes de 2024 ou 25.

Leia também: Great Wall quer ser 1ª montadora a fazer só híbridos e elétricos no Brasil

Como funciona o conjunto 1.5 turbo DHT

Conjunto eletrificado que estará nos futuros SUVs e picapes produzidos pela fabricante chinesa no Brasil têm a mesma base, mas em configurações diferentes

O que mais impressionou foi o momento em que a GWM apresentou as variantes de conjunto motriz híbrido a serem oferecidas no Brasil. Serão, ao todo, três, sempre combinando um motor 1.5 turbo quatro-cilindros 16V de ciclo Miller – de projeto próprio, segundo a empresa – a diferentes configurações de motores elétricos auxiliares.

Em todas as opções, haverá um motor elétrico postado sobre o eixo dianteiro, funcionando para tração daquele par de rodas ou como gerador das baterias. Sobre o eixo traseiro poderá haver nenhum, um ou dois motores elétricos de tração, o que conferirá diferenças nos dados de potência e torque.

A configuração que traz só o motor/gerador dianteiro se chama 1.5T+DHT130 e será oferecida nos híbridos mais simples, tipo HEV, sem recarga externa. A potência será de 230 cv e o torque, de 41,8 kgfm. Por razões óbvias, a tração neste caso é sempre 4x2 dianteira. 

Conjunto eletrificado que estará nos futuros SUVs e picapes produzidos pela fabricante chinesa no Brasil têm a mesma base, mas em configurações diferentes

Por não haver recarga externa na especificação mais simples, a bateria tem capacidade baixa, de 1,8 kWh. É pouco, mas fica acima dos 1,3 kWh dos irmãos Toyota Corolla e Corolla Cross, o que permite acelerações e retomadas mais constantes em modo 100% elétrico.

Assim, através do sistema DHT (Transmissão Híbrida Dedicada, na tradução do inglês), será possível rodar boa parte do tempo apenas com o motor elétrico tracionando as rodas. O 1.5 turbo com injeção direta de alta pressão e 156 cv operará, especialmente em uso urbano, como gerador de energia a ser convertida em eletricidade. 

Já as configurações mais sofisticadas, chamadas 1.5T+DHT130+P4 – a sigla P4 indica tração nas quatro rodas – são do tipo PHEV (plug-in ou com recarga externa). Por isso mesmo, contarão com um banco de baterias de 43 kWh de capacidade (é mais do que, por exemplo, tem um Nissan Leaf, com seus 40 kWh).

 Leia também: Great Wall registra no Brasil SUV elétrico de luxo que nem a China tem  

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É o que possibilitará o uso de um ou até dois motores elétricos de tração traseiros – o que, naturalmente, aumenta o peso e o consumo de energia – e ainda proporcionar uma autonomia em modo 100% elétrico que pode chegar a 200 km. 

No caso dos híbridos PHEV, a lógica de operação da usina tetracilindro turbinada de 1,5 litro é a mesma, mas com um aumento substancial de potência e torque. Na opção mais completa, com dois motores elétricos traseiros, são 430 cv e impressionantes 77,7 kgfm. Ao mesmo tempo, segundo a GWM, o consumo de combustível alcança de 75 a até absurdos 208 km/l.

Isso porque só a partir de 35 km/h o motor 1.5 propulsiona as rodas, através de engrenagens que o acoplam ou desacoplam do sistema de transmissão, permitindo que trabalhe como propulsor ou gerador.

O câmbio, aliás, possui apenas duas marchas, uma reduzida (que atua até 65 km/h) e uma alongada para velocidades de cruzeiro na estrada. São os motores elétricos que atuam quase o tempo inteiro para suprir os buracos entre essas duas relações. Daí um consumo tão comedido.

A experiência com os híbridos com recarga externa, de acordo com a empresa, será muito similar à de um carro 100% elétrico. As baterias são tão grandes que recuperar 80% de sua energia demorará cerca de 30 minutos em carregador rápido, como em um elétrico comum.

Conjunto eletrificado que estará nos futuros SUVs e picapes produzidos pela fabricante chinesa no Brasil têm a mesma base, mas em configurações diferentes

A sacada é que haverá um motor a combustão para garantir autonomia em viagens mais longas, sem imprevistos ou ansiedade de pane seca, especialmente em um país de dimensões enormes e com pouca infraestrutura de recarga como o nosso.

Com essas motorizações, a Great Wall afirma que os SUVs e picapes nacionais das linhas Haval, Tank e Poer serão capazes de ir de 0 a 100 km/h entre 7,2 e 4,8 segundos, a depender da configuração adotada e do tipo de veículo, obviamente.

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Bom demais para ser verdade?

Conjunto eletrificado que estará nos futuros SUVs e picapes produzidos pela fabricante chinesa no Brasil têm a mesma base, mas em configurações diferentes

Se a GWM não abriu quais serão os dez modelos a serem lançados até 2025, muito menos contou qual especificação do motor cada um deles usará. Admitiu, porém, que o conjunto deve ser híbrido flex, e que todos os produtos nascerão da plataforma modular Lemon ou LMN, já explicada em primeira mão pela Mobiauto neste outro artigo.

Assim, fica fácil prever: a variante mais simples, sem recarga externa, será aplicada em SUVs mais urbanos e baratos, da linha Haval, a serem lançados para brigar com modelos como Toyota Corolla Cross e RAV4. Já a especificação intermediária e a mais forte ficarão para os jipes da submarca Tank e as picapes Poer, que demandarão tração nas quatro rodas e números mais abundantes de potência e torque.

Seja como for, os planos são tão impressionantes e os números, tão absurdos, que fica até difícil acreditar que tudo sairá assim mesmo do papel. Sim, é possível perceber a seriedade do projeto. Mas, como bons discípulos de São Tomé, precisaremos aguardar para ver como toda essa tecnologia será aplicada na prática.

Imagens: Reprodução/GWM e Leonardo Felix/Mobiauto

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