Avaliação: Nissan Versa Sense CVT tem conforto demais e recheio de menos

Versão básica do sedan agrada pela dirigibilidade, mas pede mais de R$ 100.000 por uma lista de equipamentos acanhada
Renan Bandeira
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21.01.2022 às 17:18
Versão básica do sedan agrada pela dirigibilidade, mas pede mais de R$ 100.000 por uma lista de equipamentos acanhada

Bonitão, confortável e espaçoso. Esses são os adjetivos que melhor explicam o que é a segunda geração do Nissan Versa, que marca uma importante evolução - principalmente visual - do sedan, e que está no Brasil desde o final de 2020.

Seu segmento é disputado por aqui: o modelo importado do México concorre com VW Virtus, Chevrolet Onix Plus, Hyundai HB20S, Fiat Cronos, Toyota Yaris Sedan e Honda City

Os dois últimos são seus principais concorrentes. Afinal, são de marcas japonesas e oferecem motores aspirados com câmbio CVT. E são justamente os que passaram pelas mais recentes renovações de visual e equipamentos.

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Apesar disso, o Versa ainda tem suas artimanhas para tentar vencer os rivais. Mesmo nas versões mais básicas, como é o caso da Sense CVT avaliada neste texto, traz um padrão de acabamento bastante satisfatório.

Versão básica do sedan agrada pela dirigibilidade, mas pede mais de R$ 100.000 por uma lista de equipamentos acanhada

Some-se a isso o conjunto motriz confiável, formado pelo motor 1.6 aspirado e o câmbio continuamente variável, e o espaço interno generoso, e pronto: temos uma alternativa muito interessante no segmento de sedans compactos. 

Principalmente para aqueles que ainda não são adeptos do motor turbo, e também aos que querem algo mais próximo ao que oferecem os sedans médios. O problema é que a pedida é alta: o Versa Sense CVT, versão mais barata do modelo, já está pedindo mais de R$ 100.000. 

Será que o visual carismático e a proposta de carro familiar são suficientes para justificar a pedida na casa de seis dígitos, especialmente em uma versão cuja lista de equipamentos é tão simples? É o que o Versa Sense CVT tentará provar nesta avaliação.

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Visual e acabamento interno

Versão básica do sedan agrada pela dirigibilidade, mas pede mais de R$ 100.000 por uma lista de equipamentos acanhada

O visual do novo Versa é bastante conhecido. Desde seu lançamento, o sedan não recebeu novidades, seguindo com linhas inspiradas na mais nova geração do primo maior Sentra - que, por sinal, já teve seu lançamento no Brasil cancelado.

Por razões óbvias, a versão de entrada, Sense, perde um pouco do glamour se comparada com a de topo, Exclusive. Mas ainda segue agradável aos olhos.

Na dianteira, os detalhes cromados e em preto brilhante deixam o sedan com ar mais sofisticado. Por custar R$ 100.000, ele bem que podia vir de série já com rodas de liga leve, que são opções bem mais bonitas. Se serve de consolo, o jogo de aço com calotas até tem um visual legal.

Na traseira, destacam-se o acabamento que imita aço escovado na parte inferior do pára-choque e o vinco na parte superior da tampa do porta-malas, que parece um pequeno spoiler.

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O interior do Verse Sense é simples, mas surpreende por se tratar de uma versão de entrada. Os bancos têm acabamento em tecido, mesclando as cores preta e cinza, e contam com a tecnologia Zero Gravity, que, segundo a Nissan, ajuda a proporcionar maior conforto e ergonomia.

Versão básica do sedan agrada pela dirigibilidade, mas pede mais de R$ 100.000 por uma lista de equipamentos acanhada

Na prática, o encosto e o assento apoiam bem o tronco do condutor. Isso dá uma posição agradável de dirigir e tornam mais confortáveis até as viagens mais longas. 

O envolvente do painel é todo de plástico rígido, mas uma peça plástica pintada de bege ameniza o acabamento simples e dá um bom ganho de beleza à cabine. 

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Espaço interno e conforto

O espaço interno do novo Versa é primoroso. Aqui, os 2.600 mm de entre-eixos são bem aproveitados, deixando um bom espaço para os joelhos dos passageiros da segunda fileira. Vale lembrar que a nossa avaliação leva em consideração um homem adulto de 1,87 m - no caso, este repórter.

