Avaliação: Jeep Renegade 4x4 flex 2023 anda muito (e bebe também)

SUV é um dos únicos com tração nas quatro rodas entre os compactos, mas preço e consumo elevados afastam o consumidor
Renan Rodrigues
Por
28.03.2023 às 10:23 • Atualizado em 05.04.2023
SUV é um dos únicos com tração nas quatro rodas entre os compactos, mas preço e consumo elevados afastam o consumidor

Há pouco mais de um ano, o Jeep Renegade abandonou a fama de manco ao trocar o motor 1.8 aspirado pelo 1.3 turbo. Isso tornou o Renegade Sport, a versão de entrada, em um dos campeões em custo-benefício na faixa dos R$ 130 mil. 

Com a reestilização, o SUV também deixou de lado o motor 2.0 turbodiesel e passou a utilizar o mesmo 1.3 turbo nas versões de topo, só que com tração 4x4. Boa parte do público ainda não entendeu a movimentação da marca, mas, no lançamento do modelo, a Jeep colocou o Renegade em seus campos de teste para provar que a capacidade off-road se mantem.

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Mas será que isso basta? Quem estiver pensando em um Renegade deve olhar com mais carinho para as versões 4x4? A Mobiauto ficou uma semana com o Renegade Trailhawk e te responde abaixo.

SUV é um dos únicos com tração nas quatro rodas entre os compactos, mas preço e consumo elevados afastam o consumidor

Preço: Jeep Renegade Trailhawk T270 (R$ 173.690) + pintura metálica (R$ 1.553) + teto solar panorâmico (R$ 8.300). Total: R$ 183.543 

Cresceu nas vendas, mas...

A decisão de trocar as versões diesel 4x4 pelas flex 4x4 foi baseada no volume de vendas, uma vez que as opções com motor sem centelha representavam apenas 10% dos emplacamentos do Renegade. A estratégia deu certo, já que as versões 4x4 agora representam 20% das vendas, portanto, o dobro em percentual. 

É verdade que as vendas do Renegade caíram no geral, saindo de 73.913, em 2021, para 51.398, em 2022. Mas, mesmo com a redução, as novas configurações com tração nas quatro rodas levam a melhor, com vantagem de aproximadamente 3 mil unidades.

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Vale ressaltar que essa queda era prevista pela Stellantis e não há preocupação no grupo, já que o Renegade foi reposicionado para abrir espaço para os Fiat Pulse e Fastback, por exemplo. 

Só que há um ponto a ser discutido: quem quiser um Renegade completo, obrigatoriamente terá de comprar uma versão 4x4. A configuração Longitude, a mais cara com tração 4x2 (R$ 144.490), não é equipada com itens como chave presencial, sensores crepuscular e de chuva, airbag para o joelho do motorista, retrovisor eletrocrômico, sensor de ponto cego, entre outros. 

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Esse gap de equipamentos ainda é acompanhado com importante diferença no preço. Para sair do Longitude para uma versão com tração nas quatro rodas, são necessários R$ 23 mil a mais de investimento, já que tanto o Série S como Trailhawk são tabelados em R$ 173.690. 

Porém, para comprar exatamente o modelo das fotos, que é pintado no chamativo tom de laranja (Orange Punk’n) e que possui o teto solar panorâmico, único opcional vendido, são necessários R$ 183.543, praticamente R$ 10 mil a mais do preço de tabela. 

Anda igual e bebe mais 

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Você certamente deve pensar que a troca ao menos trouxe desempenho superior ao Renegade 4x4 flex em relação ao diesel, certo? Só que isso não aconteceu. O 0 a 100 km/h declarado pela fábrica para o flex é rigorosamente o mesmo: 9,9 segundos. O grande ganho, claro, está em relação ao 1.8, mas só em desempenho – já falaremos de consumo. 

O 1.3 turbo de 185 cv de potência e 27,5 kgfm de torque com câmbio automático de nove marchas e tração nas quatro rodas garante um bom desempenho, de fato. Porém, os 165 kg a mais e a transmissão, que guarda a primeira marcha como reduzida e parte sempre de segunda, torna essa opção mais “amarrada” que a 1.3 4x2. 

