Chevrolet Onix de primeira geração sai de linha no Brasil após 9 anos

Agora conhecido como Joy, hatch deixa mercado na virada do ano e leva junto o sedan Joy Plus, mas segue sendo produzido para exportação
Camila Torres
Por
29.12.2021 às 18:33
Agora conhecido como Joy, hatch deixa mercado na virada do ano e leva junto o sedan Joy Plus, mas segue sendo produzido para exportação

Com Leonardo Felix

“Já deu tudo que tinha que dar”. Não há ditado mais propício para o fim do Chevrolet Joy e Joy Plus do que este. Depois de revolucionar o segmento de carros populares, o Onix de primeira geração sai de linha discretamente às vésperas do ano novo, sem fogos ou sem palavras tocantes na despedida.

O fim do Chevrolet Joy, um modelo que marcou a glória da marca no Brasil nos últimos anos, não teve nada de glorioso: vendas pífias nos últimos tempos e motor em desacordo com as novas regras de emissão que entram em vigor no país em 2022, o Proconve L7. 

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Sem interesse em atualizar os sistemas de alimentação e escape de Joy e Joy Plus, o que poderia deixá-los em conformidade com os novos parâmetros de emissões, ou mesmo o propulsor 1.0 SPE/4, um quatro-cilindros 8V, a fabricante optou por tirar a dupla de linha.

Assim, concentrará todos os esforços de venda no Brasil na segunda geração do Onix e no sedan Onix Plus, substituto do antigo Prisma (atual Joy Plus). Os veteranos seguirão sendo produzidos em São Caetano do Sul (SP) para exportação, visto que outros países, como a Argentina, não têm regras de eficiência energética tão rigorosas.

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Preços altos

Agora conhecido como Joy, hatch deixa mercado na virada do ano e leva junto o sedan Joy Plus, mas segue sendo produzido para exportação

Na tabela de dezembro divulgada pela Chevrolet, os novos Onix e Onix Plus apareciam sendo ofertados a partir de R$ 71.390 e R$ 77.780 respectivamente. Já o Joy era oferecido por R$ 65.890 e o Joy Plus, por R$ 77.780. 

Por uma diferença de aproximadamente R$ 7.000, os consumidores em maioria vinham preferindo levar para casa o modelo de roupa nova.

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Motor fora das regras

Agora conhecido como Joy, hatch deixa mercado na virada do ano e leva junto o sedan Joy Plus, mas segue sendo produzido para exportação

Mesmo com a segunda geração do Onix lançada em 2019, a Chevrolet não quis dizer adeus de vez para a primeira carroceria do modelo, que na época era um sucesso absoluto. Por isso, resolveu rebatizar o hatch para Joy e o sedan, até então vendido como Prisma, para Joy Plus, e continuar com eles no portfólio.

No entanto, os valores relativamente altos cobrados por dois modelos ultrapassados, enquanto seus sucessores hatch e sedan se mostravam opções bem mais atraentes de compra, tornaram a sobrevivência dos irmãos Joy muito difícil. 

O difícil virou impossível com as novas regras de emissão que entram em vigor em 2022. Claramente, este último é o principal motivo para a marca ter desistido do modelo, apesar da GM não dizer isso abertamente ao público: 

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“Desde o lançamento do Novo Onix e Onix Plus, a empresa vem registrando uma intensa migração dos consumidores para versões mais tecnológicas e equipadas destes modelos. Com isso, a produção da linha Joy na fábrica de São Caetano do Sul passa a ser destinada exclusivamente para exportação”, afirmou a Chevrolet em nota.

O Chevrolet Joy e Joy Plus são equipados com o motor 1.0 SPE/4 (quatro-cilindros 8V) de 78 cv de potência e 9,5 kgfm de torque com gasolina (única especificação que seguirá existindo), casado ao câmbio manual de seis marchas. 

Já a nova geração do Onix conta com uma família de motores mais moderna. Ambos também são 1.0, porém com três cilindros e 12 válvulas cada. A configuração naturalmente aspirada flex rende 78/82 cv e 9,6/10,6 kgfm (G/E). Já a turboflex, apesar de não ter injeção direta, alcança 116/116 cv (E/G) e 16,3/16,8 kgfm.

