Como a VW A0 picape tentará matar quatro coelhos em uma cajadada só

Com projeto VW247 mais as velhas Saveiro e Amarok renovadas, marca tentará se defender da ofensiva de Stellantis e GM no mercado de picapes com investimento relativamente baixo
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14.07.2023 às 10:08 • Atualizado em 24.07.2023
Com projeto VW247 mais as velhas Saveiro e Amarok renovadas, marca tentará se defender da ofensiva de Stellantis e GM no mercado de picapes com investimento relativamente baixo

Na última coluna, abordei sobre como a Volkswagen mantém viva a ideia de ter uma picape compacta-média para brigar no segmento de Fiat Toro, Chevrolet Montana e Renault Oroch, mesmo após ter abandonado o caro projeto da Tarok. Poucos dias depois, eu e o amigo Renan Bandeira revelamos na Mobiauto o projeto da VW A0 picape ou VW247.

Em um resumo bem resumido, será uma caminhonete com porte similar ao de Montana e Oroch, não mais da Toro, construída a partir da plataforma MQB A0 de Polo, Virtus, Nivus e T-Cross. Seu irmão de desenvolvimento é o projeto 246, que dará origem a um novo SUV de entrada da marca e que será lançado em 2025, com produção em Taubaté (SP).

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Em vez da base MQB-A, de Taos, Golf e Tiguan, que seria usada para dar origem à Tarok, com direito a porte quase idêntico ao da Toro, tração 4x4 e motor a diesel nas versões mais caras, a VW A0 picape trará um conceito menor, mais racional e com custos menores, trazendo suspensão traseira por eixo de torção e tração apenas dianteira.

Mas não se engane: apesar de estar sendo criada em conjunto e ter até um código de projeto pareado ao 246, a picape 247 não será uma substituta direta da Saveiro, pelo menos não em termos de dimensões. Será maior e mais robusta do que ela, com muitos elementos herdados do T-Cross e posicionamento entre a própria Saveiro e a Amarok no portfólio.

Ou seja, com a A0 picape, a Volkswagen replicará quase à risca a estratégia adotada pela GM com a Chevrolet Montana de terceira geração, aproveitando quase toda a estrutura do Tracker, incluindo suspensão, freios dianteiros, elétrica e painel. No caso da VW, seus “doadores” mais diretos serão o A0 SUV (246) e o T-Cross.

Motorização turbo e híbrida

Na questão de conjuntos motrizes, ela pode trazer o motor 170 TSI (1.0 três-cilindros 12V turbo flex) de 116 cv de potência e 16,8 kgfm de torque nas versões de entrada, com câmbio manual. As intermediárias usarão a especificação 200 TSI automática desse mesmo propulsor, com até 128 cv e 20,4 kgfm.

A grande cereja do bolo estaria em suas opções de topo, que marcariam a estreia da motorização eTSI, na qual o propulsor 1.4 quatro-cilindros turbo flex 16V da família EA211 passaria a contar com o auxílio de um sistema híbrido leve de 48 Volts, a fim de aumentar a eficiência energética.

Chegada e foco nas picapes intermediárias

O lançamento está previsto para ocorrer entre o fim de 2025 e começo de 2026, e já foi incluído no atualizado ciclo de investimentos da marca, de R$ 5,2 bilhões. Por isso, seu desenvolvimento corre a todo vapor, incluindo clínicas e engenharia reversa com suas futuras e principais concorrentes.

A A0 picape chegará para ocupar a lacuna entre a Saveiro e a Amarok. Assim como a nova Montana, ela tentará matar quatro coelhos em uma cajadada só:

  1. roubar clientes das versões de topo da própria Strada Cabine Dupla;
  2. rivalizar diretamente com a própria Montana;
  3. pescar compradores das versões mais básicas da Toro;
  4. estrear a motorização híbrida flex da VW.

Como ficam Saveiro e Amarok

A estratégia explica, em boa medida, o que acontecerá com a própria Saveiro. Apesar de trazer a antiga matriz PQ24 dos extintos Gol e Voyage, que remonta ao final dos anos 1990 com o Polo de quarta geração, ela passará por uma atualização visual, de acabamento e equipamentos na linha 2024, a ser lançada no fim deste ano.

Este colunista entende que o objetivo da VW é dar novo fôlego à Saveiro por mais alguns anos, atuando como picape de entrada e trabalho na briga contra as versões mais simples da Fiat Strada. Por isso, ela continuará usando apenas motor 1.6 MSI aspirado de até 117 cv, câmbio manual e duas portas. Nada de turbo, caixa automática ou portas traseiras para ela.

Já a Amarok produzida na Argentina também será atualizada, mas em 2024, utilizando a carroceria e a plataforma que já conhecemos. Nada de uma nova geração derivada da Ford Ranger, portanto. Isso ficará para outros mercados, como a África do Sul, infelizmente. A única ligação com este novo modelo será a inspiração visual.

A própria Amarok deve passar por uma recolocação de mercado, talvez reaproveitando o motor 2.0 turbo diesel para ter versões mais baratas. E assim, com investimentos relativamente baixos, a Volkswagen tentará, com um produto inteiramente novo e dois antigos, atualizados, lutar contra a ofensiva de picapes de suas duas principais rivais, Stellantis e GM.

Projeções -Abertura: @KDesignAG / Corpo: @overboostb

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