Citroën enterra C3, Aircross e C4 Lounge, e vira marca de um carro só

Apenas o SUV C4 Cactus será mantido em linha pela marca até chegada do substituto do C3 no país, no segundo semestre
LF
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31.03.2021 às 10:53
Apenas o SUV C4 Cactus será mantido em linha pela marca até chegada do substituto do C3 no país, no segundo semestre

A profecia do colega Marlos Ney Vidal, do site Autos Segredos, se confirmou: a Citroën tirou nos últimos dias de seu configurador, de uma só vez, as velhas gerações do hatch C3 e do monovolume Aircross, ambos compactos e produzido em Porto Real (RJ), e o sedan médio argentino C4 Lounge.

Com isso, passa a ser momentaneamente marca de um carro de passeio só no país, o C4 Cactus. Enquanto prepara a chegada do substituto do C3, um hatch altinho de origem indiana que deve manter o nome do antecessor e chegará no segundo semestre, a marca trabalhará apenas com o SUV e com as linhas de furgões e vans Jumpy e Jumper.

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Se o C4 Cactus é vendido atualmente em seis versões, entre R$ 96.490 e R$ 122.990, o novo C3 deve ser lançado somente no último trimestre do ano, ocupando uma faixa entre R$ 60 mil e R$ 90 mil. Terá motores 1.2 PureTech de 90 cv e 1.6 EC5 de 118 cv, ambos aspirados e flex. Sua missão será ocupar os lugares de C3 e Aircross de uma só vez.

Apenas o SUV C4 Cactus será mantido em linha pela marca até chegada do substituto do C3 no país, no segundo semestre

Falando em C3 e Aircross, vamos relembrar as trajetórias de suas antigas gerações. O primeiro, que deve sobreviver como terceira geração, chegou ao Brasil em 2003 e se tornou o Citroën mais vendido em nosso mercado. Por sinal, desde o lançamento ele sempre usou alguma especificação do propulsor de 1,6 litro hoje denominado EC5JP4.

Na época de sua estreia, o C3 nacional era equipado com a segunda especificação da usina, dotada de quatro válvulas por cilindro no cabeçote e duplo comando, com 110 cv de potência e 15 kgfm de torque. Em 2005, foi a primeira geração do hatch redondinho a responsável por estrear sua derivação flex, de 113 cv e 15,5 kgfm quando abastecido com etanol.

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Além deste propulsor, o modelo passou a ser equipado com o 1.4 de 75 cv e 12,5 kgfm nas versões de entrada, um ano antes da chegada do 1.6 flex. Este último também se tornou bicombustível no começo de 2006, subindo para 82 cv e 12,6 kgfm usando combustível de origem vegetal. 

O facelift veio em 2008 e, com todos esses incrementos, a Citroën viu os emplacamentos do C3 subirem de menos de 5.000 unidades em 2003 para quase 13.000 em 2005, 22.000 em 2006, 30.000 em 2007 e um pico de praticamente 40.000 exemplares comercializados em 2010, auge da existência do hatch no país.

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A segunda geração foi lançada em 2012 e preservava a silhueta arredondada e altinha, porém com mimos como um para-brisa panorâmico, chamado Zenith. Este não durou tanto tempo em linha, porque era caro e difícil de repor.

Outras duas apostas erradas foram o motor 1.5 flex de 93 cv e a aliança entre o propulsor 1.6 EC5, agora recalibrado para entregar 122 cv, e o frágil câmbio AL4, automático de quatro marchas. 

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As tentativas de corrigir os rumos, com a troca do 1.5 pelo 1.2 três-cilindros PureTech de 90 cv, muito mais econômico, em 2016, e a da caixa AL4 por uma automática de seis velocidades da Aisin, mais eficiente e confiável, em 2018, chegaram tarde demais e não impediram a derrocada do modelo.

Com visual manjado e pouco apelo em equipamentos, visto que nunca passou sequer por uma reestilização, o C3 de segunda geração viu seus índices de emplacamento despencarem de quase 35.000 unidades em 2012 para 17.000 em 2015, menos de 12.000 em 2016, menos de 10.000 em 2017, menos de 3.000 em 2019 e menos de 1.000 em 2020.

A expectativa do grupo Stellantis é que, com a nova geração, o C3 recupere o fôlego e o prestígio de outrora.

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Já o Aircross surgiu em 2010, como C3 Aircross, derivado do monovolume europeu C3 Picasso. O projeto, cheio de adereços aventureiros para ficar mais robusto – incluindo um pouco usual estepe pendurado à tampa do porta-malas –, era exclusivo do Brasil. 

Ainda assim, o próprio C3 Picasso viria a se juntar a ele um ano mais tarde, embora com diferenças estéticas em relação ao homônimo europeu, todas alinhadas às adaptações feitas pela engenharia local com o Aircross. O motor de ambos era o velho de guerra 1.6 EC5, sendo que o 1.5 flex aportaria na gama do Picasso em 2012.

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Em 2016, quando o monovolume passou por uma renovação de meia-vida, extinguiu o uso da nomenclatura C3 e do sobrenome Picasso, passando a se chamar apenas Aircross e a ter um design unificado, com opção ou não de estepe pendurado, a depender da versão. Motores seguiram sendo o 1.5 (manual) e o 1.6 (AL4).

A configuração de menor capacidade cúbica morreu em 2018 e a famigerada caixa de quatro marchas deu lugar à mesma Aisin de seis velocidades do C3 no mesmo ano. Na mesma época, também o pneu sobressalente exposto foi abandonado. 

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Nada disso impediu o modelo de viver uma derrocada similar à do C3: de mais de 20.000 unidades emplacadas em 2011 e 12 (somando C3 Aircross e Picasso) para cerca de 8.000 em 2016 e 17, depois 5.500 em 2018, menos de 3.000 em 2019 e menos de 1.000 no ano passado.

Por fim, o C4 Lounge foi criado para suceder o controverso C4 Pallas no mercado sul-americano. Sua produção sempre ocorreu na Argentina. Estreou em 2013, já contando com motor 1.6 THP a gasolina de 165 cv, desenvolvido em parceria com a BMW. No ano seguinte, a unidade passaria a aceitar também etanol.

Apenas o SUV C4 Cactus será mantido em linha pela marca até chegada do substituto do C3 no país, no segundo semestre

Além dele, outro destaque era a caixa automática de seis marchas no lugar da arrepiante AL4 do C4 Pallas. Ela trabalhava em conjunto tanto com o THP quanto com o motor 2.0 aspirado flex de 151 cv, que empurrava as versões de entrada.

O C4 Lounge sempre se notabilizou por oferecer bom espaço interno e pacote de equipamentos generoso, como seis airbags, central multimídia, chave com sensor presencial e partida do motor por botão, itens ainda raros no mercado brasileiro oito anos atrás. 

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Tudo isso por um bom custo-benefício em relação aos concorrentes japoneses Toyota Corolla e Honda Civic. Mesmo assim, nunca se desvencilhou da má fama de seu antecessor. Seu pico de vendas foi alcançado em 2014, com pouco mais de 9.000 emplacamentos. 

Depois, caiu gradativamente para 6.000, 4.000, 3.000, 1.500 e menos de 500 unidades vendidas em 2020. Nem o facelift de meia-vida surgido em 2017 deu jeito no modelo. No fim do ano passado, o três-volumes já deixara de ser importado ao país, tendo morrido sem sequer ter saído da linha 2019. 

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