Próxima norma de emissões vai obrigar carros a serem híbridos no Brasil

Achou a sétima fase do Proconve rigorosa? Pois a oitava tornará compensação de poluentes ainda mais rígida e deve alavancar eletrificação no país
Renan Bandeira
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09.02.2022 às 09:00 • Atualizado em 25.02.2022
Achou a sétima fase do Proconve rigorosa? Pois a oitava tornará compensação de poluentes ainda mais rígida e deve alavancar eletrificação no país

A sétima fase do Proconve (Programa de Controle de Emissões Veiculares) chacoalhou o mercado nacional. Cobrando novos limites de emissões de poluentes a partir de janeiro deste ano, o programa fez cerca de 60 carros e 15 motores saírem de linha no ano passado, como a Mobiauto já contou neste outro artigo.

Nos próximos anos, essas regras ficarão ainda mais rigorosas. Para se enquadrar no que pede a oitava fase do programa, prevista para entrar em vigor em 2025, as marcas terão de ter ainda mais jogo de cintura.

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Primeira fase do Proconve L8

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O Proconve L8 será dividido em três etapas: uma prevista para 2025, outra para 27 e uma última para 29. Em todas elas, o governo cobrará que as fabricantes tenham “novos limites máximos de emissão de poluentes de forma corporativa”, e não de maneira individual por modelo. 

Para entender melhor o que isso significa, conversamos com a diretora da área de emissões da AEA (Associação Brasileira de Engenharia Automotiva), Raquel Mizoe. 

Na sétima fase, qualquer carro de passeio vendido no Brasil - desde um Renault Kwid até um Jeep Commander - precisa cumprir o mesmo teto de emissões - 80 mg/km de Nmog + Nox no caso de carros de passeio; 140 mg/km para comerciais leves flex, como picapes, vans e furgões; 320 mg/km para utilitários a diesel.

Nmog, vale lembrar, é uma sigla que, traduzida do inglês, significa “gases orgânicos não metanos”. Já Nox são óxidos de nitrogênio.

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Já o L8 exigirá, em 2025, uma média geral por categoria de 50 mg/km para automóveis e 140 mg/km para comerciais leves flex e diesel. 

Ou seja, as metas serão cobradas com base em uma média de todos os automóveis ou comerciais leves flex de uma mesma marca, não mais de forma individual por modelo. Se uma marca tiver quatro automóveis em catálogo, é a média de emissões dos quatro que deve bater a meta, não todos eles individualmente.

“A conta é simples: a cada veículo que emite 80 mg/km [de Nmog + Nox] comercializado, a marca terá de oferecer outro com 20 mg/km para compensar”, esclareceu a diretora da AEA. Ou, caso venda um com média de 70 mg/km, poderá compensar com outros dois que emitem 40 mg/km.

Assim, a contagem corporativa tornará mais flexível e branda a vida das montadoras, pois dará liberdade para manter em linha carros que extrapolam a meta exigida pelo Proconve L8, desde que o portfólio contenha outros modelos mais eficientes para compensar - e com bons volumes de vendas.

Afinal, a resolução do Conama diz que "o atendimento ao limite de emissão corporativa será verificado pelo cálculo da média anual dos níveis de todos os veículos, ponderada pelas respectivas quantidades anuais de veículos emplacados em cada nível."

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Cerco começa a se fechar em 2027

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É a partir de 2027, porém, na segunda etapa do Proconve L8, que podemos considerar que os carros com motores a combustão convencionais, sem auxílio de algum sistema híbrido, começam a ficar com os dias contados no Brasil.

Naquele momento, a média corporativa por marca, para carros de passeio, passará a 40 mg/km de Nmog + Nox. O número cairá para 30 mg/km, nas mesmas condições de cálculo, na terceira etapa, em 2029 - este último ainda está passível de revisão, a depender do sucesso das fases anteriores.

Segundo a diretora da AEA, a aplicação de tecnologias inerentes aos motores a combustão, como turbo ou injeção direta de combustível, ajudará a enquadrar automóveis nos parâmetros de 2025, mas já não serão suficientes para os índices a serem exigidos nas duas etapas posteriores.

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Assim, para manter em linha veículos só a combustão, mais antigos, simples e baratos, as fabricantes precisarão compensar o catálogo com outros produtos híbridos e elétricos. “Com os limites mais restritivos, as empresas já devem começar a se mexer pela eletrificação”, previu a especialista.

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É por isso que, por exemplo, a Toyota planeja ter pelo menos uma versão híbrida em todos os seus produtos vendidos no Brasil até 2025, desde o vindouro SUV compacto Yaris Cross (híbrido flex, assim como a dupla Corolla e Corolla Cross) à picape Hilux e o SUV grande de sete lugares SW4, que serão híbridos a diesel.

A Volkswagen já desenvolve o seu próprio motor híbrido flex e promete aplicá-lo em pelo menos seis modelos até 2026. A Stellantis também já trabalha para produzir carros híbridos e até 100% elétricos no país, de acordo com os amigos do Autos Segredos.

Questionada sobre quando ou se as leis de emissão obrigarão todos os carros a serem híbridos, Mizoe explica que a resposta “ainda é algo muito geral, incerta e depende do planejamento e portfólio de cada empresa.”

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