Fiat, Chery, Ferrari: como Pininfarina mudou design até dos carros populares

Conhecido por assinar modelos da Ferrari, Pininfarina também dirigiu projetos de marcas populares.
Camila Torres
Por
01.07.2021 às 11:08
Conhecido por assinar modelos da Ferrari, Pininfarina também dirigiu projetos de marcas populares.

Em julho comemora-se entre outras datas o dia do Arquiteto. Coincidentemente, mesmo mês em que Sergio Pininfarina, criador da empresa que leva seu sobrenome e se tornou um ícone em design automotivo e também da arquitetura, disse adeus a este mundo e é lembrado com ar saudoso desde 2012. 

Datas como essas precisam ser lembradas de alguma forma, por isso listamos cinco modelos assinados pelo designer que mostram que seu brilhantismo não tinha limites. Não à toa, é uma das maiores inspirações do design. 

O também arquiteto teve seu ápice profissional no mundo sobre rodas. No que se trata de design automotivo, Pininfarina é uma das maiores referências, se não a maior. Ficou conhecido por assinar diversos modelos da Ferrari, como os icônicos 360 Modena, Testarossa, 575 Maranello ou os mais atuais F12 Berlinetta e 458 Italia.

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Mas não só de Ferrari vivia Pininfarina. Maseratti, Alfa Romeo e Jaguar também tiveram projetos assinados pelo estúdio. No entanto, a criatividade de Sergio já mostrava que o designer não se permitia permanecer em sua zona de conforto. 

Pininfarina se desafiou a levar seu estilo também a marcas mais populares, entre elas a igualmente italiana Fiat, a francesa Peugeot, a japonesa Mitsubishi e até a chinesa Chery.

É comum e compreensível que se dê mais destaque a projetos mais grandiosos de Pininfarina, mas outros mais acessíveis também contam bastante do seu profissionalismo e estilo. 

Os cinco modelos que selecionamos não são os mais aclamados pela crítica ou os mais lembrados pelos fãs. No entanto, esses projetos mostram uma característica essencial para qualquer profissional ou empresa: versatilidade. De Ferrari a Chery, isso é Pininfarina.

Ferrari Dino

Conhecido por assinar modelos da Ferrari, Pininfarina também dirigiu projetos de marcas populares.

O primeiro modelo da lista é uma viagem no tempo de mais de meio século. Mas seria um disparate não citá-lo. Afinal, sua história é repleta de significado. A Ferrari Dino foi o primeiro modelo da marca a substituir o aclamado motor V12 por um V6. O projeto foi desenvolvido pelo comendador Enzo Ferrari e seu único filho, Alfredo.

No entanto, o herdeiro morreu de distrofia muscular antes de ver sua obra nas ruas. Batizado de Dino, apelido do filho, o modelo chegou às pistas em 1966. Mas foi no ano seguinte que ele ganharia seu traje de galã assinado por Sergio Pininfarina: a versão 206 GT.

No entanto, o que mais brilhava na carroceria cheia de curvas não era o cavalinho rampante da Ferrari ou a assinatura do estúdio de design, mas o nome Dino grafado na lateral da carroceria e no centro do volante. 

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Fiat Coupé

Conhecido por assinar modelos da Ferrari, Pininfarina também dirigiu projetos de marcas populares.

O estúdio Pininfarina não assinava apenas o design de carros de marcas de luxo, como Ferrari, Maserati e Alfa Romeo, mas também fez parcerias promissoras com marcas de carro mais acessíveis, como Fiat, Peugeot e Mitsubishi. 

O Fiat Coupé foi a encarnação de um sonho para muitos europeus aficionados pelo design de modelos que eram inacessíveis para a maioria deles. Em 1993, os olhos desses admiradores de marcas de luxo se voltaram para o pequeno cupê apresentado pela fabricante italiana no Salão de Bruxelas (Bélgica).

Curiosamente, o Fiat Coupé foi construído sobre a plataforma do hatch Tipo, bem conhecido dos brasileiros. A marca não foi tão criativa com o nome como foi ao esculpir cada linha do modelo. Um design requintado, sensual e com excelentes referências. 

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Apesar de ser uma marca popular, quem assinava o design era o mesmo estúdio que deu corpo e alma para modelos da Ferrari. Foi uma das decisões mais assertivas da Fiat na época, já que suas vendas estavam em queda, mesmo com modelos como Uno, Panda e Tipo na vitrine. 

Só que a marca não tinha nada similar ao Coupé em sua gama. Os vincos laterais traziam claramente a audácia dos italianos na estética. A caída acentuada do capô, os faróis, as lanternas e a grade dianteira revelavam um estilo já conhecido, mas de uma forma muito singular.

O modelo tinha ainda mais um trunfo, a versão 2.0 turbo cinco-cilindros 20V de 220 cv. Eram necessários 6 segundos para levar o velocímetro de 0 a 100 km/h, e a velocidade chegava a até 240 km/h. Não é um superesportivo, mas tinha o suficiente para aguçar a imaginação de quem o guiasse.

