VW deve fabricar Tiguan chinês no Brasil contra Jeep Compass e Haval H6

SUV compacto-médio deve ser um dos dois novos produtos para a fábrica da Anchieta
Renan Bandeira
Por
18.03.2024 às 18:10
SUV compacto-médio deve ser um dos dois novos produtos para a fábrica da Anchieta

A Volkswagen deve fabricar o Tiguan chinês no Brasil como parte do investimento de R$ 9 bilhões anunciados no mês passado. Assim, a marca terá um rival à altura de Jeep Compass e GWM Haval H6, com preços mais competitivos, além de buscar por uma representatividade maior nessa categoria.

O novo investimento da marca alemã será válido entre 2026 e 2028 e entregará quatro carros inéditos, um novo motor e uma plataforma compatível com modelos híbridos. Ele é complementar ao de R$ 7 bilhões válido entre 2022 e 2026. Juntos, os aportes somam R$ 16 bilhões e a VW terá ao todo 16 lançamentos com o montante.

A Mobiauto já falou sobre os produtos que devem nascerdesses bilhões de reais - e conta mais detalhes no fim deste artigo. A bola da vez é o Tiguan chinês, vendido no país asiático como Tayron. A Volkswagen anunciou no ano passado que a segunda geração do SUV intermediário será um produto global, e é por isso que ele deve chegar aqui.

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Isso quer dizer que a fabricante alemã venderá o produto em todos os mercados do mundo em que vê com bons olhos o segmento de SUVs compactos-médios e médios. Na América do Norte e na Europa o Tayron será chamado de Tiguan, que é um nome bem forte por causa do bom tempo em que é usada essa nomenclatura para utilitários desse porte e segmento. O nome original deve ficar apenas para novos mercados e para a China.

O fato de ser um produto global coloca o Tiguan chinês no caminho do Brasil. Nosso mercado está aquecido com os SUVs, prova disso é que eles representaram 45,5% dos emplacamentos aqui ano passado - principalmente considerando modelos de porte intermediário e médio, na faixa de preço entre R$ 200 mil e R$ 300 mil – onde um produto desse tipo se encaixaria.

Atualmente a Volkswagen tem o Taos e o Tiguan no mercado nacional. O primeiro deles nunca emplacou o suficiente para incomodar Jeep Compass, embora seja um produto interessante e de boas características familiares. Já o segundo voltou a ser vendido no Brasil no ano passado com preço elevado e visual atrasado frente ao mercado europeu e americano.

O Tayron pode chegar ao Brasil para matar dois coelhos em uma cajadada só. Afinal, tem força para ser substituto de Volkswagen Taos e Tiguan de uma vez, principalmente por oferecer opções de cinco e sete assentos. Tendo a de cinco lugares, com opções de visual cupê, como se fosse um irmão maior do VW Nivus, ou normal. E a sete lugares é basicamente o Tiguan como já conhecemos.

Peças no forno

O que mais esquenta a possibilidade do inédito SUV chegar ao nosso mercado é que fontes próximas à marca revelaram à Mobiauto que peças do Tayron já foram encomendadas pela Volkswagen do Brasil. Os itens podem ter vindo para cá para estudo de engenharia, e isso é o principal indício de que o Tiguan chinês será um dos dois produtos que serão fabricados nas instalações da Anchieta, em São Bernardo do Campo (SP).

Na verdade, ele pode ser base para os dois produtos. Afinal, tem configurações de cinco assentos com visual de SUV cupê e convencional, bem como a de sete lugares com linhas mais comuns, como contamos mais acima.

A pedida pelas peças do VW Tayron casa também com um início de projeto dos dois modelos da fábrica do ABC paulista. Afinal, esses produtos são esperados para o fim do ciclo de investimento aqui, entre 2027 e 2028, e o processo de construção de um novo veículo leva em média três ou quatro anos, o que leva a gente para 2024 e 2025 – vejam só.

Além disso, é um produto que se encaixa na nova plataforma preterida pela marca e na motorização também. Quanto a arquitetura, a Volkswagen fala sobre MQB Hybrid. Vale lembrar que a MQB é uma estrutura modular já aplicada em todos os veículos - exceto a VW Saveiro -, e a vertente Hybrid será uma evolução daquilo que vemos atualmente nos veículos, tendo compatibilidade com usinas híbridas, sistema ADAS mais avançado, arquitetura eletrônica renovada e com capacidade para receber alta voltagem, além de uma estrutura que permite veículos maiores.

MQB Evo, uma evolução natural

Esse último é um outro ponto que faz os dedos apontarem para o Tayron como modelo escolhido pela fabricante para o nosso mercado. Ele é um utilitário maior que todos os fabricados no Brasil pela montadora e ainda usa a plataforma MQB Evo, que é basicamente a evolução da MQB convencional – o que seria um progresso natural desta base, presente no país há alguns anos. Na prática, tal evolução na plataforma seria garantia de um melhor espaço interno.

