Avaliação: VW Taos Comfortline mescla doses de Golf, T-Cross e Polo

Versão de entrada do SUV mistura itens surpreendentemente modernos com outros demasiadamente simples a R$ 160 mil
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09.09.2021 às 10:24 • Atualizado em 13.09.2021
Versão de entrada do SUV mistura itens surpreendentemente modernos com outros demasiadamente simples a R$ 160 mil

O Volkswagen Taos foi uma resposta um tanto tardia, porém incisiva da marca ao sucesso do Jeep Compass no mercado brasileiro. Chegou, junto do Toyota Corolla Cross, para tirar o sossego do SUV compacto-médio da Stellantis.

Embora o porte seja similar, há algumas diferenças substanciais de estratégia: enquanto o Compass é nacional e possui uma gama vasta de versões com motor 1.3 turboflex e 2.0 turbodiesel, o Taos vem da Argentina em uma linha enxuta, composta por só duas configurações e um motor, 1.4 TSI flex automático. Os preços vão de R$ 160.000 a R$ 200.000.

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A Mobiauto já avaliou a opção mais cara da gama, Highline 250 TSI. Agora, experimentamos por uma semana a variante Comfortline 250 TSI, a mais barata. O que ela oferece e o que deixa de oferecer na comparação com a mais cara? É o que descobriremos neste artigo.

A unidade que testamos veio com pintura sólida Preto Mystic, a única sem custo adicional. Também não dispunha de nenhum dos dois pacotes opcionais possíveis (eles serão listados mais abaixo).

Taos Comfortline 250 TSI automático - Preço: R$ 159.190.

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Design e acabamento

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É interessante como mudanças simples de estilização, externa ou interna, podem transformar a forma como se percebe um automóvel. Se o Taos Highline transparece certas doses de requinte, o Comfortline se comunica muito mais com modelos de maior popularidade da VW no Brasil, como Polo, Virtus, Nivus e T-Cross.

Por fora, a grade perde o chamativo filete horizontal iluminado, mas mantém as divisórias estilo colmeia (incluindo na tomada de ar inferior do para-choque) e os contornos cromados nas duas extremidades, alinhados aos faróis. Estes são do tipo Ecoled e não trazem a tecnologia IQ Light presente na versão de topo. 

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Isso significa que a iluminação é convencional, sem regulagens automáticas, mas com dois diodos que funcionam como luzes diurnas nas bases e luzes de seta halógenas centro. Demais elementos do balanço dianteiro são análogos aos do Taos Highline, assim como toda a parte traseira, incluindo as lanternas de LED.

Lateralmente, as barras longitudinais de teto perdem o cromo acetinado e passam e ostentar o tom preto fosco. Já as rodas trocam o acabamento escurecido e diamantado pelo prata convencional, mas sustentam desenho e diâmetro da versão mais cara, sendo calçadas por pneus com as mesmas especificações.

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Motorização, desempenho e dirigibilidade

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Já falamos muito a respeito de motor, consumo de combustível e dinâmica de condução do VW Taos na avaliação da versão Highline e em nosso vídeo sobre o SUV. Não é preciso discorrer mais a respeito, até porque o motor é o conhecido 1.4 turboflex de injeção direta já usado durante anos por Golf, Jetta, Tiguan, T-Cross, Polo e Virtus.

Como desta vez passamos alguns dias a mais com o Taos, outros detalhes vieram à tona. O primeiro diz respeito ao câmbio. Como já se conhece de outros VW, a caixa automática de seis marchas da Aisin possui uma calibração voltada a respostas imediatas e é bem permissiva na conversa com o propulsor.

Porém, também como já se constata em vários modelos da marca, o Taos apresenta trancos incômodos nas reduções abruptas para segunda e primeira marcha. Ainda assim, as acelerações são espertas e nada letárgicas, com um desempenho quase sempre nas marchas e rotações mais adequadas. 

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Por isso mesmo, mais o peso inferior e a aerodinâmica superior, o Taos possui aceleração de ação de 0 a 100 km/h quase tão célere quanto a do novo Compass, mesmo este tendo recebido um motor até 35 cv mais potente e com 2 kgfm extras de torque. 