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Essa sensação fica evidente ao comparar o 0 a 100 km/h, já que o modelo de tração dianteira cumpre a arrancada em 8,7 segundos. Na cidade essa sensação é maior. Em rodovias, depois de embalar, o Renegade 4x4 entrega tudo que promete. 

Só que essa potência tem um preço: o consumo. Se o Renegade 1.8 não era uma referência em consumo, o 1.3 turbo 4x4 consegue ser pior nesse sentido. A situação não muda quando comparamos com as versões 1.3 4x2 e as 2.0 turbodiesel 4x4.

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Confira os números do Inmetro com gasolina (ou diesel) para todas as motorizações já ofertadas no Renegade:

  • Jeep Renegade 1.8 flex AT6 – 10 km/l na cidade e 12,2 km/l na estrada sempre com gasolina
  • Jeep Renegade 2.0 turbodiesel AT9 4x4 – 9,6 km/l na cidade e 11,4 km/l na estrada
  • Jeep Renegade 1.3 turbo flex AT6 – 11 km/l na cidade e 12,8 km/l na estrada sempre com gasolina
  • Jeep Renegade 1.3 turbo flex AT9 4x4 – 9,1 km/l na cidade e 10,8 km/l na estrada sempre com gasolina

Com etanol a situação é ainda pior. Quando retiramos o carro na concessionária, o consumo médio na cidade de São Paulo, com muito trânsito, não chegou a 5 km/l, enquanto o Inmetro declara 6,3 km/l. Em rodovias, com muito esforço chegamos na casa dos 7 km/l contra 7,6 km/l, declarados. 

Com todas essas referências negativas, você deve estar pensando que o Renegade não tem nada de bom. Não é bem assim. A suspensão do Renegade é, possivelmente, a melhor do segmento. O SUV faz curva como poucos, filtra bem os problemas do nosso asfalto e garante estabilidade ímpar. 

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Juntamente com seu rival, o Honda HR-V – considerando as versões turbo -, é o SUV compacto que entrega mais prazer ao dirigir, muito por conta do acerto da suspensão e, agora, com um motor que garante bom desempenho. 

Ficha técnica Jeep Renegade Trailhawk 2023: 

Motor: 1.3, dianteiro, transversal / quatro cilindros em linha / 16V / turbo / flex / eixo comando de válvulas: um no cabeçote / injeção direta de combustível / taxa de compressão 10,5:1
Potência (G/E):  180/185 cv a 5.750 rpm
Torque (G/E):  27,5 kgfm a 1.750 rpm
Peso/potência: 8,8 kg/cv
Peso/torque: 59,7 kg/kgfm
Câmbio: automático, 9 marchas
Tração: 4x4 com bloqueio de diferencial e reduzida
0 a 100 km/h (G/E): 9,9/9,7 segundos
Velocidade máxima: Não informado 

Dados técnicos: direção elétrica / suspensão dianteira: McPherson com rodas independentes, braços oscilantes inferiores com geometria triangular, barra estabilizadora e molas helicoidais/ suspensão traseira: McPherson com rodas independentes, links transversais/laterais, barra estabilizadora com molas helicoidais / Freios dianteiros a disco ventilados e traseiros a disco sólido / Diâmetro de giro: não informado / vão livre do solo: 216 mm, ângulo de ataque: 30°; ângulo central: 22°; ângulo de saída: 32° / peso em ordem de marcha: 1.643 kg / carga útil: 400 kg.

Espaço e convivência 

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Na reestilização de 2022, o Renegade ganhou pequenas mudanças no interior. Uma das principais é o novo cluster de instrumentos com sete polegadas e bom nível de informações, que torna possível acompanhar o gasto desde o abastecimento, detalhes das funcionalidades do carro, como temperatura do óleo, e muitas outras coisas. 

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Na versão topo de linha, o Renegade tem ainda carregador por indução e central de 8,3 polegadas com Apple CarPlay e Android Auto sem fio. A multimídia funciona bem e os comandos estão próximos ao motorista, o que ajuda na ergonomia. 