Nesta segunda-feira (18), por exemplo, uma foto vazada do Tiguan L Pro (que é um Tayron de sete lugares) mostra mais detalhes de seu visual. Para se ter uma ideia suas dimensões são: 4.735 mm de comprimento, 1.859 mm de largura, 1.682 mm de altura e 2.791 mm de entre-eixos. As medidas, claro, são bem parecidas com a do Tiguan vendido atualmente no mercado brasileiro.

No entanto, são bem maiores que os produtos fabricados no Brasil pela Volkswagen, o que casa com a ideia de um produto maior, exatamente o que a plataforma promete. Um T-Cross, por exemplo, mede 4.199 mm de comprimento, 1.568 mm de altura, 1.760 mm de largura e 2.650 mm de entre-eixos. Vale lembrar que VW Taos, Amarok e Tiguan não são produzidos no país e que o T-Cross é o maior produto da Volkswagen construído no Brasil.

Além disso, o Tayron é um dos produtos da VW preparados para receber motor 1.5 TSI e tecnologia híbrida que estão prometidos para o Brasil nesse ciclo de investimentos. Embora a fabricante ainda não tenha revelado qual será o novo propulsor fabricado em São Carlos (SP), o sindicado local entregou que se trata de um 1.5 Evo2, que é a evolução do 1.5 TSI vendido em outros mercados e que nunca chegou por aqui, que por sua vez também é uma evolução do atual 1.4 TSI.

É um motor que entrega 150 cavalos de potência e 25,5 kgfm de torque com gasolina, como o 250 TSI de T-Cross e Taos. No entanto, é um propulsor mais novo e compatível com sistema elétrico para formatação de um carro híbrido.

Para se ter uma ideia, esse motor trabalha em ciclo Miller, com o fechamento antecipado das válvulas de entrada para poupar combustível. Mantém o turbo de geometria variável e tem sistema eletrônico de gerenciamento dos cilindros com o ACTPlus. O retrabalho do motor EA211 deixou a usina 21 quilos mais leve.

Além disso, sua compatibilidade com motor elétrico pode fazer o 1.5 TSI render até 272 cavalos de potência, formando assim um híbrido plug-in. Nada mal para um SUV desse porte que vai brigar com Jeep Compass e Jeep Commander com motor Hurricane 4 de mais de 270 cavalos, além dos chineses GWM Haval H6 e BYD Song Plus.

A tecnologia híbrida PHEV oferecerá ainda uma bateria de 19,7 kWh para rodar até 100 km com uma carga em modo somente elétrico. Além disso, será gerenciada por uma transmissão DSG com seis marchas.

Essa solução substituirá o atual 1.4 TSI que, de acordo com o próprio Sindicato, está com os dias contados por causa das novas regras de emissão do PL8, que entrarão em vigor a partir de 2025. O 1.5 TSI Evo2 é compatível com o nível Euro 7, que facilmente passa pelos parâmetros do PL8.

Mais lançamentos

Dentro dos produtos prometidos pela Volkswagen, o primeiro a aparecer no mercado é um SUV pequeno, que ficará posicionado abaixo do VW Nivus e do VW T-Cross. Sua meta será rivalizar com Fiat Pulse e Renault Kardian no mercado.

Claro que a motorização será turbo, mas o 1.0 TSI deve render mesma potência e torque que os novos Polo 170 TSI – que é a tal calibração do Up!. Isso aconteceu na Índia com um Skoda, que é o irmão tcheco do SUV compacto nacional, e a Volkswagen deve seguir os mesmos passos no Brasil. O nome VW Gol foi aventado para o produto, mas ainda não se sabe como vai se chamar.

Da espinha desse SUV, nascerá uma picape rival de Chevrolet Montana e Fiat Toro. Internamente é tratada como Udara, VW247 e Tarok – nome que surgiu no Salão do Automóvel de São Paulo com um conceito de picape intermediária que nunca saiu do papel. A assinatura Tarok é a mais cotada para o veículo.

Projeção: Kleber Silva/@KdesignAG

O SUV compacto será produzido em Taubaté (SP), enquanto a picape será construída em São José dos Pinhais (PR). Já o Tayron é o mais cotado para ser um dos modelos da fábrica de São Bernardo do Campo (SP). A Volkswagen prometeu quatro produtos inéditos com o investimento de R$ 9 bilhões, e este deve nascer do Tiguan chinês.

A aplicação de dois modelos gêmeos em uma linha de montagem reduz custos de produção e ajuda na precificação final dos produtos. Um exemplo disso são os Jeep Compass e Commander, produzidos em Goiana (PE). Com isso, o Tayron pode ter desde configuração de cinco a sete assentos aqui, que já contabilizariam dois novos produtos, ou até mesmo um SUV cupê.

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