Para a cabeça, o espaço é limitado, ao ponto de um passageiro mais alto raspar a sua no teto. No entanto, é bom para os ombros, o que permite levar três ocupantes na fileira traseira sem que eles rocem os braços um no outro o tempo inteiro.

Os passageiros da frente vão ainda mais confortáveis. Nesse caso, o espaço para a cabeça é melhor, então a dica é: se possível, deixe mais altos na frente.

O volume do porta-malas se mostra excelente, mesmo não sendo o maior da categoria. Ele tem acabamento acarpetado, uma boa abertura de tampa para passar as bagagens e formato de caixote, que ajuda a encontrar a melhor posição possível para as malas, como num jogo de tetris. 

Dimensões: comprimento, 4.495 mm; entre-eixos, 2.620 mm; largura, 1.465 mm; altura, 1.740 mm; porta-malas, 466 litros; pneus, 195/65 R15; tanque de combustível: 41 litros.

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Tecnologias e itens de segurança

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Como esperado de uma versão mais básica, não há muita tecnologia dentro do Versa Sense. Ao entrar no veículo, já sentimos falta de uma central multimídia com projeção de celulares via Android Auto ou Apple CarPlay. Não esqueçamos que ele custa mais de R$ 100.000, valor elevado para ter no painel um rádio com Bluetooth.

O quadro de instrumentos é todo analógico e conta com uma pequena tela digital centralizada para o computador de bordo. Ali, o sedan mostra uma espécie de régua de consumo para o motorista dosar o pé e tornar sua direção mais eficiente. Parece boba, mas é uma ferramenta bem útil.

As maiores comodidades estão na chave presencial e na partida do motor por botão. Mas o Versa Sense ainda oferece uma série de porta-objetos e sensor de estacionamento traseiro, que ajuda nas manobras em marcha à ré.

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Motorização e desempenho

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O desempenho do Versa é ideal para quem, de fato, busca um carro para a família. O 1.6 16V aspirado de 114 cv e 15,5 kgfm é silencioso, vibra menos no cofre do motor que de três cilindros e entrega o suficiente para uso na cidade.

É bem verdade que o sedan leva um tempinho para reagir às acelerações e retomadas, pois não tem a mesma aptidão de um motor turbinado a rotações mais baixas. No entanto, é um carro com desempenho suficiente. 

E pode ir bem na rodovia, desde que o motorista compreenda as limitações de elasticidade do motor e busque acelerações gradativas. Pisar fundo não é o melhor caminho. Afinal, desempenho não é a do Versa e isso só vai transformá-lo e um carro beberrão. 

Motor: 1.6, dianteiro, quatro cilindros, 16V, aspirado, flex, duplo comando de válvulas, injeção multiponto

Taxa de compressão: 10,7:1

Potência: 114 cv a 5.600 rpm (G/E)

Torque: 15,5 kgfm a 4.000 rpm (G/E)

Peso/potência: 9,6 kg/cv

Peso/torque: 70,8 kg/kgfm

Câmbio: automático do tipo CVT, que simula 6 marchas

Tração: dianteira

0 a 100 km/h: 10,7 s

Velocidade máxima: 180 km/h (controlados eletronicamente)

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Consumo

Nada disso quer dizer que o Versa será um primor em poupar combustível. Os números do Inmetro mostram que seu consumo é praticamente o mesmo de um Toyota Corolla, sedan de porte maior, e o pior se comparado aos novos Honda City e Toyota Yaris.

Na prática, os números são ainda menores. A média de consumo da Mobiauto, com etanol, foi de 7,3 km/l na cidade. Apenas na estrada que conseguimos cravar os 10 km/l prometidos. Resultado de o sedan ter injeção multiponto e não direta.

Consumo (Inmetro): 8,0 km/l com etanol e 11,7 com gasolina, na cidade; e 10 km/l com etanol e 13,9 km/l com gasolina na estrada.