Mitsubishi Pajero Pinin

Conhecido por assinar modelos da Ferrari, Pininfarina também dirigiu projetos de marcas populares.

“Um carro japonês com estilo italiano”. Um belíssimo slogan, não é mesmo? Estamos falando de 1999, mas ainda hoje seria uma frase de efeito e tanto, considerando o quanto os carros japoneses são reconhecidos pela segurança e qualidade das peças, enquanto os italianos o são pelo design singular, de linhas fluidas e sofisticadas. 

O Pinin foi baseado no Pajero IO, lançado em 1998. Um utilitário esportivo pequeno com versões de três e cinco portas. 

A ideia da Mitsubishi, ao contratar o estúdio Pininfarina para assinar o design de um dos seus mais importantes modelos, era capturar a alma do consumidor europeu, aproveitando que o segmento de utilitários esportivos estava em ascensão por lá. 

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A carroceria em dois tons era um dos diferenciais do modelo. Esse tipo de combinação voltou a ser tendência nos últimos anos, especialmente nas versões topo de linha de alguns SUVs. Por dentro, o que mais chamava atenção era o estofado italiano e o emblema Pininfarina no painel.

No ano 2000, a versão de cinco portas do modelo também era assinada pelo estúdio do arquiteto Sergio. Por baixo do capô estava um motor GDI 1.8 de 130 cv e 18,5 kgfm. 

O Pinin contava, ainda, com tração nas quatro rodas do tipo SS4-i viscoso, um pouco mais leve que a tração tradicional Super Select 4WD. Falando de números, a meta de produção para o mercado europeu era de 11 mil unidades em 1999 e saltava para 35 mil em 2000.

Chery Cielo

Conhecido por assinar modelos da Ferrari, Pininfarina também dirigiu projetos de marcas populares.

O estúdio Pininfarina, conhecido por sua criatividade ilimitada e por transformar carros em obras de arte, nunca permitiu que um limite geográfico o impedisse de se desafiar em um novo projeto.

Conhecido pelos trabalhar de cair o queixo de modelos da Ferrari, Pininfarina também teve sua assinatura no Chery Cielo. E olha que muitos torcem o nariz por ser um carro chinês. Em termos estéticos, o modelo tinha um DNA muito mais europeu que asiático. 

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O Cielo trazia a assinatura do renomado estúdio de design, mas pecava absurdamente na tentativa de popularizar o preço, optando por materiais de baixa qualidade. O que parecia uma virada de chave para a marca se converteu em um carro morrendo na subida.

Esse foi um dos últimos trabalhos do estúdio Pininfarina antes da morte de Sergio. O modelo foi lançado em 2008 na China, nas carrocerias hatch e sedan. Desembarcou no Brasil em 2010, mas disse um adeus precoce dois anos depois. 

O Cielo, infelizmente, reforçou a má fama que carros chineses lutam até hoje para desconstruir, e mostrou que mesmo a melhor embalagem não é o suficiente para tornar um produto um sucesso se o conteúdo não for bom. Nunca o ditado “por fora, bela viola, por dentro, pão bolorento” fez tanto sentido...

Ferrari Sergio

Conhecido por assinar modelos da Ferrari, Pininfarina também dirigiu projetos de marcas populares.

Não poderíamos fechar nossa lista se não com o icônico modelo Ferrari Sergio. Depois de décadas assinando o design de superesportivos icônicos da marca, Sergio Pininfarina ganharia um modelo em sua homenagem, assim como Dino, cuja história já contamos acima. 

Assim como o filho de Enzo Ferrari, Sergio se foi antes ver o modelo que levava seu nome pelas ruas. Também seria difícil encontrar algum na rua: para simbolizar a raridade de quem inspirou a criação do modelo, apenas seis Ferrari Sergio foram produzidas. 

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O modelo foi lançado em 2014, dois anos depois da morte do designer, e era bem diferente do conceito apresentado no ano anterior no Salão de Genebra (Suíça), que não tinha para-brisa e contava com portas que se abriam ao estilo tesoura e três saídas de escapamento posicionadas como se fossem uma só no centro do difusor traseiro. 

Ainda assim, a versão de produção chamava a atenção pela ousadia dos faróis, proporções das curvas da carroceria e a esportividade que exalava em cada detalhe. Um carro com design característico da Ferrari, mas com alma de Pininfarina.

A marca atravessou décadas sem perder sua essência. Com estética ousada, criativa, cheia de sensualidade e curvas, força e singularidade, os conhecedores da marca ainda conseguem enxergar muito das Ferrari de décadas atrás, mas de uma forma atual, mostrando que o design da marca italiana puro sangue não se perdeu no tempo. Pelo contrário: se encontrou nele.


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