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Há um ponto negativo nesse sentido, mas que é sentido desde 2018, quando o Renegade passou pela primeira reestilização. Os comandos do ar-condicionado involuíram, já que antes os botões físicos cumpriam todas as funções e, agora, mesmo estando lá, não têm mais a função de sincronizar as duas zonas do ar, sendo essas alterações feitas apenas na tela da central. 

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Já em termos de espaço, nada mudou desde o lançamento do Renegade. O espaço é no máximo suficiente e não leva cinco adultos com conforto. O porta-malas leva apenas 314 litros, menos que os 385 declarados para a versão 4x2 por causa do estepe maior. 

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Outro ponto que não mudou, mas merece elogios é o acabamento. Com materiais macios ao toque e tudo em seu devido lugar, o SUV se destaca nesse sentido dentro de seu segmento. 

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Confira os principais equipamentos do Jeep Renegade Trailhawk 2023:

· 7 Airbags
· Controle de estabilidade e tração
· Freio de estacionamento eletrônico
· Jeep Traction Control
· Modo Sport
· Câmera de ré
· Faróis Full LED
· Frenagem autônoma de emergência
· Alerta e assistente de mudança de faixa
· Detector de fadiga
· Reconhecimento de placas
· Piloto automático
· Limitador de velocidade ajustável
· 3 Conectores USB (Sendo um do tipo C)
· Start-Stop
· Borboletas para troca de marcha atrás do volante
· Sistema multimídia de 8,4 polegadas com Android Auto e Apple CarPlay sem fio
· Faróis de neblina em LED
· Bancos em couro
· Quadro de instrumentos Full Digital com tela de 7”
· Ar-condicionado digital de duas zonas
· Carregador de celular sem fio
· Sensor de estacionamento traseiro
· Câmbio automático de 9 velocidades
· Tração 4x4 com bloqueio eletrônico de diferencial
· Seletor de terreno com 5 configurações
· Modo 4x4 Low
· Controle eletrônico de descida
· Sensor crepuscular e de chuva
· Revestimento interior do teto em preto
· Abertura/fechamento e partida do motor sem chave
· Rodas de 17 com pneus de uso misto
· Comutação automática do farol alto
· Assistente de estacionamento
· Detector de tráfego traseiro
· Monitor de veículos no ponto cego
· Retrovisor interno eletrocrômico
· Suspensão elevada e selo Trail Rated
· Cabine com forrações com costura vermelha
· Acabamento dos altos falantes e saídas de ar-condicionado em vermelho
· Ângulo de 30° de ataque, 22° de rampa e 32° de saída
· Proteções off-road 

Ficha técnica completa do Jeep Renegade Trailhawk 2023 aqui

Vale a pena comprar o Jeep Renegade Trailhawk?

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O Jeep Renegade Trailhawk só faz sentido se você for percorrer diversas trilhas, já que é preparado justamente para isso. Caso se importe com o nível de equipamentos, sugerimos a versão Série S, que custa o mesmo, mas entrega um visual menos chamativo e mais elegante.

É bem difícil justificar os R$ 183 mil do Trailhawk completo, ainda mais que dentro da própria Jeep você leva o recém-relançado Compass Sport.[RBE2]  É bem verdade que perderá a tração nas quatro rodas e itens de auxílio ao condutor, mas ganhará espaço e refinamento, e terá nível parecido em equipamentos de conforto. 

SUV é um dos únicos com tração nas quatro rodas entre os compactos, mas preço e consumo elevados afastam o consumidor

Todavia, o que faz falta mesmo é uma versão Limited com 4x2, possivelmente com uma pequena redução de preços em relação ao Série S. Claro que as vendas dos 4x4 se tornariam, novamente, desinteressantes, mas talvez o volume geral do Renegade cresça. 

O Renegade 4x4 ataca um nicho muito específico do mercado, tendo apenas a concorrência do Suzuki Jimny, que é menor, menos equipado e refinado. E é exatamente isso que torna sua existência compreensiva, ainda mais com o crescimento das vendas. 


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