Dirigibilidade

Versão básica do sedan agrada pela dirigibilidade, mas pede mais de R$ 100.000 por uma lista de equipamentos acanhada

Mas é a dirigibilidade o ponto forte do Versa. Carroceria baixa, pouca distância do solo e linhas que ajudam na aerodinâmica. Tudo isso ajuda a manter o sedan no chão e tornar a direção mais prazerosa, com baixa inclinação de carroceria nas curvas. São características que costumamos ver em sedans maiores.

As suspensões são calibradas na medida, entregando conforto para o dia a dia na cidade e justas o suficiente para manter o carro estável na estrada. Além disso, são ajudadas pelos pneus de ombros largos, que contribuem para uma absorção suave das imperfeições do solo, mantendo os ocupantes sempre confortáveis.

A direção elétrica progressiva é outro ponto bastante positivo, sendo leve para manobras e pesada em velocidades mais altas. O motorista sente o carro na mão o tempo todo, sem a sensação de estar flutuando sobre o asfalto. 

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E o câmbio automático do tipo CVT se torna a cereja do bolo. Ele deixa a condução ainda mais confortável, já que as relações infinitas de marcha evoluem sem elevações excessivas dos giros do motor, assim como sem os solavancos dos automáticos convencionais.

O sedan só peca por não oferecer marchas simuladas com trocas sequenciais, nem mesmo pela alavanca. Parece um recurso banal, mas que se mostra útil especialmente para aprimorar o uso do freio-motor em descidas. Só nos resta ter que apelar ao modo L (Low) na alavanca. 

Dados técnicos: direção elétrica; suspensões independente McPherson (dianteira) e eixo de torção (traseira); freios a discos (dianteira) e tambor (traseira); diâmetro de giro, 10,6 m; Cx, não divulgado; vão livre do solo, 138 mm; ângulo de ataque, 16,4°; ângulo central, não divulgado; ângulo de saída, 19,9°; peso em ordem de marcha, 1.098 kg; carga útil, 546 kg.

Nissan Versa Sense CVT 2022 - Itens de série

Versão básica do sedan agrada pela dirigibilidade, mas pede mais de R$ 100.000 por uma lista de equipamentos acanhada

Visual: rodas de aço de 15" com calotas integrais, bancos com acabamento bicolor em cinza e preto, antena de teto, grade frontal com acabamento cromado, maçanetas externas na cor do veículo e internas cromadas, pára-choques na cor do veículo, retrovisores externos rebatíveis e na cor da carroceria.

Conforto: porta-copos dianteiros, abertura interna do porta-malas, ar-condicionado, apoia braço para o motorista, banco com tecnologia zero gravity com ajustes manuais, volante multifuncional, chave presencial e partida por botão, desembaçador do vidro traseiro, direção elétrica progressiva, retrovisores com regulagem elétrico, vidros elétricos em todas as portas com função one touch nos dianteiros, coluna de direção com regulagem de altura e profundidade.

Tecnologia: computador de bordo de 3,5”, controle de cruzeiro, quatro alto falantes, rádio com bluetooth.

Segurança: seis airbags, alerta de não afivelamento do cinto de segurança para todos os ocupantes, controle de tração e estabilidade, sistema Isofix, freios ABS com controle de frenagem e EBD e assistência (BA), sensor de estacionamento traseiro, assistente de partida em rampa.

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Conclusão

Versão básica do sedan agrada pela dirigibilidade, mas pede mais de R$ 100.000 por uma lista de equipamentos acanhada

Mesmo na versão de entrada, o Nissan Versa agrada. Ele é espaçoso para levar cinco pessoas mais bagagem, confortável e prazeroso de dirigir. 

Entretanto, o pacote de itens de série é básico até demais, deixando o sedan muito “pelado” e pouco atrativo para clientes que, pouco tempo atrás, conseguiam comprar versões de entrada de Honda Civic e VW Jetta por esse mesmo valor.

Além disso, a etiqueta elevada abre o leque de opções no segmento. Afinal, todos os outros concorrentes têm versões de entrada mais em conta e até mais equipadas, com exceção do novo Honda City, que parte de R$ 108.300. 

O Nissan Versa, com certeza, tem bons predicados para ser um dos sedans compactos preferidos do segmento. Mas precisaria de mais equipamentos desde a versão de entrada para justificar a pedida.

Imagens: Divulgação / Nissan e Renan Bandeira / Mobiauto. Artes placas: Kleber Silva / Mobiauto

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