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O legado do Onix de primeira geração

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A primeira geração do Chevrolet Onix chegou ao Brasil em outubro de 2012, tendo sido lançada para substituir, numa cajadada só, a segunda geração do Corsa, o compacto de entrada Celta e, posteriormente, o compacto premium Agile.

Desenvolvido a partir da plataforma Gamma, criada em conjunto com a sul-coreana Daewoo, trazia como trunfo o visual “bolinha”, cheio de vértices arredondados, que logo caiu no gosto do consumidor brasileiro.

Também foi responsável por ser o primeiro compacto no Brasil dotado de uma central multimídia, o famoso sistema MyLink, com tela de 7 polegadas sensível ao toque. Ele permitia ouvir música do celular via Bluetooth e até carregar mapas de navegador GPS, funções deveras inovadoras para a época.

Sua outra grande sacada foi contar com um câmbio automático de seis marchas nas versões de topo, o mesmo que equipa até hoje praticamente todos os modelos da GM comercializados no Brasil. Isso apesar de usar motores já envelhecidos no mercado, o 1.0 e o 1.4 8V de quatro cilindros, rebatizados àquela altura como família SPE/4.

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Voltando a falar do câmbio automático, de fornecimento da própria GM, era uma caixa muito mais moderna e confortável do que as horripilantes automatizadas de embreagem única da concorrência, e mais vantajosa do que a automática de quatro marchas do rival Hyundai HB20.

Com esse pacote, no fim de 2014 o Onix assumiu o posto de carro mais vendido do Brasil. E assim seguiu sem qualquer ameaça até julho de 2016, quando a Chevrolet lançou uma reestilização de meia vida para a primeira geração.

Novos faróis e lanternas com luzes de posição em LED, grade mais ampla e uma faceta mais “malvada” marcaram as novidades estéticas. Na lista de versões, destaque para a aventureira Activ, que chegou para ocupar o topo da gama e rivalizar com o Hyundai HB20X.

Os motores seguiram os veteranos 1.0 e 1.4 8V, porém com mudanças para ficarem bem mais eficientes. Nas configurações manuais, o câmbio ganhou uma sexta marcha, que atuava como overdrive e permitia uma condução surpreendentemente até 20% mais econômica a velocidades de cruzeiro.

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Velhos vícios continuaram presentes, como o acabamento simples, os bancos pouco ergonômicos, o espaço interno limitado e a suspensão traseira seca. Porém, as qualidades falavam mais alto e o Onix manteve o embalo de vendas tanto na carroceria hatch quanto seu irmão Prisma, então o sedan mais popular do país.

Os velhos Onix e Prisma pré-facelift continuaram em linha como Onix Joy e Prisma Joy, dotados apenas de motor 1.0 8V e câmbio manual, e com apelo nas vendas para frotas. Foi essa a mesma tática mantida na troca de geração, em 2019, quando o hatchback trocou de plataforma e o sedan teve seu nome mudado para Onix Plus.

Para o mercado, a GM passou a chamar os velhos Onix e Prisma de Joy e Joy Plus, embora no documento oficial os veículos mantivessem a alcunha Onix Joy e Onix Plus Joy. Era uma forma de manter os dados de emplacamentos somados entre todos. A diferença é que, agora, a linha Joy contava com o visual pós-reestilização da geração I.

De qualquer forma, os novos Onix e Onix Plus dominaram o mercado de tal forma que Joy e Joy Plus se tornaram meros e dispensáveis coadjuvantes. Com a vinda do Proconve L7, investir em atualizar o velho propulsor 1.0 8V e todo o sistema de combustível e escape dos veteranos não valia mais a pena.

Assim, os outrora venerados Onix e Prisma, que depois viraram Onix Joy e Prisma Joy, e, mais recentemente, se tornaram Joy e Joy Plus, poderão gozar da merecida aposentadoria após nove anos de bons serviços prestados à GM. 

Imagens: Divulgação

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