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As suspensões, por sua vez, proporcionam uma boa dose entre equilíbrio e maciez. Estão longe de ser molengas como a do Corolla Cross, que por sinal usa as mesma arquiteturas McPherson e por eixo de torção, mas também não demonstra a robustez do Compass. Em vias mais esburacadas, ela transfere algumas pancadas secas e barulhentas.

Por outro lado, a direção eletricamente assistida é a mais precisa e direta do segmento, sem apresentar qualquer tipo de rebote ou anestesia. E como a posição de dirigir proporcionada pela plataforma MQB é muito correta e o diâmetro de giro, honesto, manobrar o Taos em meio ao caos do trânsito urbano é uma tarefa relativamente simples.

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Motor: 1.4, dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 16V, turbo, flex, duplo comando variável de válvulas, injeção direta de combustível, taxa de compressão 10,5:1
Potência (G/E): 150/150 cv a 5.000 rpm
Torque (G/E): 25,5/25,5 kgfm a 1.500 rpm
Peso/potência: 9,5 kg/cv
Peso/torque: 55,7 kg/kgfm
Câmbio: automático, 6 marchas
Tração: dianteira
0 a 100 km/h: 9,3 s
Velocidade máxima: 194 km/h

Consumo: 7 km/l (E) e 10,2 km/l (G) na cidade / 9 km/l (E) e 12,5 km/l (G) na estrada.

Dados técnicos: direção elétrica, suspensões McPherson (dianteira) e multilink (traseira), freios a discos ventilados (dianteira) e a discos sólidos (traseira), 185 mm vão livre do solo, ângulo de ataque 19°, ângulo central 20,1°, ângulo de saída 26,3°, carga útil 470 kg, pneus 215/55 R18.

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Conforto, acabamento e espaço interno

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Não há diferenças de dimensões do Taos Comfortline para o Highline. Portanto, te convidamos mais uma vez a ler as impressões da versão de topo para entender como é o espaço interno a bordo do SUV estreante. Que, por sinal, é bem generoso, incluindo um porta-malas amplo com quase 500 litros de volume na medição VDA, o maior da categoria.

Aqui, focaremos nas soluções mais simples de acabamento, porque o Taos de entrada perde quase todo o charme e a já tímida sensação de requinte que o Highline proporciona. O padrão de materiais usados para revestir painel e guarnições das portas é o mesmo, mas alguns detalhes fazem falta.

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Não há iluminação interna ambiente; a faixa central do painel muda o tom de prata para azul; os pedais deixam de contar com contornos metálicos; os bancos perdem o couro sintético e passam a ser revestidos de tecido, com faixas cruzadas diagonais de baixo relevo nos assentos para pernas e encostos lombares e presença de couro apenas nas laterais, combinando com o cinza de parte do acabamento de painel e portas; tampouco há teto solar.

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Com esse ambiente mais simples, incluindo ajustes manuais para volante e bancos dianteiros, aumenta a sensação de estar a bordo de um Polo ou T-Cross anabolizados. A manopla de câmbio, aliás, é presente do T-Cross, enquanto o volante é o mesmo que estreou em 2020 no Nivus. Pelo menos há um apoio de braço central acolchoado com porta-objetos, além de luz de cortesia na fileira traseira, porta-luvas refrigerado e iluminado, e luzes no bagageiro.

Dimensões: 4.461 mm comprimento, 2.680 mm entre-eixos, 1.841 mm largura, 1.626 mm altura, 498 litros de porta-malas, 51 litros do tanque de combustível, 1.420 kg de peso.

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Tecnologia, segurança e equipamentos

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O Taos Comfortline perde todos os atributos semiautônomos presentes no irmão Highline. A frenagem autônoma emergencial com detector de pedestres e o controle de cruzeiro adaptativo passam a vir num pacote opcional de quase R$ 5.000, mas outros itens, como o leitor de placas de trânsito, sequer aparecem na lista.

Ainda assim, a versão de entrada do SUV surpreende por oferecer alguns elementos tecnológicos interessantes, como o freio de estacionamento elétrico, o retrovisor interno eletrocrômico e externo direito com tilt down, o ar digital automático de duas zonas, com direito a difusores na fileira traseira, e as aletas para troca de marcha manual no volante.

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O quadro de instrumentos é digital, porém de 8”, como na nova geração do Polo europeu. Possui uma boa resolução e é completo em informações, mas não tem o charme do cluster de 10,25” já visto no Taos Highline e em outros modelos da VW.

Há, ainda, carregador de celular sem fio e todas as tomadas USB são do tipo C, o que significa que celulares que não são iOS e possuem cabo com saída USB convencional não conseguem entrar no Android Auto, visto que a projeção sem fio só ocorre para quem usa Apple CarPlay.

Falando nisso, a central multimídia VW Play de 10,1” é a mesma de Nivus, T-Cross, Polo e Virtus: muito intuitiva, com tela de boa resolução e capaz de projetar Apple CarPlay sem fio – já o Android Auto ainda é por cabo, como acabamos de dizer. Porém, alguns clientes começam a reclamar de falhas como apagões e panes, assim como acontece em outros modelos.

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Uma coisa interessante é que é possível baixar alguns aplicativos no próprio sistema, como o Waze e o iFood, e utilizá-los enquanto dirige, sem precisar abrir o aplicativo no celular. Para isso, porém, é preciso rotear a internet do seu aparelho com a central via Wi-Fi e fazer o login.

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VW Taos Comfortline 250 TSI 2022 – Itens de série

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Além dos obrigatórios airbags frontais, freios dianteiros ABS (antiblocantes), ganchos Isofix para cadeirinhas infantis, encostos de cabeça e cintos de três pontos em todas as posições, o Taos Comfortline 2022 traz de série:

Visual: faróis de Ecoled com luzes diurnas de LED integradas; lanternas traseiras de LED; rodas de liga leve de 18 polegadas com pneus 215/55 R18; teto e capas dos retrovisores na cor do veículo; grade com divisórias em preto fosco; rack de teto longitudinal preto.

Conforto e acabamento: trio elétrico; direção elétrica progressiva; freio de estacionamento eletrônico; assistente de subida em rampas; vidros elétricos com um-toque e antiesmagamento; coluna de direção com ajustes de altura e profundidade; volante multifuncional revestido em couro sintético com aletas para trocas de marcha; bancos revestidos em tecido cinza com faixas externas brancas em couro sintético; descansa-braço com porta-objetos central; ar-condicionado automático digital de duas zonas com saídas de ar para a segunda fileira de bancos; porta-óculos no teto; chave com sensor presencial; partida do motor por botão; bancos dianteiros com ajuste manual de altura; retrovisores externos elétricos com tilt down do lado direito; retrovisor interno antiofuscante; porta-luvas iluminado e refrigerado; iluminação no porta-malas.

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Segurança: seis airbags (dois dianteiros, dois laterais e dois de cortina); controle de estabilidade e tração; assistente de partida em rampas, câmera de ré com auxílio para manobras; sensor de chuva e crepuscular; sensores de estacionamento traseiros e dianteiros; alarme antifurto; detector de fadiga; controle de cruzeiro; detector de ponto cego.

Tecnologia: quadro de instrumentos digital de 8”; central multimídia VW Play de 10” com Android Auto (via cabo) e Apple CarPlay (sem fio); carregador de celular por indução; duas tomadas USB-C no painel e uma na segunda fileira; sistema de som com seis alto-falantes.

Opcionais:

Pacote Segurança (R$ 4.920): Controle de cruzeiro adaptativo (ACC); frenagem autônoma de emergência; detector de pedestre.

Pacote Conforto (R$ 5.570): bancos dianteiros aquecíveis; bancos do motorista com regulagem elétrica; revestimentos dos bancos parcialmente em couro.

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Conclusão

Versão de entrada do SUV mistura itens surpreendentemente modernos com outros demasiadamente simples a R$ 160 mil

O Taos Comfortline surpreende positivamente por trazer uma boa dose de tecnologia a bordo. Faltam alguns mimos e assistências ativas à condução, mas o SUV já se mostra completo em conectividade e itens de conforto e comodidade. E traz o mesmo padrão de desempenho e dirigibilidade da versão Highline, o que é a melhor das notícias.

Se os equipamentos de segurança ativa não chegam a fazer falta no dia a dia (fariam falta, obviamente, em uma hipotética situação de emergência), o padrão de acabamento incomoda tão logo se coloca os olhos no modelo, pois passa a lembrar o manjado e criticado padrão de acabamento de qualquer VW atual.

Imagens: Murilo Góes / Arte placas: Kleber Silva

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